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Notícias

24/03/2025 - In Memoriam

Irmão Reik Narciso Burin (1935-2015)

As alegrias da festa dos 75 anos da Província Nossa Senhora Conquistadora, dos Padres e Irmãos Palotinos, foram também marcadas pelo sofrimento, embora tenhamos a certeza de que a vida não termina simplesmente com a morte. Toda vez que Jesus Cristo falou da sua morte falou também da sua ressurreição e também daqueles que creem nele: "Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6,40).

 Dentro de apenas um mês, a nossa Comunidade Provincial vivenciou e sentiu muito a partida dos dois irmãos, Aguinelo e Reik Narciso Burin, dois membros muito importantes. No dia 21 de fevereiro de 2015, a Comunidade Pe. Caetano Pagliuca, no Patronato, foi surpreendida pela partida para a vida eterna do Pe. Aguinelo Burin (1933-2015) e, no dia 24 de março, pela do Irmão Reik Narciso Burin. Junto com todos os seus familiares, nós, Palotinos, sentimos muito a sua partida, mas queremos unir-nos com todos eles também na oração. Assim como agradecemos a Deus e a todos os que deram a vida e ajudaram em tudo ao Pe. Aguinelo, queremos também agradecer-lhes pelo dom que nos deram no Irmão Reik Narciso. Com muita confiança pedimos a Deus que o tenha para sempre consigo e o torne feliz participante da sua própria vida e felicidade. Pedimos também que os dois irmãos sejam nossos intercessores junto a Deus, por todos os que ficamos e estamos caminhando para um dia nos reencontrarmos com eles.

Não é fácil escrever uma pequena biografia do Irmão Reik Narciso. Mesmo quando foi solicitado, nunca quis escrever algo a respeito de si mesmo e de seus trabalhos na Província Nossa Senhora Conquistadora, mesmo quando se tratava das suas festas jubilares de Consagração a Deus na Sociedade do Apostolado Católico, e, particularmente, na Província Nossa Senhora Conquistadora. E no Arquivo da Província acham-se quase somente datas, lugares e pouquíssimas palavras. Valendo-nos dos mesmos e também do que muitos disseram dele, após sua partida para uma nova vida, apresentamos um breve resumo da sua importante e também longa vida consagrada a Deus na Sociedade do Apostolado Católico.

1.   Seu nascimento

Reik Narciso nasceu, no dia 27 de junho de 1935, em Dona Francisca, e seus pais foram Angelo Burin (1899-1987) e Cezira Reffatti Burin (1905-1988). Eles eram pequenos, mas empreendedores agricultores. Tiveram 5 filhos e 5 filhas e souberam educá-los muito bem. Tanto Reik como Aguinelo recordavam com alegria e gratidão os seus queridos e dedicados pais que, desde o nascimento, entregaram a Deus os seus filhos e com alegria aceitaram que vários deles se consagrassem totalmente a Deus: Aguinelo como Padre palotino, Reik Narciso como Irmão palotino e Ignês como Irmã palotina. Além de os entregarem a Deus, sempre os acompanharam com a oração e com o apoio material.

Deus abençoa sempre uma família que deseja e se deixa abençoar por Ele. Faz-nos bem ouvir o testemunho do Pe. Aguinelo a respeito dos seus pais: "Os pais foram pessoas de muita fé e fidelidade à Igreja. Todos os domingos íamos à missa, em charrete de 4 rodas, cobrindo uma distância de uns seis quilômetros. Embora vivêssemos mais perto de Faxinal do Soturno (RS), íamos à missa em Dona Francisca, pois pertencíamos a esta paróquia. Em casa, todas as noites, rezávamos o terço em família. E sempre se rezava o Anjo do Senhor, antes do almoço".

2.   Sua formação e seus principais trabalhos

Reik Narciso iniciou a sua melhor formação em casa e no curso primário, iniciado, em 1942, na Linha do Soturno, e completado em 1946. Em 1947, ingressou no Seminário Rainha dos Apóstolos, Vale Vêneto, onde esteve até 1954, fazendo bem os seus estudos ginasiais. Desde a sua entrada no seminário, Reik pensou em ser Irmão palotino. Tinha todas as possibilidades de fazer os estudos exigidos para receber a ordenação sacerdotal, mas quis ser servidor de Cristo e dos irmãos através da oração e do trabalho feito com amor, mas sem o sacramento da Ordem. Era bastante dotado, amava muito a música e o canto, foi sempre um bom organista e com a música animou muitas celebrações.

