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Notícias

23/07/2024 - In Memoriam

Padre Ernesto Ferrari (1908-1965)

No dia 23 de julho de 1965, às 2h10min, assistido por três sacerdotes, confortado com todos os sacramentos e conformado com a vontade de Deus, faleceu, no Hospital de Caridade, em Santa Maria, o Pe. Ernesto Ferrari. Tinha 57 anos de idade, 38 de vida religiosa e 33 de sacerdócio.

Nasceu em Nova Palma, aos 13 de junho de 1908. Foi o sexto dos seis filhos e duas filhas do abençoado casal João Ferrari e Joana Stefanelllo. Em 1920, ingressou no Seminário de Vale Vêneto, onde fez os estudos primários e o Noviciado. O ginásio, Filosofia e Teologia, cursou-os em São Leopoldo, no Seminário Imaculada Conceição, dirigido pelos Padres Jesuítas.

Aos 27 de dezembro de 1932, Dom Antônio Reis conferiu-lhe a ordenação sacerdotal, em Nova Palma, junto com o Pe. Benjamim Ragagnin. Teve a ventura de pertencer a uma família verdadeiramente sacerdotal, com mais três irmãos padres, a saber: Monsenhor Valentin Ferrari, Capelão do Colégio Santa Maria; Pe. André Ferrari, S.A.C., vigário cooperador na Paróquia das Dores, em Santa Maria; e o Pe. Otávio Ferrari, pároco de São Sepé. Entre os parentes próximos, conta-se quase uma dezena de padres e maior número ainda de irmãs religiosas. Famílias assim, constituem verdadeira bênção do céu para a Igreja e para o povo de Deus!

Os 33 anos de seu sacerdócio, Pe. Ernesto passou-os modestamente trabalhando nos educandários da Província. Ocupou, sucessivamente, os seguintes cargos: em 1934, professor e vice-diretor do Patronato A. Ramos, de Santa Maria; em 1936, professor no Colégio Santo Alberto, em Augusto Pestana; em 1939, professor e ecônomo no Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto; em 1944, professor e vice-diretor do Patronato, em Santa Maria; em 1947, diretor do Patronato; em 1951, por alguns meses, vigário cooperador da Paróquia de Fátima, em Porto Alegre e, depois, professor e ecônomo no Seminário, em Vale Vêneto; em 1962, ecônomo do Colégio São Vicente Pallotti, São João do Polêsine; em 1965, ecônomo do Patronato, em Santa Maria, onde o câncer veio ceifar lhe a vida, em cinco meses de intensos sofrimentos, suportados sem queixas e com admirável resignação e paciência. Quando perguntado como estava passando, respondia: "Sinto muita dor nas costas". Simples e obediente são duas palavras que formam o seu retrato. Não conheceu artifícios, nem segundas intenções. Um sacerdote que o conhecia bem, fez dele este merecido e honroso elogio: "Nunca ouvi o Pe. Ernesto fazendo críticas ou queixas contra os seus superiores". Costumava aceitar, de boa vontade, os cargos que lhe eram destinados.

Numa época em que o descontentamento e a rebeldia são a moda preferida por muitos, cresce o valor e o sentido do exemplo deixado pelo Pe. Ernesto. Para convencer-se disto, basta conhecer e refletir sobre as recentes advertências do Santo Padre, Paulo VI, proferidas para os milhares de peregrinos que foram ao Vaticano, no dia 07 de julho corrente: "Hoje, infelizmente, somos testemunhas do relaxamento no cumprir os deveres que a Igreja propôs até agora para a santificação e dignidade moral de seus filhos.

O espírito de crítica e até de rebelião e indocilidade põe em dúvida as normas sagradas da vida cristã. Muito se fala em libertação. O homem foi transformado no eixo de todos os cultos. A consciência é privada dos ensinamentos morais. A noção de pecado foi alterada. E se põe em xeque a obediência". Não foi, portanto, sem motivo, que o Espírito Santo afirmou na Bíblia: "O homem obediente proclama vitória!" (Prov. 21, 28). E isto vale também hoje, e para todos nós!

Pe. Ernesto foi velado, das 8 às 10h30min, no Patronato, onde foram rezadas quatro missas de corpo presente. Às 10h30min foi transladado para a Igreja das Dores, onde Pe. Dorvalino Rubin e Pe. Hilário Cervo celebraram a santa missa em sufrágio de sua alma. Às 15h, em carro fúnebre, com grande acompanhamento, seguiu para Vale Vêneto. Na matriz, repleta de fiéis, entre os quais muitos sacerdotes e todos os seminaristas maiores, Mons. Valentim, Pe. André e Pe. Otávio, seus irmãos, celebraram três missas de corpo presente. Após as missas, Pe. Dorvalino Rubin fez o sermão, ressaltando principalmente a simplicidade e operosidade do Pe. Ernesto. Pe. Ernesto representou bem o mistério de Cristo em Nazaré. O Pe. Benjamin Ragagnin, pároco de Vale Vêneto, oficiou a encomendação. No cemitério, no ato do sepultamento, falou em nome da família Ferrari, o Pe. Erico Ferrari, recordando em breves tópicos a vida do Pe. Ernesto e agradecendo tudo o que os padres palotinos fizeram por ele, particularmente em sua enfermidade.

Por Pe. Alfredo Venturini, SAC