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Padre Dorvalino Rubin (1921-2009)
No dia em que celebramos a festa do mártir São Lourenço, em 10 agosto de 2009, Pe. Dorvalino Rubin, após muitos meses de pesado sofrimento, partiu para a Casa do Pai. Como Deus esteve muito unido a ele, desde o começo de sua longa e rica existência, esperamos e desejamos que o tenha para sempre consigo. Pe. Dorvalino foi um dom especial para toda a Sociedade Vicente Pallotti. Ao lembrar a sua história, deseja-se relatar aqui algo da sua vida e do seu trabalho apostólico.
1. Família
Dorvalino nasceu no dia 22 de março de 1921, na Paróquia de Nova Palma, então município de Júlio de Castilhos (RS). Deram-lhe a vida José Rubin Segundo e Amábile Stefanello, que tiveram quinze filhos: oito homens e sete mulheres. Dorvalino era o seu primogênito. Padre Aquiles Rubin, também membro da Província Nossa Senhora Conquistadora, é seu irmão e três irmãs suas são Irmãs de Maria de Schoenstatt. Certamente, a sua família, profundamente cristã, favoreceu o desabrochar da sua vocação para a vida consagrada palotina, já que Nova Palma era uma paróquia muito fecunda em vocações sacerdotais, religiosas e especialmente cristãs.
2. Formação
Dorvalino, de 1928 a 1932, iniciou seus estudos fundamentais em Nova Palma e completou-os em Vale Vêneto (RS). Em 07 de março de 1933, aos doze anos de idade ingressou no Seminário Rainha dos Apóstolos. Em Vale Vêneto e no mesmo Seminário, de 1934 a 1939, fez todos os estudos ginasiais.
Em 24 de fevereiro de 1940, ingressou no Noviciado Vicente Pallotti, em São João do Polêsine (RS), que estava sob a orientação do Pe. Agostinho Michelotti. Em 24 de fevereiro de 1942, Dorvalino fez a sua primeira consagração a Deus na então Pia Sociedade das Missões, hoje Sociedade do Apostolado Católico e, em 24 de fevereiro de 1944, fez a sua consagração perpétua.
Em março de 1941, no Noviciado de São João do Polêsine, começou e também o curso de Filosofia sob a orientação do Pe. Casimiro Tronco.
Dorvalino foi um dos seus primeiros alunos. De março de 1941 até o fim de 1943, Dorvalino fez em São João do Polêsine o seu curso de Filosofia.
Como o curso de Teologia era, então, feito no Seminário Central Imaculada Conceição, dirigido pelos Jesuítas, em São Leopoldo, Dorvalino, de 1944 a 1947, fez todos os seus estudos de Teologia naquele seminário, que era o Seminário Maior de todo o Rio Grande do Sul e também de alunos de outros estados do Brasil. Os colegas do curso do Dorvalino, por exemplo, Sebastião Lovato (1916-1972), Alfredo Venturini (1920-2006), José Daniel (1920-1978) e Artur Stefanello (1920-1980) foram ordenados, no fim de novembro de 1946, ao término do terceiro ano de Teologia, já que os teólogos religiosos que tivessem profissão perpétua e 26 anos de idade podiam receber a ordenação sacerdotal no fim do terceiro ano de Teologia, - cursavam o quarto ano já como padres.
Como Dorvalino não tinha ainda 26 anos, em novembro de 1946, teve que esperar até quando em 22 de março de 1947, quando completou 26 anos; no dia seguinte, em Faxinal do Soturno (RS), foi ordenado presbítero da Igreja em celebração ministrada por Dom Antônio Reis, Bispo de Santa Maria, na qual estavam presentes sua grande família, parentes e amigos, muitos padres e religiosos e inclusive do Pe. José Kentenich, o fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt.
Após ter celebrado as suas primeiras missas em Nova Palma e nas capelas dos seus mais próximos parentes, ele esteve também no Seminário Maior de São João do Polêsine e no Seminário Menor de Vale Vêneto.
Os demais seminaristas menores ficavam encantados com a sua alegria de padre novo. Ficaram ainda mais maravilhados quando manifestou publicamente estas palavras inesquecíveis: "Vale a pena ser padre!? Blas ressoaram forte em mim, e nunca mais as esqueci.
Celebradas as missas e festas, Pe. Dorvalino foi para São Leopoldo a fim de fazer o quarto ano de Teologia. Em 1958 e 1959, ele fez licenciatura em Pedagogia na Faculdade Imaculada Conceição, em Santa Maria (RS).
3. Apostolado
Pe. Dorvalino Rubin começou o seu trabalho de padre como missionário popular. De 1948 até 1954, foi o grande missionário em muitas paróquias da grande Diocese de Santa Maria. Além de missões populares, pregou brilhantes retiros fechados na Casa de Retiros, inaugurada em 01 de janeiro de 1949. Em 1952, assumiu a função de Reitor da Casa de Retiros e, de 1953 a 1956, a missão de Conselheiro Provincial. Foi o primeiro Conselheiro Provincial ou Vice Provincial de 1956 a 1959 e, novamente, de 1959 a 1962.
