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Notícias

03/07/2024 - In Memoriam

Padre Alfredo Venturini

 

1.  Família e formação

Pe. Alfredo Venturini nasceu em Vale Vêneto (RS), no dia 03 de setembro de 1920. Seus pais eram Natal Venturini e Regina Pasqualin Venturini, ambos agricultores.

Dentre quatro irmãos e duas irmãs, Alfredo era o sexto. Aos três anos de idade, em 1923, perdeu a mãe, falecida no parto. A falta de colo e beijo de mãe parece ter marcado profundamente toda a vida do Pe. Alfredo.

Teve como seus parentes próximos os padres Benjamin Moro, Artur Stefanelo, Isidoro Moro e o Irmão Carlos Moro. Era também tio do Pe. Ruben Natal Venturini Dotto, padre diocesano da diocese de Santa Maria.

Aos doze anos e meio, no dia 30 de março de 1933, ingressou no Seminário Rainha dos Apóstolos em Vale Vêneto. Completou o curso primário no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, e, entre 1934 e 1938, fez os estudos ginasiais no Seminário Rainha dos Apóstolos. Em 1940, fez o primeiro ano de noviciado em São João do Polêsine (RS) sob a orientação do Pe. Agostinho Michelotti.

Fez a primeira consagração religiosa a Deus na Pia Sociedade das Missões (PSM - hoje Sociedade do Apostolado Católico), no dia 24 de fevereiro de 1942, e a perpétua, no dia 24 de fevereiro de 1945.

De 1941 a 1943, fez o curso de Filosofia em São João de Polêsine (RS) sob a orientação dos padres Palotinos. Foi um dos primeiros alunos do recém- criado curso de Filosofia. De 1944 a 1947, fez os estudos de Teologia no Seminário Central Imaculada Conceição, em São Leopoldo (RS), dirigido pelos Jesuítas. