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Notícias

05/10/2024 - In Memoriam

Padre Virgílio Costabeber (1922-2019)

1.  Família

O Virgílio nasceu no dia 6 de dezembro de 1922, em Val Veronês, na época município de Cachoeira do Sul (RS), filho de Avelino Costabeber e Teresa Stella. É o terceiro filho dos nove do casal. Quando tinha a idade de 3 anos e 9 meses a família mudou-se para Santa Lúcia, então município de Ijuí (RS). A família nesse tempo passou por muitos desafios, mas a fé, a esperança e o amor sempre a acompanharam.

O ambiente familiar e a família do avô e do pai contribuíram para a vocação ao sacerdócio do ainda menino Virgílio. Segundo relatam os familiares, o avô Pedro foi um grande incentivador para que ele fosse para o seminário. Recebeu sempre manifestações e testemunhos de piedade, vida de oração, o respeito pelos padres, o terço todas as noites, orações antes das refeições, cantos religiosos, ressaltando que seu pai Avelino era um bom cantor. Nos domingos, reuniam-se na capela para o terço em família. O dia que tinha missa na comunidade era uma festa, considerando que ali não havia padre,

o qual vinha de Ijuí ou de Cruz Alta. Com a criação da paróquia de Pejuçara,

o Virgílio atuou como coroinha e auxiliava na missa dominical.

Contribuíram, ainda, para a decisão de ir para o seminário, uma visita do Pe. João lop à Capela de Santa Lúcia em 1936, e o Pe. José Spönlein, pároco de Pejuçara, pelo exemplo de amor à sua própria vocação.

2.  Vida no Seminário e Ordenação Presbiteral

No dia 8 de março de 1937, com a idade de 14 anos, Virgílio entrou para o Seminário em Cadeado, hoje município de Augusto Pestana (RS). No ano seguinte foi para Vale Vêneto (RS), onde por seis anos frequentou o ginásio. Iniciou o noviciado, em São João do Polêsine (RS), no ano de 1944, tendo como mestre o Pe. Agostinho Michelotti.

Fez a sua primeira consagração na Sociedade do Apostolado Católico no dia 2 de fevereiro 1946. Cursou Filosofia de 1945 a 1947 e Teologia de 1949 a 1952, no Seminário Maior de São João do Polêsine. Sendo que em 1948 atuou como prefeito, professor e enfermeiro no Seminário Rainha dos Apóstolos de Vale Vêneto.

Escreve que foram tempos difíceis, mas nesse período houve um maior número de ordenações presbiterais. Relata que a vida no seminário era normal e que devia ser assim mesmo. Guarda saudades daquele tempo de estudos e de convivência. Ao sair de férias sentia muito ter que deixar o diretor espiritual, as orações comunitárias, a missa, a comunhão e a vida com os colegas. Considera felizes aqueles anos de seminário e agradecido pelos ensinamentos recebidos de todos os educadores palotinos e do grande mestre Monsenhor Valentim Ferrari.

Concluídos os estudos de formação, Virgílio recebeu a ordenação presbiteral no dia 30 de dezembro de 1951, em Vila Cruz, Nova Palma, pela imposição das mãos de Dom Antônio Reis, Bispo Diocesano de Santa Maria. Nesta mesma celebração também foram ordenados os Padres Achylle Rubim, Genésio Trevisan e Otávio Bortoluzzi.

Destaca: "algo que parecia quase impossível para uma criatura humana, considerando ao mesmo tempo o receio de como exercer o sacerdócio com a minha timidez, somando com as dificuldades no canto, na pregação e nas demais atividades, no entanto, a misericórdia de Deus e a intercessão da Mãe não me abandonaram e tudo deu certo".

3.  Primeiras Experiências como Padre

O Pe. Virgílio destaca que as suas primeiras experiências foram ouvir confissões das crianças da primeira eucaristia, abençoar um casamento e dar as primeiras bênçãos das casas na Paróquia Santíssima Trindade, em Nova Palma (RS). Entre outras coisas disse que encontrou uma família muito pobre e com muitos filhos, por isso nem falou sobre ajuda para as vocações. Mas a mãe disse: "o padre não pede nada para o seminário?" O Pe. Virgílio lhe respondeu: "a senhora tem família numerosa e necessitada". Ela respondeu: "eu vou tirar um pouco do pão dos filhos para ajudar o seminário, para que mais tarde os filhos não possam dizer: não temos padres porque a mamãe não ajudou o seminário"

Trabalhou em nossas casas de formação. A matéria que mais lecionou foi matemática. Em 1953 e 1954 atuou no seminário de Vale Vêneto. Aí lecionou, foi prefeito e enfermeiro dos alunos. De 1955 a 1960 esteve no Seminário de Faxinal do Soturno (RS), onde exerceu o cargo de reitor, professor e ecônomo. Em 1961, foi para Vale Vêneto, onde ensinou matemática no seminário, ajudou na paróquia e foi reitor do Pensionato São Luís, onde funciona atualmente o Museu do Imigrante.

