São Vicente viu a grande necessidade, em sua época, de reavivar a fé e reacender a caridade. Como resultado de sua
visão das necessidades da época, nasceu a U.A.C.

Passei a fazer parte dessa UAC quando consagrei minha vida como palotino, há cerca de 50 anos. Fui ordenado padre
em 1974, passei alguns anos nos EUA, depois um ano e meio na Irlanda, depois sete anos em San Silvestro, em Roma,
mas só comecei a trabalhar na Tanzânia em setembro de 1985. Uma grande mudança para mim foi acordar de manhã
com o canto dos pássaros quebrando o silêncio, já que estava acostumado com o barulho e a poluição dos carros
em Roma há sete anos.

Lembro-me de uma irmã irlandesa que me perguntou, cerca de um ano depois de eu ter chegado aqui, se demorei
muito para me adaptar a essa cultura tão diferente. Antes que eu pudesse responder, o padre com quem eu estava,
Pe. John Kelly, disse que levei cerca de meia hora. Acho que se dá muita importância às diferenças culturais. Sem
dúvida, há uma diferença, mas as pessoas são basicamente as mesmas em todos os lugares, com muito mais coisas
em comum do que diferenças.

Reavivar e despertar a fé é tão relevante na África quanto na Europa. Muitos aqui, especialmente os jovens, não
vão à igreja aos domingos. Aqui, com a explosão demográfica, é fácil ser enganado. Mas, nesse caso, gostamos de
ser enganados. A igreja fica cheia várias vezes a cada domingo e há muitos jovens presentes. Mas quantos estão
faltando e são cristãos apenas no nome? O que ouvimos com frequência é como a Igreja está viva aqui e como são
muitas as vocações para o sacerdócio e a vida religiosa. Embora isso seja verdade, quantos católicos vão à igreja
apenas em ocasiões especiais?

Nos primeiros cinco ou seis anos na Tanzânia, eu ficava a maior parte do tempo em um escritório diocesano, mas
todas as semanas passava alguns dias, especialmente nos fins de semana, em uma paróquia próxima dirigida por um
palotino irlandês, Pe. Noel O Connor. Com ele, experimentei um pouco do que lemos sobre o zelo de Pallotti. Ele
não hesitava em percorrer 15Km a pé se o carro não pegasse, o que acontecia com frequência.

Tentamos muitas maneiras de fortalecer e reavivar a fé, como visitar casa por casa, colocar uma cruz em cada lar
católico, levar uma estátua de Nossa Senhora para visitar cada lar etc. Mas não tenho a menor dúvida de que,
embora todas as nossas diferentes iniciativas tenham tido algum sucesso, o elemento central foi, de longe, o
entusiasmo e o zelo daquele pároco. Ele levou a alegria do Evangelho, de que fala Papa Francisco, a muitos e, com
sua inspiração e zelo, trouxe vida a muitos que até então eram cristãos apenas no nome.

Não há dúvida de que, onde quer que você esteja, o elemento central, se quiser reavivar a fé, é viver a Alegria do
Evangelho, que o Papa Francisco diz ser a forma de atrair as pessoas a seguir Cristo. Reze para que Deus o abençoe
com essa alegria e o zelo de Pallotti. Não há substituto. Onde quer que você esteja, o principal meio de despertar e
reavivar a fé é o seu exemplo e a maneira como você mesmo vive essa fé.

Nos anos seguintes, estive envolvido na administração e, por dois anos, no trabalho de formação em nossa Casa de
Estudos em Nairóbi.

Depois, em novembro de 2001, voltei para a Tanzânia, para um lugar chamado Siuyu, como pároco de uma paróquia
recém-inaugurada. Ainda estou em Siuyu, mas não como pároco há 20 anos. O noviciado das Irmãs Palotinas ficava
em Siuyu na época em que comecei a trabalhar la. O grupo de noviças da época foi o que liderou a fundação das
Pequenas Comunidades Cristãs. Esses são grupos de várias famílias na mesma área que se reúnem para rezar juntas,
refletir sobre a Palavra de Deus e seus problemas locais e o que a Palavra de Deus diz sobre como elas devem
discernir a situação local. Minha tarefa consistia na missa oficial de abertura e no sacramento do batismo e da
bênção matrimonial para cada grupo (SCC). Não tenho dúvidas de que esses eventos foram muito influentes no
despertar da fé na paróquia. Sei que muitos voltaram a frequentar os sacramentos por meio deles. Este ano faz 50
anos que os Bispos da África Oriental e Madagascar (AMECEA) decidiram que essas CEC deveriam ser o alicerce da
construção da Igreja aqui.

Agora estou residindo em um Centro de Reabilitação para crianças com deficiência, administrado por leigos
palotinos, irmãs palotinas, padres palotinos (UAC).

Não devemos nos esquecer da segunda parte da visão de Pallotti. Junto com o despertar da fé, estava o reacender
da caridade. Gostaria de concluir com apenas um exemplo que testemunhei alguns dias antes de escrever estas
linhas. Uma criança que tem as mãos paralisadas e não consegue andar, queria mover uma cadeira na sala de
ginástica para se exercitar. Ele fez várias tentativas de pegar a cadeira com as mãos, mas não conseguiu. Em seguida,
usou a cabeça para mover fisicamente a cadeira e conseguiu. Ele nos ensina que sempre há uma maneira, basta
encontrá-la. Persevere. Não perca a coragem.

São Vicente Pallotti percebeu que havia uma urgência em despertar e reavivar a fé e reacender a caridade em sua
época e foi por isso que ele teve a inspiração para fundar a UAC. Nós, como parte da UAC, pedimos por sua
intercessão e pela intercessão de Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, que sejamos bons apóstolos.

Reflexões
1. Há algo em minha vida que precisa ser mudado para experimentar e mostrar algo do zelo e do entusiasmo
de São Vicente Pallotti?
2. Não há dúvida de que várias iniciativas ajudam a despertar a fé, mas o mais importante é que você viva a
alegria do Evangelho. Eu demonstro essa alegria em minha pessoa e em meu chamado? Há algo que eu
possa mudar para ser um cristão mais atraente?
3. Que oportunidades aparecem em meu caminho e que talvez eu esteja “ocupado” ou preocupado demais
com outras coisas para aproveitar a ocasião apresentada, mas que Pallotti, sem dúvida, teria aproveitado?
4. Cite uma grande oportunidade que lhe vem à mente em sua região para despertar e reavivar a fé.
5. Você pode fazer algo para reavivar a fé mencionada no número 4?

Pe. Tommy Ryan SAC