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Padre Pedro Reginatto (1921-2009)
A irmã Morte novamente visitou a Província e levou três confrades nesse ano de 2009: IIvo Santo Roratto, Isidoro Dalmolin e Pedro Reginato. Pe. Pedro Reginato faleceu em 24 de julho de 2009. Da sua própria biografia apresentam-se alguns pontos importantes para a memória da Província.
1. Família
Seus pais, Pietro Reginato e Isabella Bertuola, eram italianos e viviam em Fanzolo, no município de Vedelago, na Província de Treviso, no norte da Itália. Como escreveu o Pe. Pedro: "era difícil para o povo italiano, especialmente no norte da Itália, onde a guerra de 1914 a 1918 havia destruído casas, lavouras, parreiras e pomares, ceifado vidas de crianças, de jovens, de adultos e soldados, aos milhões. Meu pai havia combatido durante quatro anos nos campos de batalha da Áustria, Alemanha e Itália. Meus sete irmãos tinham de um a dezessete anos de idade. Nossa mãe, mais de uma vez, precisou recorrer à ajuda dos vizinhos ou da paróquia... A América oferecia possibilidades de sobrevivência com muita facilidade".
Pietro e Isabella tiveram os filhos: Norma (1903), Giordano (1905), Carlos (1906), Giovanni Battista (1908), Giovana (1911), Narciso (1911 falecido ainda criança) e Pedro, o Pe. Pietro (1921). Pedro nasceu em 12 de agosto de 1921, e, naquele mesmo ano, foi batizado na igreja Matriz de Fanzolo. Pedro nasceu quando seu pai já era falecido e, a respeito de sua morte, escreveu: "Infelizmente, em janeiro de 1921, meu pai foi estupidamente assassinado na nossa cidade natal. Em mim ficaram marcas fortes deste fato, traumas, conforme se constata em pesquisa do inconsciente (em terapia).
2. Vinda da família ao Brasil
A filha Norma, a primeira entre os irmãos, em 1922, casou-se com Artur Marion, filho de Gioachino e Marina. Esse casal, em 1923, com seus quatro flhos imigrou para o Rio Grande do Sul. A mãe do Pe. Pedro resolveu deixar a Itália e vir para o Brasil, já que sua filha Norma já estava no Brasil. Embarcaram no navio Nazário Sauro, no dia 24 de setembro de 1924. Foram recebidos, em Santos, pelo filho irmão Jordão que providenciara o trem até a terra em que iriam morar e trabalhar, isto é, em Vila Olímpia, no nordeste de São Paulo.
A família Reginatto permaneceu em Vila Olímpia, de outubro de 1924 até outubro de 1926, em meio aos cafezais, cultivo de feijão, milho e cana, sempre como empregados ou arrendatários. Por causa do calor excessivo e por falta de conforto, a família pensou em mudar-se para o Rio Grande do Sul.
Em 1925, Carlos (irmão do Pe. Pedro) partiu de Vila Olímpia e veio para Santa Maria. Passados vários meses, mandou uma carta à mãe, contando que tinha achado terra e casa onde se podia morar e trabalhar de arrendatários. Ao receber a carta de Carlos, a mãe e os filhos resolveram vir para Santa Maria. Mais especificamente, numa casa de alvenaria, situada na encosta da serra de São Martinho, ficando nesse local por três anos (1926-1928). Após esse período tranquilo e feliz, seu irmão Jordão conseguiu comprar um pedaço de terra entre montanhas, numa garganta apertada, ao sopé a serra de Santo Inácio, e para lá foi toda família no final de 1928.
O lugar era chamado Cerro da Figuera porque num pico mais saliente da cordilheira, sobressaía uma grande figueira. Lá o Pe. Pedro frequentou a Escola de Lajeadinho. Sendo a família muito religiosa, principalmente pela vivência da mãe, quase todas as noites tinha-se a reza do terço e todos os domingos frequentava-se a capela dedicada a Santo Antônio. Pe. Pedro fez a primeira comunhão na referida capela e após esse momento o Pe. André o convidou para entrar no seminário. Ao ficar ciente do convite, sua mãe demonstrou muita felicidade.
3. Formação ordinária
Nos primeiros dias de março de 1932, quando Pedro nem tinha ainda onze anos, despediu-se de sua mãe e irmãos e tomou a direção de Vale Vêneto. O pequeno Pedro fez, em 1932, o terceiro ano primário. Embora com dificuldades, mas com a ajuda do Irmão Ademar Rocha, ele passou o primeiro ano. No segundo ano, ele melhorou o seu aprendizado e conseguiu notas boas, de tal modo que obteve o primeiro lugar nos primeiros bimestres.
