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Padre Eduardo José Dagiós (1926-1990)

A manhã do dia 23 de fevereiro de 1990 nos trouxe essa dolorosa realidade: o Pe. Eduardo foi encontrado morto ao lado da cama, vestido como no momento em que na véspera se despedira dos confrades. Naquele mesmo dia foi sepultado no cemitério de Palotina, com a presença de muitos confrades e de uma multidão incalculável de pessoas, numa demonstração do amor e da gratidão que o povo de Palotina dedicava ao seu querido pároco.
Pe. Eduardo nasceu em Novo Treviso, município de Faxinal do Soturno, no dia 11 de abril de 1926, sendo filho de Luiz e Regina Busato Dagiós. Ingressou no Seminário Menor de Vale Vêneto em 1937 e fez seus estudos de Filosofia e de Teologia no Seminário Maior Palotino, na época sediado em Polêsine. Ordenou-se sacerdote no dia 20 de dezembro de 1953 e exerceu o ministério sacerdotal nas paróquias de Nova Palma (1955-1956), N. Sra. das Dores- Santa Maria (1957-1958), Palotina e Terra Roxa (1960), Iporã (1962-1968), Coronel Vivida (1969-1970), Cruz Alta (1971-1972), Dourados (1973-1982) e Palotina (1983-1990). Em 1959 trabalhou na equipe missionária e em 1961 na promoção vocacional.
Distinguiu-se em Iporã como organizador daquela vasta paróquia, que naquela época estava em plena expansão. Em Coronel Vivida mostrou grande talento e fibra quando teve de enfrentar vultuosas dívidas ali encontradas. Falando sobre sua longa estadia em Dourados, assim se expressou Dom Teodardo Leitz, bispo dessa diocese: "Pe. Eduardo é um benemérito da Diocese de Dourados. Foi o primeiro pároco da Igreja N. Sra. de Fátima, em Dourados. Construiu, com muito empenho e sacrifício, a bela matriz e organizou a paróquia pastoralmente. Até hoje se sente isso nas numerosas comunidades de capelas que o Pe. Eduardo e seus sucessores conseguiram formar." Nas paróquias de Palotina e de Dourados, manifestou uma dedicação admirável as comunidades neo-catecumenais e à renovação carismática católica, com as quais se sentia plenamente identificado.
O desaparecimento do Pe. Eduardo nos empobrece tremendamente. Foi um amigo que partiu. Na tarde de seu sepultamento, a comunidade do Colégio Máximo, então em Vale Vêneto para um período de introdução ao ano escolar, reuniu-se para uma celebração eucarística. E nessa celebração um confrade e colega de estudos do Pe. Eduardo salientou três aspectos de sua pessoa. "O primeiro, a sua maneira simples de ser amigo. Vejo-o, agora, um pouco tímido e retraído, com medo de julgamentos e censuras, mas, talvez por isso mesmo, sua amizade era delicada e até suave. Era como se sofresse mais por magoar os outros do que ser magoado. Em nosso relacionamento chegávamos muito próximos às confidências. Segundo aspecto: o Pe. Eduardo sempre alimentou o desejo de um encontro de intimidade com Deus - Pessoa. Essa aspiração manifestava-a no seminário e como padre a levava sempre consigo. Terceiro aspecto: o desejo de uma experiência de Deus-Pessoas não ficou frustrado em sua vida. Quando o encontrei, após alguns anos que não o via, em Dourados, impressionou-me, em sua atitude e por sua confidência, que essa experiência começara a acontecer. E o sinal primeiro e forte foi esse: "Sendo eu pecador, Deus me perdoou e me ama, e por isso, há alegria e ação de graças dentro de mim." Assim que o Pe. Eduardo seguiu esse roteiro: da amizade ao desejo de plenitude e ao encontro com Aquele que enche qualquer vazio."
A vida do Pe. Eduardo é um sinal e um convite para uma adesão mais profunda a Cristo e a seu Reino.
Por Pe. Luiz Quaini, SAC