PE. VALENTIN ZANCAN , SAC

Nasceu em Ivorá - RS, aos 26 de outubro de 1885. Com nove anos de idade, atendendo ao chamado da graça, decidiu-se a abandonar o lar e a terra da "água corrente" para ingressar no Seminário dos Palotinos de Tristeza, situado nos subúrbios de Porto Alegre. Ali, em sete anos, fez o curso de Humanidades (1° e 2º Graus).

Em 1900 vestiu o hábito da S.A.C. e aí mesmo fez o Noviciado. Com 16 anos começou os estudos filosóficos. Sua primeira profissão religiosa data de 08 de dezembro de 1902. Terminados os estudos filosóficos foi a Porto Alegre para os estudos teológicos. Foi ordenado sacerdote aos 30 de novembro de 1909, em Tristeza, por Dom Cláudio J. G. Ponce de Leão.

Seu primeiro campo de apostolado foi Silveira Martins - RS, como vigário cooperador do Pe. Frederico Schwinn, de 1911 a 1918. Em 1919, devido à 1 Guerra Mundial, sendo que os estrangeiros não podiam ocupar cargos, Pe. Valentim tornou-se pároco, cujo cargo ocupou por três anos. A seguir, foi nomeado pároco em Vale Vêneto.

Das qualidades pessoais de Pe. Zancan sabe-se que era um homem muito ativo e capaz de grandes empreendimentos. Sua vontade não se alquebrava diante das maiores dificuldades. Como exemplo disso, narra-se que ele não entendia absolutamente nada de música e nem sequer tinha voz para fazer vibrar a tonalidade de um "dó" afinado, entretanto, nas paróquias para onde era designado pároco, em pouco tempo era capaz de formar um excelente coral e até uma pequena banda musical. Era de gênio social, amigo das horas alegres de todos. Quem quisesse ouvi-lo narrar algum fato, tinha que ir prevenido de tempo e paciência, pois as histórias eram descritas aos pormenores e pachorrentamente.

Deixou Vale Vêneto em 1925, passando a exercer o vicariato em Arroio Grande, até 1930. De lá voltou a Vale Vêneto como pároco e mestre de obras da segunda ala do Seminário Rainha dos Apóstolos. E de notar que a construção deste Seminário exigiu grandes sacrifícios. Cada palmo dele representava um pequeno donativo do bom povo e uma gota de suor dos zelosos sacerdotes que ali gastavam suas energias. De Vale Vêneto, muitas vezes Pe. Zancan saía a cavalo para atender às capelas de Ribeirão, Polêsine, Santos Anjos, Faxinal do Soturno e Nova Palma.

Em dezembro de 1926 ele foi nomeado, juntamente com Pe. Rafael Iop, Conselheiro da Região Brasileira, sendo Superior Regional Pe. João lop. Com 58 anos de idade, Pe. Zancan já se achava um tanto enfermo das vistas.

Por esse tempo foi transferido para Erebango - RS, juntamente com Pe. Rafael Pivetta. Ali exerceu o cargo de Capelão Militar. Para fugir à cegueira, recorreu a todos os meios, até mesmo submetendo-se a uma séria cirurgia por médicos especialistas de Porto Alegre. Parece que foram baldados seus esforços, pois a eterna noite acolheu-o antes da extinção da vida. Além de cego, Pe. Zancan passou a sofrer do coração. Nestas tribulações sofreu até 13 de julho de 1953, quando a morte o colheu em definitivo.

Seus últimos anos de vida caracterizaram-se pela grande paciência com que suportava os sofrimentos e pela santa resignação em seguir a voz da Providência Divina. De Erebango, seu cadáver, acompanhado pelo Pe. Rafael Pivetta, foi transportado para Vale Vêneto, onde recebeu sepultura. Assim partiu Pe. Zancan, deixando-nos um grande exemplo de atividades, empreendimentos, otimismo, alegria e de amor profundo por sua vocação. A posteridade deverá seguir o grande exemplo deste herói.

 Por Theonildo Paganotto