Pe. Pedro participou na inauguração da segunda ala do Seminário de Vale Vêneto, em 22 de janeiro de 1933. Em 1934, começou a funcionar no Seminário também a escola secundária ou o curso ginasial, o qual Pe. Pedro frequentou, como nos demais anos. Em 1938. Pedro Reginato, terminou os estudos secundários, em Vale Vêneto, juntamente com Alfredo Venturini, Artur Stefanello, Carlos Balzan, José Daniel, Fredesvindo Marchiori, Luiz Bertei, Santo Pigatto, Waldemar Rocha e Florindo Daniel. Em 1939, Pedro Reginato começou o primeiro ano de Noviciado, no dia 04 de março de 1939, juntamente com Artur Stefanello, Napoleão Rorigues e Fredesvindo Marchiori.
Durante o segundo ano de Noviciado, o noviço podia começar o Curso de Filosofia e, por isso, em 1940, Pedro Reginato iniciou o curso de Filosofia, no Seminário Central de São Leopoldo.
Em 1941, os superiores solicitaram ao Pedro Reginato que interrompesse os seus estudos para dar algumas aulas em Vale Vêneto, no curso ginasial. Ele aceitou o proposto e, entre os anos de 1942 e 1943, terminou o curso de Filosofia em São João do Polêsine. Entre os anos de 1944 e 1947, fez os estudos teológicos em São Leopoldo, na faculdade dos Jesuítas, sendo ordenado no final dos estudos.
4. Apostolado
Em 1948, Pe. Pedro assumiu seu primeiro trabalho paroquial, foi convidado a trabalhar na Paróquia de São Paulo, município de Sobradinho. No ano seguinte, foi chamado para ser professor no Seminário, no curso de Filosofia.
No ano de 1954, recebeu a cidadania brasileira. Em 1955, fez um período de Pedagogia e Biologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS) de Porto Alegre e, de 1956 a 1962, lecionou no Seminário as disciplinas de física, química e biologia, das quais se ocupou em Vale Vêneto de 1963 a 1968. Foi no dia 27 de junho de 1968 que Padre Pedro Reginato chegou ao município de Palotina, no Estado do Paraná, acompanhado dos padres Bernardino Trevisan e Gervásio Pivetta.
Pedro Reginato tinha a missão de reorganizar os trabalhos da construção do seminário, que tinham tido uma paralisação prolongada. A construção do seminário começou no dia 25 de janeiro de 1967. Naquela época, o povo se alternava em trabalhos diversos de preparação do terreno e na abertura de mais de mil metros de chão para a rede de água.
Projetado para atender cem jovens internos, com quase 4 mil metros de construção, no dia 10 de maio de 1970 foi inaugurado o Seminário Palotino. Conta o Pe. Pedro que estiveram presentes dois bispos, Dom Armando, de Toledo e Dom Eliseu, de Campo Mourão. Iniciou-se a celebração com a bênção dos três pavilhões e a missa solene com a presença de umas dez mil pessoas.
Terminada a descrita missão, Pe. Pedro permaneceu em Palotina, dedicando-se em muitas outras atividades e trabalhos pastorais até a sua partida para a vida eterna.
Tão significativos foram os trabalhos feitos pelo Pe. Pedro para a comunidade de Palotina, que no dia 17 de abril de 1990 ele recebeu o título de Cidadão Honorário de Palotina. O acontecimento foi marcado pela presença das autoridades municipais, do representante do senhor bispo e do representante do superior provincial.
Ele também foi um admirador da música clássica e aprendeu a pintura a óleo. Escreveu e publicou oito livros, o primeiro em 1979 sobre a História de Palotina e o último em 2008, onde registrou acontecimentos dos cinquenta anos da Paróquia São Vicente Pallotti.
Seu lazer era a pesca, acompanhada do maior hobby, a fotografia, o fez deixar um legado de registros tanto do município quanto das viagens que fazia. Sobre esta prática, descreve: "Os registros fazem parte da história. Acredito que fotografando estou eternizando momentos da nossa vida que para mim são bens públicos".
5. Despedida e mensagem
Na manhã do dia 24, sexta-feira, véspera do aniversário de Palotina, a comunidade acordou com a notícia do falecimento de Padre Pedro Reginato, um dedicado cidadão, não só à religiosidade, servindo a comunidade católica, mas também à memória do município. A notícia triste logo se espalhou, ganhou as ruas e os lares palotinenses.
A sexta-feira foi de homenagens e reconhecimento da valiosa contribuição prestada pelo padre pioneiro. Primeiro, a comunidade compareceu, rezou, cantou; depois lideranças municipais prestaram homenagens. Mais tarde uma missa, outras homenagens, entre elas as vozes do Coral São Pedro que leva o nome do padre.
A celebração antes do sepultamento, foi realizada na igreja matriz, que estava locada, tendo inclusive a presença do Bispo da Diocese de Toledo e dezenas de padres que vieram especialmente para o último adeus. E, no silêncio, em oração ou até cantando hinos preferidos do padre, o corpo seguiu para o cemitério municipal.