Em 1962 foi para o Patronato, em Santa Maria (RS), onde por dez anos atuou como vice-diretor, professor, ecônomo e cuidou de construções e da olaria. Escreve: "o que me alegrou no campo da educação foi ser útil e ver o interesse dos educandos."

4.  Atividades Paroquiais

A partir de março de 1972 até dezembro de 2016 sempre atuou em paróquias. Inicialmente atuou em Dona Francisca (RS), sendo por oito anos pároco e um ano e meio vigário paroquial. Em São Martinho (RS), atuou da metade de 1981 até o início de 1985. Na sequência atuou como vigário paroquial em São Pedro do Pontão, município de Joia (RS), até 1987. Depois por três anos esteve na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, Salto do Jacuí (RS), onde atuou como pároco e vigário paroquial. De 1991 a 1996 esteve em Alto Alegre (RS), exercendo a função de pároco. A partir de 1997 até 2016 atuou como vigário paroquial na Paróquia São João Batista, em Santo Augusto (RS).

O Padre Virgílio diz que foi um grande desafio deixar o trabalho da formação, depois de vinte anos de atuação e assumir a pastoral paroquial, um campo totalmente diferente e bastante desconhecido. O serviço que mais gostou de realizar nas paróquias foi o de visitar os doentes, tanto nas casas como nos hospitais, atender confissões, visitar as comunidades, procurar atender as pessoas, também individualmente, benzer as casas, dando tempo ao atendimento. Valorizou muito a celebração da Eucaristia, tanto é que só em seis oportunidades deixou de celebrá-la, durante toda a sua vida sacerdotal.

Na celebração dos cinquenta anos de padre fez questão de agradecer por tudo o que Deus ajudou e suportou. Diz que Deus não olhou para as suas omissões e limitações.

 5.  Mensagem

No seu jubileu de ouro, como sacerdote, deixou esta mensagem aos padres, irmãos e seminaristas: "A todos eu diria: coragem! Ninguém desanime. De modo especial, vivam uma vida de oração, uma vida eucarística, especialmente a missa, a visita ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Nossa Senhora. Procurem imitar o fundador São Vicente Pallotti. Vivam conforme as leis da Sociedade do Apostolado Católico.

As promessas sejam vividas, não toleradas ou contra a vontade observadas. Que todos vivam a sua vocação. Sem a oração não é possível progredir no caminho de Deus e perseverar no bom caminho. Amemos e rezemos pelas vocações e teremos muitos apóstolos leigos e padres autênticos e santos para a Glória de Deus e o bem da humanidade".

6.  Enfermidade e Falecimento

A partir do ano de 2017, o Pe. Virgílio passou a viver um período na Comunidade Local Pe. Caetano Pagliuca e no final também morou com os familiares em Santa Lúcia, Doutor Bozano (RS).

Depois de alguns meses internado, no dia 5 de outubro de 2019, sábado, às 23h, no hospital da cidade de ljuí (RS), o Pe. Virgílio partiu para a Casa do Pai, aos 96 anos e 10 meses. Destes, viveu 73 anos como consagrado na Sociedade do Apostolado Católico e 68 anos como presbítero da Igreja.

No dia 6, domingo, às 10h houve missa de despedida na Comunidade de Santa Lúcia, Paróquia de Pejuçara. Presidiu a celebração o Bispo Diocesano de Cruz Alta (RS), Dom Adelar Baruffi. Na homilia o bispo destacou o espírito apostólico do Pe. Virgílio e também a boa convivência que tinha com a família.

À tarde o seu corpo foi transladado para Santa Maria (RS), onde houve a missa de exéquias, às 15h, na Comunidade Local Pe. Caetano Pagliuca, junto ao Patronato. Logo após foi sepultado no Cemitério dos Padres e Irmãos Palotinos, em Vale Vêneto.

Como Província Nossa Senhora Conquistadora, de Santa Maria, Brasil somos imensamente gratos a Deus por nos ter dado o Pe. Virgílio como um testemunho de vida e dedicação ao Reino de Deus, vivendo uma vida simples e dedicada aos outros.

A nossa gratidão à família Costabeber que acolheu o Pe. Virgílio, com muito carinho e dedicação, nos últimos dias de sua vida. Ele gostava muito de estar com sua família e a família gostava muito da presença dele.