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Irmão Lourenço Ragagnin (1909-1996)

O Irmão Lourenço Ragagnin nasceu em Novo Treviso, município de Faxinal do Soturno, no dia 14 de maio de 1909. Estudou no Colégio das Irmãs do Coração de Maria e, em 1923, ingressou no Seminário de Vale Vêneto. No ano seguinte, foi a São Leopoldo para cursar o ginásio e, em 1926, transferiu-se para Santa Maria, onde estudou no recém-inaugurado Seminário São José.
Em março de 1929, fez sua vestimenta religiosa como candidato a Irmão leigo, iniciando o Noviciado. Durante esse período, começou a lecionar e foi encarregado da disciplina junto aos seminaristas. Entre 1932 e 1933, atuou no Ginásio Cristo Redentor, em Cruz Alta, como auxiliar na educação. Retornou a Vale Vêneto nos anos de 1934 e 1935 e, em 1936, foi chamado para o Patronato, em Santa Maria, onde ajudou nas aulas, na disciplina e na tipografia. Em 1939, voltou a Vale Vêneto para auxiliar na formação dos seminaristas e dirigir os trabalhos na chácara. Em 1942, regressou ao Patronato, onde permaneceu até sua morte.
Homem de oração, trabalho e dedicado aos meninos carentes, foi carinhosamente chamado pelo Pe. Alderige Baggio de "a alma do Patronato". Apesar de viver e trabalhar no Patronato Agrícola Antônio Alves Ramos, uma comunidade que abriga cerca de 1.200 pessoas diariamente, muitos desconhecem sua história e legado.
Nascido no município de Faxinal do Soturno, viveu quase toda a sua vida em Santa Maria. Em 1926, junto com Mons. Floriano Cordenonsi, fez parte da primeira turma de alunos do Seminário São José. No entanto, desistiu de estudar para o sacerdócio e professou como Irmão leigo palotino em 1929. Em 1933, transferiu-se para Cruz Alta para cuidar da disciplina no Ginásio Cristo Redentor, onde teve entre seus alunos descendentes de antigos caudilhos da Serra. Seu método firme, mas educativo, logo fez com que esses jovens aprendessem valores como estudo, desporto leal e disciplina, rendendo-lhe o título de "Domador de Cruz Alta".
De 1936 a 1941, atuou tanto no Seminário de Vale Vêneto quanto no Patronato, conforme a necessidade. Mas foi nos 45 anos ininterruptos, de 1942 até sua morte, que ele se consolidou como "a alma do Patronato", dedicando-se aos filhos dos pobres e transformando jovens desamparados em operários qualificados e cidadãos do Reino de Deus.
Dono de uma estrutura física ágil e robusta, destacava-se como desportista e usava sua habilidade no futebol para conquistar a juventude. Sua líderança era essencial para manter a disciplina no Patronato, que recebia jovens vindos das ruas e da violência. Seu caráter firme, mas justo, conquistava o respeito de todos, inclusive dos mais rebeldes.
Durante décadas de dificuldades econômicas no Patronato, sua criatividade e dedicação foram fundamentais. Liderava os alunos no cultivo de alimentos e na criação de animais, garantindo sustento e educando-os para o trabalho. Além disso, incentivava o cultivo de flores para ornamentar o altar da Virgem e desenvolver o senso estético dos jovens.
Profundamente espiritual, atribuía à graça divina um papel fundamental na educação e liderança juvenil. Sua devoção à Mãe de Deus era simples e filial. Para ele, todos os alunos do Patronato eram filhos adotivos de Maria, resgatados das ruas e das coxilhas.
Faleceu no dia 21 de março, às 21h30min, no Patronato Agrícola Antônio Alves Ramos, em Santa Maria, após dois meses de enfermidade e dez dias de internação no Hospital Universitário. Partiu serenamente, aos 76 anos, como se estivesse se afastando de sua gente para se aproximar de Deus.
Seu legado permanece vivo em cada ex-aluno, entre agricultores, operários, professores, religiosos, políticos e líderes comunitários que ele ajudou a formar. O encontro definitivo com Deus o aguarda, e estamos certos de que aqueles que fizeram parte de sua história não faltarão ao compromisso de manter viva sua memória e exemplo de vida.
Por Pe. Alderige Baggio, SAC