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Padre Afonso Ângelo Rossato (1920-2005)
"Eu também quero ser padre."
Escrever sobre uma pessoa que já partiu, escrever a verdadeira biografia, só mesmo mirando-se no Senhor, que tudo sabe e vê. Só Ele pode corrigir e acrescentar preciosos elementos que escapam devido às limitações humanas. Mesmo assim, descrevem-se aqui traços da vida e do apostolado do Pe. Afonso Ângelo Rossato, para que estes auxiliem a compreensão da sua história e da própria Igreja.
1. Família
Filho de João Rossato e de Virginia Rigon Rossato, o menino Afonso, segundo de nove irmãos, iniciou sua jornada terrestre em Nova Palma (RS), no dia 24 de janeiro de 1920. Sua inquietude pela vocação sacerdotal começou a ganhar fôlego a partir de uma visita que um grupo de seminaristas fez para conhecer a marcenaria, o moinho e um engenho que seu pai e seus tios mantinham.
Era costume, na época, durante o período de férias, os seminaristas passarem um tempo na paróquia de Nova Palma (RS). Sentiu-se cativado por eles, pela alegria que manifestavam e pensava consigo mesmo: "Eu também quero ser padre". Isso ocorreu na primeira quinzena de fevereiro de 1933.
A partir desse encontro, Afonso começou a acalentar o desejo de ingressar no Seminário. Isso só foi possível no dia 06 de março de 1934. Acompanhado pelo pai e pela mãe, a cavalo, seu coração batia mais livremente. Estava se realizando um grande sonho: ir para o Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto (RS). A bela paisagem diante dos olhos, o vento, o sol, a companhia fervorosa dos pais, tudo lhe dizia: "Vai, Afonso!". E assim marchou, com grande confiança interior, sem olhar para trás!
Ao chegar no Seminário, foi muito bem recebido pelo então reitor, Pe. Fioravante Trevisan, e pelos colegas. Foi se adaptando aos poucos e, de 1934 a 1942, frequentou o Ensino Fundamental e o Médio. Em 1939, teve que se ausentar do seminário para prestar o serviço militar em Nova Palma.
2. Formação
Em 1943, em São João do Polêsine (RS), fez o ano de noviciado. Teve como orientador o Ir. Simão Michelotti, de quem admirava o testemunho de piedade e humildade, além dos seus sábios conselhos. Em São João do Polêsine, também funcionava o Seminário Maior, onde Pe. Afonso Rossato, entre 1944 e 1950, concluiu os cursos de Filosofia e Teologia.
Terminado o período de formação ordinária, no dia 24 de dezembro de 1950, com mais seis colegas, pela imposição das mãos de Dom Antônio Reis, então bispo da Diocese de Santa Maria (RS), recebeu a ordenação presbiteral.
Foram seus colegas de ordenação os padres Achiles Bortolo Rossato, Pedro Luiz Trevisan, Vitorino Roggia, Mateus Soldera, Milvo Alberti e Duílio Panziera. Também era seu colega de curso o Pe. Pio José Soldera, que teve de esperar até o dia 24 de abril de 1951 por não ter, ainda, a idade canônica exigida para ser ordenado presbítero.
3. Apostolado
O primeiro trabalho do Pe. Afonso Rossato, em 1951, como padre novo, juntamente com o colega Pe. Achilles Bortolo Rossato, foi o de abençoar as casas e fazer a coleta para o seminário, em Ibarama (RS). De 1952 a 1954, em Faxinal do Soturno (RS), exerceu o ofício de diretor do Pensionato Nossa Senhora Conquistadora.
De 1955 até janeiro de 1957, em Santa Maria, dirigiu a tipografia Pallotti. De fevereiro desse ano até março de 1963 foi pároco na paróquia São João Batista, em Santo Augusto (RS). No restante do ano em destaque, o Pe. Afonso Rossato permaneceu na paróquia do Divino Espírito Santo, hoje Catedral, em Cruz Alta (RS).
