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Notícias

12/06/2024 - In Memoriam

Padre Clementino Marcuzzo (1927-2009)

 

1.  FAMÍLIA

A família Marcuzzo veio do norte da Itália, da cidade de Oderzo, na Província de Treviso. De Oderzo partiram seus avós José Marcuzzo e Catarina Cattellan, que trouxeram consigo apenas alguns pertences e um casal de filhos. No Porto de Gênova, em 19 de março de 1878, embarcaram num navio a vapor e depois de uma longa viagem pelo mar, pela Lagoa dos Patos e pelo Rio Jacuí e viajando em vagarosas carretas de bois, chegaram ao Barracão de Val de Buia, na então região de Santa Maria, no dia 06 de maio de 1878. Durante a longa viagem, a avó Catarina Cattallan e a filha de dois anos faleceram em alto-mar, e seus corpos foram jogados nas águas.

 No dia 20 de outubro de 1878, os imigrantes, liderados por Paulo Botoluzzi, entraram nas matas de Vale Vêneto. O viúvo, José Marcuzzo, com seu filho Cândido e o seu primo, Domingos Marcuzzo, também viúvo, estabeleceram-se em Vale Vêneto (RS), na Linha Duas, a dois quilômetros do atual povoado.

 Em Vale Vêneto, o viúvo José Marcuzzo casou com Luiza Girotto, que era viúva de Pedro Iop, que faleceu no Barracão de Val de Buia. Pedro lop e Luiza Girotto eram os pais de João lop, que nasceu no Barracão, no dia 12 de maio de 1878, e foi o primeiro padre palotino nascido no Brasil. João lop foi ordenado sacerdote em 1902, sendo pároco de Vale Vêneto e Superior dos Palotinos brasileiros, de 1923 até 1936, ano em que faleceu. Portanto, Luiza Girotto Marcuzzo é a avó do Pe. Clementino. José Marcuzzo e Luiza Girotto tiveram oito filhos: quatro filhas e quatro filhos As filhas são: Ângela, Marieta, Pina e Eliza; os filhos: Antônio, Luiz, Mariano e João. Luiz é o pai do Pe. Clementino.

Luiz Marcuzzo casou-se com Amábile Bortoluzzi, tiveram dez filhos que, segundo a idade, são: Olinda, Rafael, Vergílio, Amélia, Elisa, Santo, Eduardo, Elídio, Clementino e Jandira. Clementino é o penúltimo filho e nasceu no dia 12 de setembro de 1927.

 2.  FORMAÇÃO E ORDENAÇÃO

Clementino fez os estudos fundamentais em Vale Vêneto, no colégio das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e no Seminário Rainha dos Apóstolos. Nascido e educado numa paróquia palotina, e também ao lado de um seminário palotino, sentiu-se convidado para ser padre palotino. Em março de 1946, começou o Curso Ginasial e o terminou no fim de 1950.

 Em 02 de fevereiro de 1951, em Doutor Pestana, então município de Ijui (RS), no Colégio Santo Alberto, iniciou o Noviciado sob a orientação do Pe. José Stefanello. Era um bom número e junto com os noviços do segundo ano na casa estavam também noviços do Uruguai, da Argentina e do Chile. Apesar da grande pobreza da casa e da falta de muitas coisas importantes, havia um bom clima comunitário, enriquecido com a Beatificação de Vicente Pallotti, em 22 de janeiro de 1950, e também pela vida e o espírito do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Como noviço, já no primeiro ano, Clementino e seus colegas formaram o curso Regina Mundi, isto é, Rainha do Mundo.

 No segundo ano de Noviciado, começou, na mesma casa, o Curso de Filosofia que, em 1953 e 1954, foi completado no Seminário Maior de São João do Polêsine. Clementino fez quase todo o Curso de Teologia no Seminário Maior Internacional de São João do Polêsine junto com os estudantes de Teologia da Província São Paulo Apóstolo e das Regiões Palotinas do Uruguai, da Argentina e do Chile. Clementino completou o Curso de Teologia no Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria (RS), que foi inaugurado em 01 de maio de 1958, com muito entusiasmo, empenho e expectativas.

Naquela época, o Bispo não administrava o sacramento da Ordem nas paróquias em que nasceram os que recebiam esse sacramento, mas os ordenava todos juntos numa mesma igreja. Assim aconteceu com o Pe, Clementino Marcuzzo. No dia 21 de dezembro de 1958, na cripta do Santuário da Medianeira de Todas as Graças, em Santa Maria, o Bispo coadjutor de Santa Maria, Dom Luiz Vitor Sartori, ordenou presbíteros os seguintes diáconos palotinos: Clementino Marcuzzo, Bonfilho Manfio, Bonfilho Stefanello, Cláudio Anjos Casassola, Duvilio Antônio Antonini, Osvaldo Rafael Cremonese e João Luiz Sartor.

Naquele ano, celebrava-se também o centenário das aparições de Nossa Senhora de Loudes, na França, também o centenário de Santa Maria e a eleição do Papa João XXIII, o grande Papa do Concílio Vaticano II. Os neossacerdotes escreveram no santinho da sua ordenação: “Eternamente Sacerdotes da Mãe do Tabor para levar o amor do Pai aos homens”.

