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Padre Belino Costa Beber (1918-1994)

Pe. Zenone Belino Costa Beber nasceu no dia 12 de abril de 1918, em Val Verônes. Era o último dos 12 filhos (5 irmãos e 7 irmãs) do casal Pedro Costa Beber e Catarina Morgentale Costa Beber, ambos provenientes da Itália. Seu nascimento causou surpresa, pois sua mãe Catarina já contava 50 anos, quando ele nasceu. Ela o consagrou a Nossa Senhora do Monte Bérico, padroeira da capela de Val Verônes. No batismo recebeu o nome de Zenone Belino, mas sempre foi chamado pelo nome de Belino (Zenone é o padroeiro da Cidade de Verona). A família de Pedro e Catarina era profundamente cristã e favoreceu o desabrochar da sua vocação para o sacerdócio.
Belino entrou no Seminário Menor de Vale Vêneto e, em 02.02.1939, fez sua primeira consagração a Deus na Sociedade. De 1939 a 1941 fez os estudos de Filosofia no seminário Maior "Imaculada Conceição", em São Leopoldo, dirigido pelos Padres Jesuítas. No mesmo estabelecimento fez também os estudos teológicos. No dia 9 de dezembro de 1945, na igreja de Nossa Sra. das Dores, em Santa Maria, Dom Antônio Reis conferiu-lhe a ordem presbiteral, como também aos seus confrades Alderige Baggio e Vendelino Bender.
A vida e o trabalho do Pe. Belino foram marcados pela mobilidade e também pela variedade. Iniciou o seu ministério de padre como coadjutor do Pe. João Zanella, em Nova Palma, no ano de 1946. Revelou-se logo um padre capaz de encarnar a ternura, a delicadeza e a misericórdia de Deus, o que lhe valeu logo a estima do povo de Nova Palma.
De 1947 até 1952, trabalhou como “Espiritual” e professor no Seminário de Vale Vêneto. Embora não fosse um professor brilhante, por sua bondade, alegria e
grandeza de coração soube conquistar os seminaristas, grandes e pequenos. Na sua pessoa havia um misto de paternidade e de maternidade, predominando, muitas vezes, a dimensão materna. Encarnou a sabedoria da acolhida e também da ajuda. Sabia servir com alegria e custava-lhe ser severo. De 1953 até 1960 foi, além de professor, Reitor do Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto.
Deixando o Seminário de Vale Vêneto, veio para a paróquia das Dores em Santa Maria, onde foi pároco de 1960 a 1962. De 1962 a 1964 foi pároco na comunidade paroquial do Divino Espírito Santo em Cruz Alta. De 1965 a 1966, foi Diretor Espiritual no Noviciado Palotino, em Augusto Pestana. De 1972 até agosto de 1974, esteve em Roma, fazendo um curso da atualização espiritual e pastoral.
Ao retornar de Roma em 1974, assumiu a direção da Paróquia de Humaitá, onde permaneceu até 1977. Em 1978 foi Vigário Cooperador na Paróquia Nossa Sra. de Fátima, em Manaus. Ao deixar Manaus veio para Fátima do Sul, no Mato Grosso do Sul, onde foi Vigário Cooperador desde 1979 até 1986. De 1987 a 1990 assumiu, mais uma vez, a direção da Paróquia de Humaitá. Em 1991 foi pároco da comunidade São Vicente Pallotti, em Porto Alegre, e, de 1992 até sua morte, esteve à frente da Paróquia de São João Batista, em São João do Polêsine.
Na segunda metade de 1993 começou a ter problemas de saúde e no início de 1994 foi hospitalizado. Em busca de melhores recursos foi levado a Porto Alegre e internado no Hospital de Clínicas. Seu problema era cardíaco e necessitou de uma cirurgia. Teve três pontes de safena implantadas. Sua recuperação era satisfatória e, quando se dispunha a deixar o hospital, foi acometido, no dia 31 de janeiro, de uma parada cardíaca.
Todos os cuidados médicos não impediram sua morte, ocorrida na manhã do dia 2 de fevereiro de 1994, no dia precisamente que completava 55 anos de vida consagrada palotina. Seu corpo foi conduzido primeiramente a São João do Polêsine, onde todo o povo quis despedir-se dele com uma celebração eucarística que contou com muitos parentes e amigos vindos de várias localidades. Em seguida foi levado à igreja de Vale Vêneto, onde hás 17h, houve outra celebração eucarística, na qual participaram muitas pessoas vindas das paróquias que foram testemunhas de sua dedicação sacerdotal.
Pe. Belino soube encarnar a bondade e a misericórdia de Deus e a sua pessoa e seu modo de agir espantavam o medo e suscitavam a confiança nos que se aproximavam dele. Sabia acolher e ajudar a todos com alegria, simplicidade e cordialidade e sabia servir a todos, esquecendo-se de si próprio. Nada guardava para si, embora muitas coisas tenham passado por suas mãos. Contentava-se com o necessário e morreu despojado de tudo. Tinha-se a clara impressão de que gostava de ser padre e de exercer o ministério sacerdotal.
Era uma pessoa muito simples e transparente, possuía a candura da criança e preferia ser enganado a enganar alguém. Nunca procurou tirar vantagens pessoais, mesmo nos seus "hobbys". Era capaz inclusive de fazer-se esmoler para ajudar os outros. Viveu fielmente sua consagração religiosa em todos os seus aspectos, não em último lugar o aspecto comunitário. A todos nos deixou um exemplo bonito de vida consagrada e de um sacerdócio vivido na alegria, na generosidade e na fidelidade. Sua inesperada partida deixou muita saudade em quantos o conheceram e conviveram com ele.
Por Pe. João B. Quaini, SAC