De janeiro a setembro de 1964, para recuperar a saúde, manteve-se em tratamento médico. Já recuperado, em outubro desse ano partiu para Santo Ângelo (RS), onde ficou até fins de 1969, com a incumbência de coordenar a construção do Colégio Palotino. No princípio de 1970, foi nomeado vigário paroquial da paróquia São José em Augusto Pestana (RS). Em março de 1971, na função de pároco, assumiu a paróquia de São Pedro do Pontão, na época pertencente ao município de Tupanciretã (RS), hoje município de Joia. Lá permaneceu até dezembro de 1990 e, a partir de fevereiro de 1991, foi nomeado vigário paroquial em São Martinho, onde ficou até fevereiro de 1994.
Ao ter novos problemas de saúde, voltou para Santa Maria e do dia 06 de março de 1994 até o seu falecimento, fazia parte da comunidade do Colégio Máximo Palotino, onde, além das funções presbiterais, dedicava-se aos trabalhos na marcenaria, uma de suas grandes paixões, em que também demonstrava um dom especial.
Pe. Afonso Ângelo Rossato, testemunham muitos seminaristas que o conheceram nos últimos anos de vida que passou no Colégio Máximo Palotino, destacava-se pela simplicidade de vida e pelo amor às vocações.
Por vezes, testemunhava que através de gestos simples, como doar um canivete a um jovem ou visitar a outro no hospital, despertou neles a inquietude vocacional, que os levou, no futuro, ao seminário.
Em tais gestos, vem à tona a responsabilidade vocacional de todos os confrades palotinos. Ter novos consagrados não se restringe à oração ou à responsabilidade dos promotores vocacionais, mas aos testemunhos e convites feitos por todos aqueles que já abraçaram esse caminho de dedicação exclusiva pelo anúncio do Reino.
4. Falecimento e despedida
Às 2 horas da madrugada do dia 16 de agosto de 2005, no Hospital de Caridade, debilitado pelo enfisema pulmonar, Pe. Afonso deu o seu adeus definitivo. Assim que a notícia de sua morte começou a se espalhar, familiares, parentes e amigos se dirigiam à Capela do Colégio Máximo, onde seu corpo estava sendo velado.
Foi um dia de intensas e diversas orações, com destaque para a grande celebração eucarística, realizada às 15 horas e presidida pelo Pe. Edgar Xavier Ertl, Reitor do Colégio Máximo Palotino, que contou com a participação de muitos amigos e amigas. Todos associados na tristeza da separação, mas, sobretudo, na gratidão a Deus por sua vida, tão rica em testemunho de simplicidade, serviço e fidelidade ao Senhor e à comunidade palotina.
Dentre os vários testemunhos, tem-se a descrição de que Pe. Afonso Rossato era assíduo na oração e na eucaristia. Maria destacava-se por ser sua constante intercessora. Este amor à Mãe enraizou-se em seu íntimo que, com a certeza de ser filho muito amado, atribuía a ela a sua perseverança no ministério presbiteral e no testemunho por onde trabalhou.
Concluída a celebração, com muita emoção, todos acompanharam o seu translado até Vale Vêneto, onde, às 17 horas, na igreja matriz, com a presidência do Pe. Francisco Bianchin e ladeado por muitos confrades, se deu a celebração final. Logo após, seu corpo foi sepultado no cemitério reservado aos padres e irmãos na mesma localidade.
Assegurado pela ressurreição de Cristo, Pe. Afonso Rossatto enveredou para o convívio dos santos liberto dos limites do espaço e do tempo. Lá, a morte não tem mais nenhum poder, pois, transfigurado, repousa no amor reservado aos filhos muito amados do Pai.
Sem dúvida, uma árvore bela e frondosa tombou, mas outras muitas por ele foram incentivadas. Pe. Afonso, roga a Deus por nós e insiste para que Ele mande operários para a Sua messe. Descanse em paz!