Notícias
Apóstolos Hoje - Setembro 2024: Como viver o ser discípulo missionário?
Sou, Antonio João Madeirense Tchissingui, membro da UAC, vivo em Luanda, capital de Angola.
Quando fui convidado a participar do IV Congresso da UAC, onde estariam representantes de várias nações e que Angola faria parte desse grupo, para mim foi utopia, não podia acreditar. A situação ficou mais séria quando soube que, como membro da UAC, teria a responsabilidade de dar testemunho sobre a missão de Angola.
Mesmo sem compreender bem do que se tratava, rapidamente reuní-me com os membros do grupo e apresentei a proposta feita pelo Secretariado Geral da UAC. Mas, por causa da nossa situação economica não obtive feedback positivo. Quando soubemos que os gastos com viagens e alojamento caberiam ao grupo não houve acordo. Assim que, com muita tristeza, mais uma vez participaria sozinho do Congresso. Imediatamente, senti o apelo de Deus de fazer a minha parte que Ele estaria ao meu lado. Com a graça de Deus, continuando o discernimento Maria Janota, comunicou que estaria disponível de vir comigo para representar Angola no Congresso.
O Congresso foi para mim a realização de um grande sonho, isto é, recordar o “Sim” à vida cristã que dei através do Batismo. Desejo relatar em breves palavras, três experiências que tive neste Congresso.
1. Neste encontro fui recordando a novena que fiz em preparação ao Empenho Apostólico que aconteceu em 25 de fevereiro de 2015, na Igreja “Santissimo Salvatore in Onda”, Roma. Para mim foi um assumir com mais consciência o que prometi no Batismo. Aquele meu “Eis-me aqui” assumido, diante de toda a assembleia e da Sociedade do Apostolado Católico, marcou e marcará pra sempre a minha vida cristã.
2. Para mim o Congresso foi un ato glorioso, também orgulhoso por representar a minha nação, Angola. Sentia no meu interior uma voz que me dizia: "Angola é também terra onde é possível fazer missão Pallottina."
3. É inesplicável a alegria que senti ao ver filhos e filhas de Pallotti vindo de várias partes do mundo onde a missão Palotina está presente. Todos impulsionados pelo mesmo ideal de reavivar a fé, reacender a caridade e propagá-las em todo o mundo. Em outras palavras: reavivar nos corações das pessoas a chama da fé, da justiça e do amor".
Apenas dois membros do grupo participaram, realmente do Congresso representando Angola: Antonio João e Maria de Fátima Janota. Porém, os outros que permaneceram em suas atividades nos fortaleceram e incentivaram através da comunhão de oração, de mensagens de encorajamento e sobretudo oferecendo o sacrifício do trabalho e da missão. O Espírito Santo continuará iluminando nossas mentes e fortalecendo nossos corações para que Angola seja enriquecida com uma forte missão palotina.
O que significa para nós sermos apóstolos hoje?
A nossa missão apostólica hoje, è visível na pastoral que realizamos na Paróquia da Sagrada Família. Nesta, o Senhor nos chama a testemunhar nossa vida cristã e o compromisso batismal, prestando serviço nas atividades apostólicas que nos são confiadas.
Agradeço ao Senhor porque somos um grupo significativo a serviço da paróquia, cada um com tarefas específicas. Isto nos enriquece.
Como organizamos nossos encontros?
Para os encontros, nunca houve regras fixas ou lugares pre-estabelecidos, mas em casa de quem nos acolhe. Iniciamos com a reflexão de um texto bíblico que abre nosso coração para a ação do Espírito e cada membro partilha a caminhada que está realizando. Partimos para a missão mais comprometidos e fortalecidos.
Depois de participar do IV° Congresso Geral, no qual experimentei quanto é contagiante o amor vivido na família Pallottina, surgiram inquietações e novas idéias para a nossa missão.
Cito algumas:
- Como viver e ser discípulo hoje na missão evangelizadora em Angola, através da música e do canto? Pois, a música e a dança são elementos importantes na liturgia africana.
- O que representa a música na cultura africana em modo especial em Angola? Ela não é apenas um entretenimento, possui profundos significados religiosos, rituais e expressões culturais que fortalecem e perpetuam as tradições e valores africanos. Podemos dizer que a música na liturgia nos ajuda a rezar e contemplar Deus, através de melodias sonoras, vibrantes e harmoniosas que revelam a beleza e a grandeza de Deus, que nos ama com amor infinito.
Uma vez um amigo europeu perguntou-me porquê se dança ou qual é o objetivo da dança na Igreja? Confesso que fiquei um pouco embaraçado com esta pergunta. Porém, posso dizer que a dança, na cultura angolana e na liturgia faz parte da missão da Igreja e é uma forma de louvor, servindo como meio de evangelização. A dança é também um modo de reconhecer o corpo como dom de Deus e templo do Espírito Santo.
Outra questão frequente é: Como viver e ser discípulo hoje na missão evangelizadora em Angola através da música ou canto?
Posso tentar dizer que a voz é um dom gratuito de Deus, portanto, cantar é reconhecer com gratidão o dom recebido. Por isso, precisamos cantar sem vaidade e evangelizar com humildade, glorificando a Deus por suas maravilhas.
Depois da participação do Congresso temos uma pergunta inquitante: Qual é o maior desafio que nos interpela neste momento?
O testemunho de Maria de Fátima Janota, no Congresso, nos falou do grande problema com as crianças que vivem nas ruas em Angola e outros locais. São, praticamente, crianças dos 07 aos 12 anos de idade. Muitas delas tem família, porém fogem de casa por serem maltratadas ou violentadas e falta de condições financeiras, sabemos que em tais condições logo a droga e outros vícios encontram espaço favorável. As crianças estão espalhadas nas ruas onde aprendem rapidamente a se drogarem ou fazem uso de drogas leves como, chupar gasolina em garrafas de Coca-Cola, são entregues e forçadas a prostituição.
Nós, com recursos pessoais e colaboração de outras entidades, procuramos ajudá-las a sairem desta vida; è uma missão difícil, contudo sabemos que não è impossível. Buscamos fazer o melhor segundo nossas forças e possibilidades.
Agradecemos e louvamos a Deus pelos dons e graças que Ele nos concede cada dia para podermos viver nossa missão batismal diante de realidades tão gritantes.
Imploramos a proteção de Maria, Rainha dos Apóstolos e as bênçãos de S. Vicente Pallotti que nos ajudem a sermos discípulos missionários de Jesus, Apóstolo do Pai, sendo apóstolos de Amor, Misericórdia e Solidariedade.
Pela comunidade angolana, Antonio João Madeirense Tchissingui