Ainda como estudante, Pe. Dorvalino tinha o dom da palavra, falada e escrita. Conhecia bem a literatura portuguesa e falava e escrevia com beleza e invejável correção. Como estudante de Filosofia no Seminário Maior de Polêsine, ele foi o principal fundador das Informações Palotinas, iniciadas em 1943. Seus discursos, suas homilias, suas reflexões e seus artigos são fruto de estudo e de pureza linguística, razão por que os seus escritos e as suas traduções merecem ser lidos com gosto e proveito para quantos querem aprender a escrever com clareza e elegância.
De 1954 até o fim 1957, Padre Dorvalino Rubin esteve como diretor espiritual no Seminário Maior de São João do Polêsine e, em 1956, além de diretor espiritual, foi também pároco da Paróquia São João Batista e também professor no seminário.
No começo de março de 1958, o Seminário Maior de Polêsine veio para Santa Maria, e Pe. Dorvalino o acompanhou como professor. De março até 01 de maio de 1958, o Seminário Maior funcionou na Casa de Retiros e, no dia 01 de maio de 1958, tomou posse do seu novo Seminário Maior Palotino Internacional cujo nome, porém, foi substituído por Colégio Máximo Palotino, já que o Bispo de Santa Maria, Dom Luiz Victor Sartori, afirmou que o nome "Seminário Maior" é propriedade dos seminaristas diocesanos.
Além de professor, Pe. Dorvalino continuou sendo professor até o fim de 1959, quando, em 1960, lhe foi confiada a reitoria do Colégio Máximo Palotino, cargo que teve até o fim de 1961. No início de 1962, Pe. Dorvalino foi transferido para Augusto Pestana (RS), onde estava o Colégio Santo Alberto, construído pelo Pe. Francisco Burmann (1868-1945), e que, desde 1945, era o Noviciado da Província, visto que o de São João do Polêsine se tornara Seminário Maior. Em Augusto Pestana, Pe. Dorvalino foi orientador dos noviços até 1970. Sua presença e seu trabalho marcaram não só os noviços, mas o povo, e contribuíram também para a criação do município de Augusto Pestana, que era distrito de Ijuí (RS).
De 1971 até 1974, Pe. Dorvalino esteve à frente da Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria. De 1974 a 1978, assumiu de Pároco da Catedral do Divino Espírito Santo, em Cruz Alta (RS).
Na XIV Assembleia Geral da Sociedade do Apostolado Católico, realizada em Roma em 1977, Pe. Dorvalino foi eleito membro do Conselho Geral da Sociedade do Apostolado Católico e, de 1978 até o fim de 1983, esteve em Roma, na Casa Geral, como representante da América do Sul.
Sua presença em Roma, na comunidade e na Igreja do Santíssimo Salvador, em Onda, onde se encontra o corpo intacto de São Vicente Pallotti, deixou marcas positivas, tanto assim que muitos dele recordam e sentiram a sua morte.
Ao retornar ao Brasil, em março de 1984, Pe. Dorvalino foi Reitor da Praça XIV, em Manaus (AM), e trabalhou na Paróquia Nossa Senhora de Fátima até o fim de 1984. Por causa do clima assaz quente e úmido, quis retornar ao Sul e, em 1985, esteve na Casa de Retiros para tratamento de saúde e de escritos palotinos. De 1986 a 1988, foi Vigário paroquial na paróquia São Roque, em Faxinal do Soturno (RS).
Em 1989, esteve na Casa de Retiros e trabalhou na redação das revistas Rainha dos Apóstolos e Informações Palotinas. Em 1990, foi Capelão da comunidade do Provincialado das Irmãs de Maria.
Em 1991, fez a tradução e a publicação das Regras Fundamentais da Sociedade do Apostolado Católico, publicadas pelo Pe. Ansgar Faller (1910- 1992). Além do seu trabalho de Capelão do Santuário e também da Comunidade das Irmãs de Maria, Pe. Dorvalino, em 1993, começou a tradução de "Escritos Selecionados de Vicente Pallotti", editados por Bruno Bayer (1921) e Josef Zweifel (1920-1995), e publicados em Santa Maria em 1996 sob o título "Documentos da Fundação".
De 1996 até 2002, Pe. Dorvalino foi Vigário na paróquia São João Batista, em São João do Polêsine, junto com o Pároco Pe. Danilo Pedro Cerezer.
Com muito pesar, em 2002, Pe. Dorvalino foi levado a deixar a Paróquia de São João do Polêsine, sendo transferido para a Comunidade do Patronato Antônio Alves Ramos, onde continuou seus importantes trabalhos de tradutor de muitos documentos de Vicente Pallotti e de importantes obras palotinas.
