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Notícias

15/06/2024 - In Memoriam

Pe. José Carlos Stefanello (1952-2011)

1.  FAMÍLIA

José Carlos nasceu em Novo Paraíso, município de Nova Palma (RS), em 19 de dezembro de 1952. Seus pais eram Albino Stefanello e Ângela Pegoraro Stefanello. Este casal teve nove filhos e uma filha. Era uma família de profunda vivência cristã. O pai, Albino, sempre colaborou nas atividades religiosas de sua comunidade. Ao lado de sua casa, tinha sido construído um pequeno Santuário da Mãe Rainha Três Vezes Admirável, para onde o povo realizava romarias e vinha rezar.

No seu depoimento, por ocasião do jubileu de prata sacerdotal, Pe. José Carlos manifestou que todos os dias rezavam o terço em família e, nos fins de semana, frequentavam a missa ou o culto na capela da comunidade. Dos nove filhos, quatro foram ordenados presbíteros. Dois, depois, se laicizaram.

 2.  ESTUDOS

Pe. José Carlos fez seus primeiros estudos na escola municipal de Novo Paraíso, que distava uns dois quilômetros de casa e que eram percorridos a pé todos os dias. José Carlos decidiu ir para o Seminário porque lá estavam dois de seus irmãos. Ingressou no Pré-Seminário de Faxinal do Soturno (RS) em 1964. Depois, passou para Vale Vêneto (RS), e aí completou o chamado Ensino Médio.

 Nessa época, o Noviciado ou Ano Introdutório, era substituído pela participação diária nas aulas do Instituto Diocesano de Pastoral Catequética (DPC), em Santa Maria (RS), com acompanhamento, no Colégio Máximo Palotino (CMP), de um padre. Para este grupo, o formador foi Loadi Stefanello, que suplementava com reuniões e estudos sobre Pallotti, à tarde, e em muitas outras oportunidades, com retiros e dias de formação específica.

O curso de Filosofia foi realizado na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), para onde Zeca e colegas se dirigiam, todos os dias, de carona ou de Kombi. O curso de Teologia foi realizado no Colégio Máximo Palotino. A primeira Consagração a Deus na Sociedade do Apostolado Católico (SAC) dos Padres e Irmãos Palotinos foi emitida a 15 de abril de 1976.

E a Consagração Perpétua, em 21 de setembro de 1980. Recebeu o Diaconato em 20 de outubro de 1980. A ordenação sacerdotal aconteceu em Faxinal do Soturno, pelo bispo Dom Ivo Lorscheiter, então bispo de Santa Maria, juntamente com o colega José Carlos de Melo, a 21 de dezembro de 1980. E a primeira missa, na sua terra natal, na comunidade de Novo Paraíso.

 3.  APOSTOLADO

Pe. José Carlos foi enviado ao Mato Grosso do Sul e lá exerceu quase todo o seu apostolado. Quase todo, pois trabalhou alguns anos na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Colorado D’Oeste (RO).

A primeira paróquia em que trabalhou foi Glória de Dourados (MS), onde esteve duas vezes e onde viveu uns dez anos de seus trinta de sacerdócio. Antes de morrer, tinha manifestado o desejo de ser enterrado nesta cidade.

Pe. José Carlos, no seu depoimento por ocasião do jubileu de prata sacerdotal, manifestou ter gratas recordações desses primeiros anos vividos em Glória de Dourados. Sentia-se comovido quando falava do Pe. Gervásio Pivetta, que era o pároco: “O Pe. Gervásio foi um pai para mim e me ajudou muito nos meus primeiros anos de apostolado. Certa vez, na minha primeira celebração da Páscoa, na missa solene da Ressurreição, nós celebramos juntos. Alguém, no final comentou: Parecia até o pai ensinando o filho! O que sou hoje devo muito a ele”.

Pe. José Carlos dedicou muito tempo, carinho e empenho no atendimento e acompanhamento da pastoral da juventude. Estava presente, promovia grupos, dava cursos de formação e mostrava muito carinho pelos jovens. Era correspondido, com muita estima por parte deles.

Depois de um tempo em que trabalhou na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, de Dourados (MS), foi transferido para outra paróquia. No Arquivo Provincial, há uma carta da juventude dessa paróquia, com muitos abaixo-assinados, pedindo aos superiores a permanência na paróquia, porque Padre José Carlos e o único padre que tem dedicado maior parcela de tempo à juventude desta paróquia… Pedimos encarecidamente que o nosso padre e amigo tão querido permaneça entre nós.