A sua primeira Missa Solene foi celebrada na matriz de Vale Vêneto, no dia 28 de dezembro de 1958, iniciada às 8h da manhã, em pleno clima de verão. Naquela época, uma missa solene envolvia quase todo dia, era sempre cantada em latim e celebrada pelo sacerdote acompanhado de um subdiácono e de um diácono.

O subdiácono cantava a primeira leitura e o diácono, o Evangelho, e, numa primeira missa, havia sempre o Paraninfo de Ordenação, os Paraninfos de Primeira Missa, os Benfeitores e o Orador Sacro. O Paraninfo de Ordenação do Pe. Clementino foi o Pe. Fioravante Trevisan. Os Paraninfos de Primeira Missa foram Dr. Santo Marcuzzo e Professora Nehyta Leite Franz Marcuzzo, Eurico Soares do Canto e Dileta Marcuzzo do Canto.

A parte da tarde da Primeira Missa do Pe. Clementino encerrou com a solene “Te Deum” cantado a vozes mistas, com bênção solene do Santíssimo Sacramento e com a bênção do novo Sacerdote a todos os presentes.

 3.  APOSTOLADO

As suas primeiras atividades apostólicas pastorais foram na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria. Desta, foi para a Casa de Retiros, como recrutador de retirantes e, por uma breve temporada, foi também missionário popular.

Transferido para a cidade de Rio Grande (RS), trabalhou com o Pe. Celestino Trevisan na filial da Livraria Pallotti. De Rio Grande foi transferido para o Patronato Antônio Alves Ramos, onde, na Gráfica, trabalhou na montagem das duas primeiras impressoras off-set. Por um ano. Pe. Clementino trabalhou na Paróquia do Divino Espirito Santo em Cruz Alta (RS).

Em 1963, foi nomeado coadjutor da Paróquia Santo Antônio em Iporã (PR). Em 1964, trabalhou na Paróquia de Magalhães Bastos, na Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde exerceu a função de coadjutor e pároco. Trabalhou também um ano em Bento Ribeiro, na Paróquia de Santa Isabel, junto com os padres palotinos italianos, também no Rio de Janeiro. Do Rio de Janeiro, foi transferido para o Patronato Antônio Alves Ramos, onde trabalhou na divulgação da Revista Rainha.

Em 1976, fez o vestibular para a Faculdade do Curso de Comunicação Social, na Universidade Federal de Santa Maria, onde se formou jornalista em dezembro de 1979. Em 1981, foi nomeado Capelão do Hospital de Caridade, em Santa Maria, onde trabalhou até 1994.

Ao deixar a Capelania do Hospital de Caridade, Pe. Clementino Marcuzzo trabalhou com os Irmãos Maristas, em Santa Maria, “prestando os serviços religiosos em geral, na mantida Casa de Repouso, de forma permanente e eventualmente no Colégio Marista, na Escola São Luiz e na Associação dos Ex-alunos Maristas” (contrato de capelania da Sociedade Meridional de Educação – SOME).

Durante o tempo em que esteve no Hospital e com os Irmãos Maristas, Pe. Clementino promoveu, animou e intensificou a Semana Cultural Italiana até 2009, em Vale Vêneto. Foi incansável promotor da cultura, dos costumes e da economia da Quarta Colônia.

 4.  DOENÇA E FALECIMENTO

Nos últimos anos de vida, Pe. Clementino começou a sentir a limitação de suas forças e por isso teve que diminuir a sua atividade apostólica. Passou toda a metade de 2009 deitado na cama e em progressivo silêncio, como consequência do empobrecimento do seu organismo. No Patronato Antônio Alves Ramos, faleceu às 8h 50min do dia 15 de julho de 2009.

Segundo a certidão de óbito, firmada pelo Doutor Paulo Edilson Freitas, a sua causa de morte foi a “falência de múltiplos órgãos, metástases cerebrais, melanoma”.

5.  VELÓRIO E SEPULTAMENTO

O corpo foi, primeiramente, velado na Capela da Comunidade do Patronato Antônio Alves Ramos. Devido à grande participação de fiéis, às 16 horas do dia 15 de julho, o corpo foi levado à Paróquia Santo Antônio, onde houve missa concelebrada por muitos sacerdotes religiosos e cristãos leigos.

Após a celebração, o corpo foi levado para a capela mortuária de Vale Vêneto, onde foi velado até a manhã do dia 16. Em torno das 9h houve concelebração eucarística de corpo presente. Após a celebração eucarística e a oração de despedida, o corpo foi levado ao Cemitério dos Padres e Irmãos Palotinos de Vale Vêneto, que o acolheu e o guarda na esperança da ressureição final prometida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ao deixar o seu corpo no Campo-Santo, cremos que aconteceu o que o Pe. Clementino escreveu no seu convite de Ordenação e Primeira Missa: “Seja meu sacerdócio uma vítima eterna e agradável, imolado à Santíssima Trindade, no coração da querida Mãe Três Vezes Admirável – Rainha do Mundo – para fazer em tudo e sempre a vontade de Deus”.