4. Trabalho na Sociedade do Apostolado Católico
Além dos seus primeiros e brilhantes anos de pregador de retiros e de missões, Pe. Dorvalino trabalhou muito tempo na formação da Província e da Sociedade, como professor, orientador espiritual, reitor de Seminário Maior, Conselheiro Provincial, duas vezes com vice Provincial e, de 1977 a 1983, atuante membro do Conselho Geral da Sociedade do Apostolado Católico, em Roma.
Quem quiser escrever uma boa história da Casa Geral e da Província Nossa Senhora Conquistadora não pode deixar de lado o trabalho e o testemunho do Pe. Dorvalino Rubin. Deixou muitos escritos e documentos para a história da Província e também da Sociedade.
No Arquivo Provincial de Santa Maria, existem estudos importantes feitos por ele. Mas seus mais significativos trabalhos literários foram as muitas e grandes traduções de escritos de São Vicente Pallotti: "As Regras Fundamentais da Sociedade do Apostolado Católico", "Vicente Pallotti - Documentos da Fundação", "São Vicente Pallotti - Deus, O Amor Infinito", "São Vicente Pallotti - As orações', "São Vicente Pallotti, cartas latinas", "Francesco Amoroso. São Vicente Pallotti Romano", "Francesco Todisco (org.) - São Vicente Pallotti", Francesco Amoroso - A Venerável Elisabetta Sanna", "Giuseppe Ranocchini. Vicente Pallotti e o Oitavário da Epifania" e "Gioacchino Ventura. O Mistério da Epifania”.
Além de todas estas traduções, Pe. Dorvalino escreveu muitos artigos Sobre Vicente Pallotti e a sua Fundação. Em quase todos os números de Informações Palotinas existe um artigo seu. Ele mesmo fez uma coletânea dos seus artigos publicados em Informações Palotinas, desde 1980 a 1996, e deu-lhe o nome "Dizer Pallotti Hoje" e tem 243 páginas.
No 1° volume de "Horizontes Palotinos", organizado pelo Pe. Ângelo Lôndero e publicado em Santa Maria em 2002 (pág.1-170), estão os seguintes artigos do Pe. Dorvalino Rubin: Vicente Pallotti: carisma e institucionalização, Vicente Pallotti e seu carisma, Donde parte a proposta evangelizadora de Pallotti, Igreja-Missão em Pallotti, Pallotti e Sóror Maria de Jesus de Ágreda, A fé e a caridade: uma só experiência de vida. A partir de Pallotti, uma teologia da criação?, Antes de mais nada, crer no "Amor Infinito" Dizer Pallotti hoje: Como ele dizia outrora, como ele diria hoje, Nossa Senhora de Pallotti e Dimensão laical da igreja a partir de Maria em Pallotti. No 2° volume de "Horizontes Palotinos" estão os seguintes artigos do Pe. Dorvalino: Imagem da Rainha dos Apóstolos, Oitavário da Epifania e São Vicente Pallotti e os jovens.
5. Falecimento e sepultura
Em vida, Pe. Dorvalino não esteve alheio ao sofrimento físico e espiritual. Por duas vezes, teve que submeter-se a delicadas cirurgias para implantação de uma prótese, e os médicos não se arriscaram a fazer uma terceira e por isso caminhar era penoso para ele. Sofreu isso particularmente no último ano de sua vida. Além desses, apareceram também sérios problemas de coração e de pulmões, o que lhe impedia a comunicação oral. Esteve mais de um mês no Hospital de Caridade, em Santa Maria, e quase um mês inteiro na UTI. Entre as sete e as oito horas da manhã, de 10 de agosto de 2009, cessou a vida de Pe. Dorvalino na terra. Ele entregou-se totalmente ao Deus Uno e Trino que, certamente, o acolheu consigo para sempre.
Seu corpo foi velado na Capela da Casa de Retiros em Santa Maria, onde foi visitado por muitos membros de comunidades religiosas, por Dom Hélio Adelar Rubert e por muitos leigos cristãos.
Às 18h da tarde do dia 10 de agosto, padres e seminaristas do Colégio Máximo Palotino rezaram as Vésperas junto ao corpo do falecido. E, às 19h30 min, houve missa, presidida pelo Pe. Francisco Bianchin. No fim da missa chegou, de Cascavel, seu irmão Pe. Achylle.
Perto das 08h da manhã do dia 11/08/09 o seu corpo foi conduzido à Matriz de Vale Vêneto, onde o aguardavam muitos parentes, amigos e confrades. Houve fervorosa celebração eucarística presidida pelo Reitor Provincial, Pe. Erno Aloísio Schlindwein, que concedeu a palavra ao Pe. Achylle Rubin que, comovido, lembrou de fatos da vida do irmão Dorvalino. Feita a encomendação na Igreja e no Cemitério Palotino, o seu corpo foi sepultado no cemitério dos padres e irmãos palotinos.