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16/02/2025 - In Memoriam

Pe. Achilles Bortolo Rossato (1923-2013)

Seguindo a história dos consagrados da Província Nossa Senhora Conquistadora, aqui está mais um confrade dentre aqueles que bem viveram com generosidade e fidelidade o sacerdócio cristão como palotino.

1.  Nascimento e Família

Pe. Pe. Achilles Bortolo Rossato nasceu na paróquia de Nova Palma, no dia 28 de abril de 1923, então município de Júlio de Castilhos. Seus pais eram Guerino Rossato e Angela Razia. Seus avós paternos, Justo Rossato e Maria Trento, em 1885, vieram da Itália e, em 1886, estabeleceram-se na Linha 05 de Nova Palma, então chamada Soturno. Seus avós maternos eram Bortolo Razia e Luiza Boton, também vindos da Itália.

Guerino Rossato e Ângela Razia tiveram dez filhos: Maria Madalena, Augusto Justo, Davi (morreu ao nascer), Achille Bórtolo, Lúcia, Regina, Albina, Luiza, Benjamim e Celestino. Achille era o quarto dos filhos. Sua família era profundamente religiosa e muito enriquecida pelo trabalho pastoral dos palotinos Francisco Burmann (1868- 1945) e João Zanella (1883-1955). Em toda a paróquia havia vivo e grande interesse e empenho pelas vocações sacerdotais e religiosas, e também pela sua formação, e neste clima nasceu também a vocação sacerdotal palotina do jovem Achille.

Nas suas memórias, Achille destacou o Pe. Francisco Burmann na Paróquia de Nova Palma: "Na época em que eu vim ao mundo, a nossa-paróquia (Nova Palma) era atendida pelos padres palotinos. Destacou-se, naquela época, o Pe. Francisco Burmann. Foi aquele que celebrou o casamento de meus pais. Dele, meus pais só falavam bem. Conta-se até que se percebia algumas coisas que aconteciam à distância, percebia quando a pessoa doente precisava de Padre para administrar-lhe os últimos sacramentos. De repente, aparecia ele na casa do doente para atendê-lo. Contavam meus pais que quando, na Alemanha, faleceu a mãe dele, ele estava fazendo o sermão; fez uma pausa e anunciou que sua mãe acabara de falecer. Sucedeu-lhe na Paróquia o Pe. João Zanella. Foi aquele que me batizou e com ele fiz a primeira comunhão. Dele só ouvi falar de coisas boas. Assim que a imagem que eu tinha dos padres palotinos não podia ser melhor".

2.  Formação

Achille fez todos os seus estudos em casas palotinas. Tendo iniciado o estudo primário em Nova Palma, completou-o em 1936, no Colégio Santo Alberto, em Cadeado, então município de Ijuí, hoje Augusto Pestana. O Colégio Santo Alberto tinha sido construído e era também dirigido pelo Pe. Francisco Burmann e contava também com professores palotinos. Achille esteve naquele ano em Cadeado, porque o Seminário Rainha dos Apóstolos de Vale Vêneto não podia mais acolher novos alunos, já que, desde 1935, tinha o curso ginasial e também noviciado até 1938.

Achille, de 1937 a 1942, fez os estudos ginasiais em Vale Vêneto. De 1943 a 1945, fez o noviciado na casa de São João do Polêsine, em 1938, sob a orientação do Mestre Agostinho Michelotti. A respeito do seu Mestre, Achille escreveu: "O nosso Mestre de noviços foi o Pe. Agostinho Michelotti. Eu admirava esse Padre pela sua sabedoria, sua prudência e sua vida espiritual. Durante o primeiro ano estudamos a vida do fundador, São Vicente Pallotti e seus ideais de Apostolado; a natureza da Sociedade fundada por Vicente Pallotti, suas exigências e obrigações. Tínhamos, todos os dias, palestras e trabalhos. Foi um ano bem aproveitado".