Em 2 de fevereiro de 1954, iniciou o seu Noviciado, em Cadeado, então município de Ijuí (RS) e, hoje, Augusto Pestana (RS). Fez o segundo ano de noviciado, em 1955, em Vale Vêneto, trabalhando como prefeito no Pensionato Palotino. E ali, em 2 de fevereiro de 1956, fez a sua Primeira Consagração a Deus na Sociedade do Apostolado Católico. Fez a Consagração Perpétua, no dia 2 de fevereiro de 1958, quando estava trabalhando no Pré-Seminário São José, em Faxinal do Soturno, junto com o Irmão Odone Pedro Milanesi (1923-1992). Irmão Reik esteve em Faxinal do Soturno, desde março de 1956 até a metade de 1963, como Vice-Prefeito dos seminaristas menores. Como seu irmão Aguinelo, Reik Narciso, desde pequeno, gostou do trabalho e foi grande trabalhador, em todas as casas da Província, especialmente em Santa Maria e Porto Alegre.

De 18 de dezembro de 1963 até o fim de 1968, foi ecônomo no Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria, e, durante esse tempo, estudou especialmente economia e administração no Colégio Santa Maria, em Santa Maria. Estes cursos ajudaram- no muito em todos os trabalhos que fez especialmente em Porto Alegre e em Santa Maria. A deixar o Colégio Máximo Palotino, O Irmão Rik esteve na Casa de Retiros, em Santa Maria, de 1969 até 1972, trabalhando como auxiliar do ecônomo da Província Nossa Senhora Conquistadora, e, durante esse tempo, fez também o curso universitário em Economia, em Santa Maria.

A partir de 1972 até 2006, Irmão Reik foi o Diretor da Gráfica e Editora Pallotti em Porto Alegre. De 2007 a 2010 foi Diretor da Gráfica e Editora Pallotti e da Cerâmica Pallotti em Santa Maria. No segundo semestre de 2010 foi para São Leopoldo (RS) para acompanhar a transferência do complexo gráfico da capital para esta cidade metropolitana.

Em 2011 foi nomeado outra vez Diretor da Gráfica Pallotti agora instalada definitivamente em São Leopoldo, função exercida até o final de 2013. Em 07 de janeiro de 2014, o Reitor Provincial Edgar Xavier Ertl nomeou o Ir. Reik Burin como Diretor da Cerâmica Pallotti em Santa Maria e vice-reitor da Comunidade Local Pe. Caetano Pagliuca para o triênio (2014-2016). De 10 a 22 de junho de 1984, esteve na Alemanha, visitando a grande Exposição de Máquinas Gráficas DUPRA, em Düsseldorf. Aproveitou também essa viagem para visitar a então grande gráfica dos Palotinos em Limburgo. E, da Alemanha, foi para Roma, visitou a Casa Geral da Sociedade do Apostolado Católico, a igreja onde está o corpo intacto de São Vicente Pallotti, encontrou-se com os coirmãos brasileiros estudantes na Universidade Gregoriana, assistiu a uma canonização na Basílica São Pedro e viu muitos monumentos e grandes igrejas de Roma. Sempre mais interessado nas máquinas e nos trabalhos gráficos, esteve mais uma vez na Alemanha. Aceitou o convite da Associação Brasileira dos Amigos de Gutenberg (ABAG) de visitar a VIP TOUR HEIDELBERG, de 30/8 a 3/9/1993, em vários lugares da Alemanha.

Em 21 de outubro de 1991, o Reitor Geral da Sociedade, Pe. Martin Juritsch (1928- 1999), nomeou o Irmão Reik Narciso membro de uma Comissão de Irmãos da Sociedade, encarregada de elaborar um Documento de Estudo sobre os Irmãos na Sociedade, em vista de uma reunião representativa dos Irmãos Palotinos e de um consequente documento final. A comissão esteve reunida em Roma, de 5 a 26 de fevereiro de 1992 e Irmão Reik esteve presente.

