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Padre Aquiles Pio Redin (1925-2008)
1. Família e formação
No dia 14 de novembro de 2008, faleceu em Dourados (MS) nosso Irmão Pe. Aquiles Pio Redin. Aquiles Pio nasceu em Nova Palma (RS), aos 10 de junho de 1925. Quando tinha cinco anos, sua família transferiu-se para o município de Sobradinho (RS), Linha Turvo. Como ele mesmo narrava, na entrevista por ocasião de seu Jubileu de Ouro sacerdotal, sua família era muito religiosa. Ele afirmava: "Minha mãe teve um cuidado especial pela educação, pelo ensino e pela vivência religiosa dos filhos. Desde criança, me ensinou a rezar diariamente e a participar da catequese, do terço, da igreja, dos sacramentos, da missa dominical". (Revista Informações Palotinas, ano 62, n. 2 jul/dez/2005, pág. 192).
O mesmo ele fala do pai. Aos treze anos, ingressou no Seminário de Vale Vêneto (RS), onde completou o segundo grau. Participou do Ano Introdutório (Noviciado) em Augusto Pestana (RS), tendo como mestre o Pe. José Stefanello, com o qual, confessa, muito aprendeu. Os estudos de Filosofia e Teologia foram realizados em São João do Polêsine (RS), onde funcionava o Seminário Maior Palotino na época. Em 1952, terminada a Filosofia, fez um ano de estágio como professor em Vale Vêneto. Em fins de 1955, faltando ainda um ano para terminar a Teologia, foi ordenado presbítero, como era costume na época.
2. Apostolado
No início de 1957, foi designado para trabalhar no Patronato Antônio Alves Ramos. Mas, já no mês de maio daquele ano, foi nomeado pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Porto Alegre (RS). Ali permaneceu até 1968. Manifestou todo o seu dinamismo desenvolvendo um intenso apostolado. Além de todo atendimento pastoral, dirigiu a construção da nova igreja que lá está. Em fins de 1968, fez uma parada de seis meses, no Colégio Máximo Palotino, participando de um curso de formação permanente. Assim renovado, partiu para a pastoral no Mato Grosso. E ali dedicou o resto de sua longa vida.
Em janeiro de 1970, foi designado para trabalhar em Fátima do Sul, município do atual estado do Mato Grosso do Sul. Ali atuou dinamicamente por dezessete anos. Ele mesmo mencionava as realizações que ali dinamizou e levou a cabo: "Término da nova Igreja Matriz; construção do salão paroquial; ampliação do instituto D. Pedro II (Escola), onde atuei como professor de Filosofia; construção da área de lazer, com parque infantil; construção de salas para a Escola de Música Santa Cecília... Construção da casa de formação, creches, dezenas de casas para indigentes; construção da torre; transmissão da missa dominical pela Rádio Uberlim, um programa diário na mesma Rádio, intitulado Prece matinal". (IP, 2005, 2, p. 195).
Por estes breves dados, se pode aquilatar os empreendimentos em que esteve envolvido, a criatividade e o dinamismo que sempre colocou em suas atividades e em seus trabalhos. Fátima do Sul foi o lugar onde mais longamente desenvolveu sua atividade pastoral e era muito benquisto pela comunidade. Foi nesta paróquia que quis celebrar a festa de seu Jubileu de Ouro Sacerdotal. Ele mesmo manifestou o desejo de ser sepultado nesta cidade. E os paroquianos de Fátima do Sul, por sua vez, fizeram questão que ali ele fosse sepultado, como de fato foi.
Em 1987, assumiu a Paróquia de Amambaí (MS), primeira em que atuaram os padres palotinos ao chegar ao Mato Grosso do Sul. Ali também se dedicou com toda alma, como sempre fazia, visitando famílias, comunidades, ajudando os pobres e necessitados. Em 31 de dezembro de 1990, essa paróquia, por determinação da Direção Provincial, foi entregue ao Bispo, o que causou muito pesar ao Pe. Aquiles Pio. Em fevereiro de 1991, assumiu a paróquia de Douradina (MS), sempre na Diocese de Dourados. E ali continuou a exercer seu dinâmico apostolado até o fim de 2003.
3. Características pessoais
Pe. Aquiles era um homem sincero, aberto, dinâmico, com palavra fácil e abundante, muita fé e muito dinamismo. Cultivava um grande amor a Maria, a quem sempre dedicou um carinho confiante e filial. Gostava também de trabalho físico, especialmente no cultivo de horta e lavoura. Ele mesmo afirmava: "Sempre fui um trabalhador. Trabalhar sempre foi minha alegria. Até hoje, digo, como nosso Fundador São Vicente Pallotti: No céu descansaremos (IP, 2005, 2, p. 201). Plantava arroz, feijão e milho em áreas cedidas por amigos paroquianos. Boa parte da produção era para pessoas pobres e carentes da comunidade que pediam ou que ele conhecia por suas visitas às periferias.
Seu esporte predileto era a caça. No tempo em que isso era permitido e não havia ainda o perigo de extinção de espécies, gostava de caçar nas beiras dos rios do Mato Grosso capivaras e grandes pássaros para oferecer a seus amigos "carnes fortes".
Além da pastoral cotidiana no atendimento normal das comunidades, dedicava-se, com ardor e paixão, também a dinamizar grupos e movimentos, como Cursilhos de Cristandade, Encontrões de Peregrinação dos Leigos Cristãos (PLC) e outros.
4. Saúde
Sua saúde nem sempre foi forte. Nos anos em que trabalhou em Amambaí, teve que submeter-se a três pontes de safena. Mas, apesar disso, nunca diminuiu seu ritmo de trabalho. E entregava-se com todo o ser: com energia, dedicação, força e carinho. Às vezes, parecia um homem rude, mas era manso e agradável. Por todos os lugares onde atuou, deixou atrás de si muita estima, amizade e carinho.
Vejamos seu depoimento sobre seus cinquenta anos de vida sacerdotal: "Os cinquenta anos dedicados ao reino de Deus me dão tranquilidade de ter atendido ao chamado de Deus e nunca ter descuidado da missa a mim confiada. Creio que, por vezes, a saúde tem me impedido de realizar mais, também por excesso de trabalho braçal. Quero ainda dizer que foi bonito trabalhar pelo Reino de Deus. Vale a pena! Quisera ter mais cinquenta anos para dedicá-los totalmente à evangelização e depois poder dizer como São Paulo: Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé. Assim desejo encerrar os meus dias dizendo; Dever cumprido, meu Deus. (IP, 2005, 2, p.202-203).
5. Últimos anos
Pe. Aquiles dedicou 38 dos seus 53 anos de sacerdócio ao apostolado no Estado do Mato Grosso do Sul, sempre na Diocese de Dourados. E também quis terminar ali seus dias. Desde 2003, já cansado e um tanto baqueado em sua saúde, residia com o Pe. Duvilio Antonini numa chácara em Dourados (MS). E ali permaneceu até o seu passamento. Na medida do possível, dedicava-se com vigor e carinho ao cultivo da horta.
Nos últimos onze dias de vida esteve internado no Hospital do Coração, em Dourados, onde veio a falecer em 14 de novembro de 2008, às 16h. Foi velado na igreja de Fátima de Dourados, onde, no dia 15, às 8h, foi celebrada uma missa pelo Bispo D. Redovino e mais sacerdotes e o povo do lugar. A seguir, foi levado para Fátima do Sul. Ali, depois de outra celebração, presidida por seu irmão, de família e de congregação, Padre Clarindo Redin, mais dez coirmãos e muito povo, foi sepultado. Dai-lhe, Senhor, a luz eterna!