 São João do Polêsine pertencia, então, ao município de Cachoeira do Sul e, em 1941, na casa de noviciado, a Província Nossa Senhora Conquistadora, criada em 1940, abriu o Curso de Filosofia. Achille começou o noviciado em 1943 e, durante o segundo ano de noviciado, iniciou o estudo da filosofia que completou em 1946. Após o curso de filosofia, os estudantes passavam um ano nas casas de formação, especialmente em Vale Vêneto, cuidando dos alunos, trabalhando com eles, instruindo-os e educando-os. Em 1947, Achille esteve no Seminário de Vale Vêneto como prefeito dos grandes e como professor de português e latim.

Em 1948, a Província também abriu na casa de São João do Polêsine (o Noviciado havia sido transferido para Augusto Pestana em 1945) o Curso de Teologia. Até aqueles anos, os estudos de filosofia e teologia eram feitos no Seminário Central de São Leopoldo, dirigido pelos Jesuítas. Em 1948, portanto, Achille foi um dos primeiros alunos de Teologia em São João do Polêsine. Foi ordenado sacerdote, no final do terceiro ano, no dia 24 de dezembro de 1950 e, no ano seguinte, como padre fez o quarto ano de teologia.

3.  Ordenação sacerdotal

Achille disse ter-se preparado "com muito cuidado e esforço para a ordenação sacerdotal". Junto com oito companheiros recebeu a ordenação de diácono no dia 23 de dezembro de 1950, em Santa Maria, e a ordenação sacerdotal em 24 de dezembro, na igreja matriz de São João do Polêsine. Tudo das mãos de Dom Antônio Reis. O ano de 1950 foi para ele também um ano especial, pois foi Ano Santo e também Ano da Beatificação de Vicente Pallotti. Estas festas marcaram e enriqueceram muito o espírito do Padre Achille.

Como lema para a sua vida sacerdotal, escolheu esta frase: "Sei em quem acreditei". E sobre este lema, mais tarde, escreveu: "Este lema me ajudou e ainda me ajuda muito na vida, especialmente nos momentos difíceis, porque ele expressa a confiança nas mãos de Deus e a consequente entrega nas suas mãos. Ele me ajuda também no trabalho pastoral com as pessoas que procuram uma orientação nas suas dificuldades e dúvidas. A certeza de que Deus nos ama com amor de pai infunde no nosso interior a paz e a tranquilidade em nosso trabalho e vivência cristã".

Pe. Achille, durante 63 anos, foi grande sacerdote, grande trabalhador e grande servidor de Deus e dos irmãos, muitas vezes no silêncio e, talvez, muitas vezes sem reconhecimentos e aplausos, porque a sua força vinha de Deus que quer o bem de todos os seus filhos. Ao celebrar os seus 25 anos de padre, em 1975, dizia com o salmista: "Quão amáveis são as tuas moradas, Senhor! Ó Deus, nosso protetor, olha para nós e põe os olhos no rosto do teu ungido!" (Sl. 83,2,11).

E ao celebrar os 50 anos de sacerdócio, assim confessava: "Sei a quem me doei e jamais me arrependi. Meus sentimentos são de gratidão, louvor e saudades. Dou graças a Deus pela idade que tenho. Ela me oferece certo equilíbrio de espírito. Meu futuro está nas mãos de Deus. Não tenho outro sonho senão ser fiel a Ele até o fim". Estava muito feliz de ter acolhido o convite de Jesus Cristo e sobre sua vocação escrevia: "Toda vocação é boa, até ótima, se for bem vivida. Vale a pena ser padre, é um privilégio. Sacrifícios e renúncias temos em todas as vocações. O que importa é não esmorecer porque a graça de Deus nunca falha. E muita oração. Sem oração creio ser impossível perseverar na vocação e viver bem na mesma".

4.  Atuação pastoral e educacional

Depois de, em 1951, completar o Curso de Teologia, Pe. Achille, em 1952-1953, esteve trabalhando como coadjutor na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria. Em 1954, foi coadjutor na Paróquia de Nova Palma, onde esteve até o fim de 1955. De 1956 a 1959, assumiu a Paróquia São José, em Augusto Pestana, e lá permaneceu como coadjutor até o fim de 1961. Durante a sua estadia em Augusto Pestana, quis preparar-se também para o ensino nas escolas, frequentando a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras dos Padres Capuchinhos em Ijuí. Em 12 de março de 1961 tornou-se Bacharel em Pedagogia e, em 1963, fez o Curso de Orientação Educacional.