Em 6 de março de 1992, o Reitor Provincial, Pe. Gervásio Pivetta, nomeou o Ir. Reik Narciso como Provedor e Administrador da residência palotina de Porto Alegre, no Passo da Areia, da qual soube ser bom provedor e administrador. Em 7 de março de 2002, o Irmão Reik Narciso foi nomeado pelo Provincial Ademar Luiz Fighera como Diretor da Gráfica Editora Pallotti, sempre em Porto Alegre, de 2002 a 2004.

Em 2005, o Reitor Provincial Ademar Luiz Fighera nomeou o Ir. Reik Narciso como Secretário da Diretoria do Instituto Vicente Pallotti, em Porto Alegre. Em 15 de outubro de 2007, o Reitor Geral Friedrich Kretz (2004-2010) aprovou a eleição do Ir. Narciso Narciso Burin como memoro do Conselho Provincial da Província Nossa Senhora Conquistadora, de 2008 a 2010. Em 1 de janeiro de 2008, Pe. Erno Aloísio Schlindwein, como Diretor-Presidente da FAPAS, nomeou o Ir. Reik como Tesoureiro, de 1 de janeiro 2008 a 31 de dezembro de 2010, em Santa Maria.

Como podemos ver, nenhum irmão palotino de nossa Província ocupou nela tantos e importantes cargos, e, certamente, teria continuado a ocupar outros, se não tivesse sido atingido por mortal doença. Seria interessante que os coirmãos que conviveram e trabalharam com ele dessem seu testemunho a respeito deste nosso grande irmão falecido.

3.   Doença e morte do Irmão Reik Narciso Burin

Ao anunciar a morte do Irmão Reik, Pe. Edgar Xavier Ertl dizia que, depois de três meses de enfermidade, ele faleceu em consequência de "falência múltipla dos órgãos", às 11h do dia 24 de março de 2015, na Comunidade Padre Caetano Pagliuca (Patronato). O seu corpo seria velado na Capela da Comunidade Padre Caetano Pagliuca, onde às 20h, haveria uma celebração Eucarística. A celebração de corpo presente, no dia 25/3, seria na Igreja de Santo Antônio, às 9h. Logo após a celebração, o corpo seria levado ao Cemitério Palotino, no Distrito de Vale Vêneto, onde seriam feitas as orações da última encomendação, a bênção do túmulo e o sepultamento.

4.   A celebração Eucarística na Capela da Comunidade Padre Caetano Pagliuca

Temos uma bonita carta a respeito desta celebração que Luiz Arlindo Cioccari, ex- seminarista palotino, escreveu aos seus colegas de seminário: "Nesta noite de tristeza pela partida do Ir. Reik Narciso Burin, (sentimento muito humano), também de celebração de sua vida, tivemos, às 20h, a celebração, "de corpo presente", tendo como celebrantes os Padres Edgar Xavier Ertl (Reitor Provincial), Ronaldo Kuhnen (Reitor da Comunidade Pe. Caetano Pagliuca, em que vivia o Ir. Reik) e Antônio Dalla Costa, presentes muitos padres e alguns irmãos palotinos, parentes do Ir. Reik (falei com a Ir. Ignês, sua irmã, e com um sobrinho), o pessoal da enfermagem da casa, pessoas próximas à comunidade palotina, entre os quais, nós, alguns representantes dos ex-seminaristas palotinos (João Valdir Meneghini, Luiz Pedro Cervo, Roque Zamberlan, Luiz Cioccari...).

Ouvi com atenção o que falaram os celebrantes Padres Edgar e Ronaldo, ante o assentimento de todos os presentes. O Ir. Reik, assim como seu irmão, o Pe. Aguinelo, partiram em pouco mais de mês e repousarão no cemitério palotino lado a lado. Representam, em suas trajetórias, vidas plenas e diferenciadas como membros da Sociedade do Apostolado Católico. Ouvi que, tempos atrás, o Ir. Reik manifestara aos superiores seu desejo de voltar à Comunidade Pe. Caetano, de conviver mais de perto e mais constantemente com seu irmão, no que foi atendido, somente não se esperava, raciocínio eu, que suas vidas não se prolongassem um tanto mais.