Outro campo que Pe. José Carlos dedicou muito tempo e esforço foi a formação de lideranças. Diz ele, no citado depoimento: “Durante o tempo de apostolado, me dediquei bastante ao trabalho com os jovens, especialmente em Glória de Dourados, Dourados, Amambaí, todas no MS, em Colorado do Oeste (RO). Também trabalhei muito na formação de lideranças, entre elas, catequistas, ministros, coordenadores de comunidades, grupos de famílias etc. E acrescenta: “Um outro setor que sempre gostei de incentivar e organizar foram as celebrações, procurando formar equipes de preparação da liturgia e animação”.

Pe. José Carlos trabalhou nas paróquias de Glória de Dourados, Nossa Senhora de Fátima de Dourados, Amambaí e Vicentina, Mato Grosso do Sul.

Trabalhou cinco anos em Colorado do Oeste, de 1989 a 1993. Em 1993, estando em Colorado do Oeste, pediu aos superiores que lhe concedessem um ano para fazer algum curso de renovação e descansar. Diz na carta: “Sinto que preciso parar um pouco para refazer minhas forças corporais e espirituais, para continuar a missão que Cristo me confiou… Venho solicitar um ano para estudar, tratar da saúde e descansar um pouco”. Os superiores prontamente atenderam seu pedido e, em 1980, foi a Belo Horizonte (MG), onde pôde fazer o que tinha pedido. A respeito de sua experiência pastoral, Pe. José Carlos observou: “O grande desafio pastoral é a inculturação. Devemos conhecer, amar e caminhar com esse povo. Não podemos atropelar as pessoas porque elas fogem para outras igrejas que as acolhem e as tratam melhor. E importante valorizar a cultura do povo, isto é, a sua religiosidade: romarias, bênçãos, etc”.

Em 2007, Pe. José Carlos foi para Nova Alvorada do Sul (MS), como Vigário Paroquial, sendo pároco o Pe. Gervasio Pivetta. Quando o Pe. Gervásio adoeceu e teve que sair, Pe. José Carlos foi nomeado Pároco dessa paróquia, onde veio a falecer. Pe. José Carlos foi um padre que manteve o espírito jovem. Tinha sempre um sorriso no rosto e era de agradável e de fácil convívio. Mesmo na enfermidade que o acometeu, manteve sua serenidade e alegria. Não fez coisas extraordinárias, mas sempre desempenhou com muito empenho suas responsabilidades. Tinha um jeito brincalhão e, por isso, tornava-se leve e agradável na convivência. Os colegas o reconheciam sendo de caráter simples, agradável e serviçal.

4.  MORTE E SEPULTAMENTO

Em relação à saúde, talvez tenha dado pouca importância aos avisos do organismo. Certo é que, em fevereiro, teve problemas sérios com seu coração. E, em consequência, foi submetido a uma cirurgia de ponte de safena num hospital de Dourados (MS). Tinha se recuperado bem e estava retornando às atividades.

No dia 14 de junho, começou a sentir certa tontura, mas insistia que era labirintite e não quis ir ao hospital naquela tarde, como seu colega Pe. Valdemar Secretti pedia. No dia seguinte, ainda insistia que, como não sentia dores, seu mal-estar era apenas labirintite. Pelo meio-dia, piorou.

Aí o levaram ao hospital de Alvorada do Sul, mas já era tarde. Ao chegar, o médico tentou reanimá-lo. Tinha falecido. O médico deu como causa do óbito enfarto agudo do miocárdio.

Seu corpo foi velado na Igreja de Alvorada do Sul até a meia-noite do dia 15. Depois foi levado para Glória de Dourados, pois ele tinha pedido para ser enterrado naquela cidade, a qual dedicara uns dez anos de seu sacerdócio. Aí, no dia 16 de junho, às 15h30min, houve missa de corpo presente, copresidida pelo seu mano, Pe. Reneu Stefanello, vindo de Manaus (AM), e pelo Vigário Geral da Diocese de Dourados, Pe. Alberto Wieser. O Bispo, Dom Redovino, não pôde estar presente, pois estava em viagem.

Participaram todos os padres Palotinos das comunidades do Mato Grosso do Sul e também diversos padres diocesanos e muito povo que lotou completamente a igreja. Viu-se que ele era muito estimado em Glória de Dourados. Houve diversos depoimentos de colegas. Pe. Reneu, seu irmão, que havia chegado, junto com alguns familiares, do Rio Grande do Sul, há apenas duas horas, em meio a dolorosas emoções destacou a presença do mano dentro da família, sublinhando o dom da sua vida que, segundo a palavra de Deus anunciada, culminava na ressurreição em Jesus Cristo.

Que Deus o tenha na plenitude de sua vida!