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Notícias

03/07/2024 - In Memoriam

Padre Agostinho Marcelo Rorato

Pe. Agostinho Marcelo Rorato nasceu em Oderzo, em Treviso (Itália), no dia 02 de março de 1881. Foi batizado no mesmo dia do seu nascimento, em Chiarano. Seus pais eram Francisco Rorato e Maria Pollidoro. Agostinho ocupava o segundo lugar entre os cinco irmãos e as três irmãs. Quando Agostinho tinha oito anos de vida, seus pais deixaram o torrão natal e vieram para o Brasil. Sua família estabeleceu-se toda em Vale Vêneto, dedicando-se à hotelaria.

Agostinho Marcelo fez os estudos primários em Vale Vêneto e, em 1890, fez parte da primeira turma de seminaristas palotinos do Brasil que moravam na casa paroquial de Vale Vêneto, sob a direção do primeiro reitor paloti-no no Brasil, Pe. João Vogel. De 1892 a 1895, Agostinho fez o curso ginasial em Tristeza, Porto Alegre, onde era reitor Pe. Frederico Schwinn.

No dia 25 de março de 1895 vestiu o hábito da Pia Sociedade das Missões (hoje Sociedade do Apostolado Católico) e começou o seu noviciado. Em 25 de março de 1897 fez sua primeira consagração a Deus na Pia Sociedade das Missões e no mesmo dia e mês de 1900, sua consagração perpétua.

De 1897 a 1898 fez dois anos de Filosofia, em Porto Alegre, com os padres diocesanos. De 1899 a 1903, Agostinho fez o curso de Teologia sob a orientação dos palotinos, que foram seus mestres.

Recebeu a ordenação sacerdotal das mãos de Dom Cláudio Ponce de Leão, em Porto Alegre, no dia 10 de abril de 1903. Padre Agostinho celebrou sua primeira missa em Tristeza, no dia 13 de abril de 1903.

Padre Agostinho começou a exercer o seu ministério sacerdotal em Porto Alegre, onde esteve por apenas oito meses. Em novembro de 1904 passou a trabalhar em Santa Maria, como coadjutor do Pe. Cetano Pagliuca. Em 1905, novamente por oito meses, trabalhou como Capelão do Bom Fim, em Porto Alegre. De 1906 a 1912 trabalhou como coadjutor em Santa Maria, tendo sido, em 1912, por um mês, secretário do bispado. Em 1912 foi nomeado pároco de Belém Novo, em Porto Alegre, mas com residência na casa palotina de Tristeza. Ali trabalhou como pároco até 1921.

No dia 06 de março de 1921, Pe. Agostinho foi transferido para Novo Treviso, que passou a ser paróquia em 13 de fevereiro de 1925. De 1921 até sua morte, Pe. Agostinho esteve sempre em Novo Treviso. Seus últimos anos foram marcados pela doença. Suas forças tinham diminuído e teve que permanecer acamado. Mas não ficou inativo. Enchia a solidão do seu quarto com muita reza e muito canto. Gostava de cantar missas e hinos sacros. Acolhia com alegria quem ia visitá-lo e sobretudo os doentes e sofredores que lhe pediam orações e especiais bênçãos de saúde.

Padre Agostinho conhecia e amava como bom pastor as ovelhas do seu rebanho paroquial. Conhecia-as pelo nome e estava a par da sua situação familiar, religiosa e social. Cuidava com zelo das que faziam parte do seu rebanho e procurava com paixão e persistência as desgarradas. Procurava alimentá-las com bom pasto e defendê-las dos perigos.

Exerceu marcada autoridade paterna sobre toda a paróquia. Sua palavra decidia questões, sanava intrigas e até decidia destinos de pessoas. Alguém poderia dizer, hoje, que era autoritário; mas apesar de certas expressões autoritárias, era fundamentalmente querido, escutado, seguido, porque amava de verdade os que lhe tinham sido confiados. Foi uma pessoa que deu sua vida toda para o bem das suas ovelhas.

Se não era uma pessoa extraordinariamente dotada, era um homem bom que procurou e conseguiu ser sempre um bom padre. Foi uma pessoa profundamente marcada por Deus e consagrada a Deus e ao seu Reino. Era um grande orante, um grande devoto do Sagrado Coração de Jesus, do Santíssimo Sacramento, de Maria Santíssima, de Santa Teresinha, de São Vicente Pallotti e de São Pio X. Deus e os seus santos lhe eram muito familiares. Uma tal vida divina irradiou-se beneficamente sobre toda a paróquia.

Foi um grande incentivador e promotor das vocações sacerdotais e religiosas. Despertou em muitas famílias o amor pelo sacerdócio e a vida consagrada. Muitos paroquianos seus tornaram-se sacerdotes, sendo um deles, Alberto Trevisan, Bispo Militar. Muitas foram também as jovens que se consagraram a Deus em diversos institutos religiosos. Mais uma vez viu- se que quem ama e preza o seu sacerdócio facilita o despertar e o crescimento de muitas outras vocações.

Pe. Agostinho olhava com serenidade para a Irmã Morte que se aproximava. Pressentia-a e acolhia-a, porque estava possuído pelo espírito pascal de Jesus Cristo, como São Vicente Pallotti. A última etapa da sua vida foi marcada por intensa oração. Uns 15 dias antes do seu falecimento, dizia ao Superior Provincial, que o visitara: "Rezo todos os dias uns seis terços. Estou preocupado com a falta de espírito religioso e com a diminuição do respeito e observância das Constituições que se nota na Província. Estes são sinais de progresso espiritual". 

Pe. Agostinho faleceu serenamente no dia 03 de julho de 1965. Foi um sábado à tarde. Seu corpo foi velado na igreja matriz de São Marcos, até domingo pela manhã, quando foi conduzido para Vale Vêneto. A partir de Faxinal do Soturno, um grande cortejo de carros, muito povo e grande número de padres, acompanharam o féretro. Às 10h30min, realizaram-se as exéquias com missas de corpo presente, celebradas pelo Pe. Benjamim Ragagnin, pelo Vice Provincial, Pe. Alfredo Venturini.

Como representante do Bispo Diocesano, Mons. Pio Busanello oficiou a encomendação. Em comovida oração, ele exaltou a piedade sacerdotal do falecido e a misteriosa sementeira de vocações que fizera florescer em sua paróquia. Em nome dos palotinos, agradeceu o vice provincial. Agradeceu especialmente ao povo de Novo Treviso e ao Pe. José Giuliani, pelos cuidados que dispensaram ao Pe. Agostinho, nos últimos anos da sua doença.

Quando o sino tocava o Ângelus do meio-dia, realizou-se o sepultamento no cemitério da Província, junto ao Seminário Rainha dos Apóstolos. Como um dos nossos primeiros seminaristas, formados no Brasil, Pe. Agostinho Rorato levou para o túmulo um capítulo muito significativo da história dos palotinos no Rio Grande do Sul.

 

 Por Pe. Alfredo Venturini, SAC