Ouvi também que o Ir. Reik, embora gravemente enfermo mantinha o desejo de viver e continuar a desenvolver projetos para a Província Palotina, como sempre desenvolveu. Além da sua atividade administrativa, Ir. Reik sempre foi um animador na parte musical, no canto e no harmônio. Hoje, na sua despedida, a música não deveria faltar, ainda que trazendo um colaborador externo para operar o harmônio. O repertório musical foi escolhido especialmente por ter sido do gosto do Ir. Reik, mas minha memória agora me trai... Sei que o primeiro canto falava nas flores, mas o último canto da celebração inevitavelmente me comove, ainda mais nas circunstâncias: "Mais perto do meu Deus...". E foram cantadas várias, ou todas as estrofes.

A propósito dos cantos, achei comovente o relato do Pe. Ronaldo: Os membros da comunidade ensaiavam, recentemente, um novo cântico e o Ir. Reik, em seu leito, em seu quarto, mandou dizer: "Por que não ensaiam aqui no meu quarto, eu também quero aprender?" E esse canto hoje foi cantado na celebração.

Também houve depoimentos de vários presentes, agregando ao que disseram o Reitor Provincial e o Reitor da Comunidade. Uma manifestação especial foi da Irmã Ignês (irmã do Reik), a qual falava pela sua comunidade, das Irmãs Palotinas, assim como pela família Burin. Muito comovente.

5.      Grande celebração eucarística de despedida na Igreja Santo Antônio e sepultamento em Vale Vêneto

No dia 25 de março, Festa da Anunciação do Senhor, às 9 horas, na Igreja Santo Antônio, houve a celebração eucarística de despedida. O corpo do falecido Ir. Reik esteve toda a noite na Capela da Comunidade do Padre Caetano Pagliuca, e foi trazido pessoal e manualmente à Igreja de Santo Antônio (Paróquia). Muitas pessoas aguardavam a chegada do corpo e o acompanharam até à frente do altar. Havia um bom número de padres palotinos, quase todos os da região de Santa Maria e também outros de fora, padres diocesanos, muitos operários e trabalhadores palotinos de Santa Maria e de São Leopoldo, representantes de muitas comunidades religiosas de Santa Maria. A celebração foi presidida pelo Pe. Edgar Xavier Ertl, Reitor Provincial, e a homilia proferida pelo Pe. Clesio Facco, Vice Provincial e também Ecônomo da Província Nossa Senhora Conquistadora. Ele mesmo assim resumiu a sua importante homilia:

"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrera jamais”. Jesus Cristo fortaleceu a fragilidade humana, pois a morte deixa de ser o fim, mas apenas mais uma etapa de nossa existência. São Paulo, ao se dirigir aos Coríntios, compara a nossa vida a uma tenda. A tenda é provisória e simples. Quando esta for dissolvida, possuiremos uma morada definitiva, que é obra de Deus, que não é feita por mãos humanas. Portanto, caminhamos neste mundo cheios de coragem, conduzidos pela confiança que temos de nos encontrarmos com o Senhor. Para ilustrar ainda mais a imagem da tenda, Santo Agostinho também usa uma imagem que todos nós conhecemos: quando nos hospedamos em um hotel temos o necessário, quando partimos deixamos tudo. No encontro definitivo com Deus, o que vai contar é a caridade ou o amor que vivemos. Por esta virtude seremos lembrados. Quanto mais intensamente vivermos, mais permaneceremos vivos na vida das pessoas.

O Ir. Reik consagrou a sua vida a Deus e, durante 59 anos, viveu para os outros. Foi um grande servidor, dedicou a sua vida em favor da comunidade. Grande empreendedor, sempre olhou para o futuro cheio de esperança. Levou a vida adiante, não ficou preso a questões inúteis, sempre acreditou no melhor. Na sua simplicidade sempre serviu com alegria. Somos imensamente agradecidos a Deus por nos ter dado o Ir. Reik como um testemunho de vida para a comunidade".

6.   Sepultamento

Toda a celebração foi em grande devoção e acompanhada de bons cantos e orações e, acabada, o corpo do Ir. Reik foi levado ao Cemitério Palotino de Vale Vêneto, onde já se encontra uma centena de cruzes de Padres e Irmãos falecidos. O corpo foi acompanhado por um bom número de pessoas e a bênção do túmulo, com as respectivas orações, foi feita pelo Pe. Ronaldo Kuhnen que acompanhou muito de perto e com muito carinho as sofridas semanas do Ir. Reik Narciso Burin.


Por  Pe. João Baptista Quaini, SAC