No ano 1962, foi vigário cooperador na Paróquia Santa Cecília, em Humaita, onde esteve até o fim de 1963. Em 1964, foi vigário cooperador na Paróquia São João Batista, em Santo Augusto, onde assumiu também a direção do Ginásio Estadual. Trabalhou ativamente em Santo Augusto até 1970, quando foi transferido para São João do Polêsine, onde trabalhou como coadjutor na Paróquia São João Batista e também como professor na Escola Municipal, até o fim de fevereiro de 1971. No início de março de 1971, veio para o Patronato, em Santa Maria, onde assumiu a direção do Ginásio Industrial Antônio Alves Ramos. Com prazer, durante onze anos, trabalhou na escola industrial, de onde saíram profissionais habilitados para trabalhar na sociedade. Era escola profissional de tipografia, de torno, de ajustagem, de marcenaria e de técnicas agrícolas. Além da direção do Ginásio, ele lecionava Educação Religiosa para todas as turmas. O Ginásio Industrial continuou até 1975, quando houve reforma do ensino. Em 1975, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Imaculada Conceição em Santa Maria, ele completou o Curso de Administração Escolar. Além do trabalho no Ginásio Industrial, ele atendia pastoralmente as comunidades periféricas da Paróquia Santo Antônio: Vila Caramelo (hoje Paróquia São João Evangelista), Vila Jockey Club e Vila Rigão.

De 01 de março de 1982 até 01 de março de 1985, foi vigário cooperador, na Catedral do Espírito Santo em Cruz Alta. Além desse trabalho pastoral, continuou o seu trabalho de educador, lecionando na Escola Margarida Pardelhas. Em 1985, cessou o trabalho nas escolas. De 01 de março de 1985 até 01 de março de 1987, foi cooperador, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Cruz Alta e, de 01 de março de 1987 até 01 de março de 1990, foi também o seu pároco.

Em 01 de março de 1990 até 01 de março de 1992, atuou como pároco em São João do Polêsine. Em primeiro de março de 1992, assumiu a Paróquia Santo Antônio, perto do Patronato, onde ficou até o fim de 2004. De 2005 até começo de 2006 esteve na Casa de Retiros, em Santa Maria, atuando também como Capelão do Hospital de Caridade. Do começo de 2006 até sua partida para uma nova vida, morou no Patronato, onde no dia 28 de abril deste ano completaria os 90 anos de vida.

5.  Falecimento e sepultamento

Pe. Achille gozava de boa saúde e nunca se queixou de doenças. Só nos últimos meses de 2012, começou a sentir-se mais fraco, diminuiu seu trabalho diário na horta, pois gostava de cultivar plantas pequenas e grandes, esteve hospitalizado várias vezes, sofreu cirurgia e o Ano Novo foi totalmente novo para ele, pois, no dia 16 de fevereiro, no Hospital de Caridade, às 02 horas, Cristo quis tê-lo para sempre consigo. Múltipla foi a causa da sua morte: parada cardíaca, carcinoma gástrico, hemotórax drenado.

O seu corpo foi velado na igreja matriz de Santo Antônio, Bairro Patronato, onde foi visitado por muitas pessoas conhecidas daquela paróquia. As dezesseis horas, houve a celebração eucarística de despedida, na mesma igreja em que por 13 anos ele foi pároco. Após a celebração eucarística, o seu corpo foi transladado diretamente para o Cemitério dos Padres e Irmãos Palotinos, em Vale Vêneto, onde foi sepultado.

Agora fica o sentimento de ação de graças a Deus pelo dom que o Pe. Achilles foi para tantas pessoas e a súplica para que Deus o tenha consigo e o torne participante na gloriosa ressurreição de seu Filho Jesus Cristo que disse: "Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles me deste, me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo" (Jo 17,24).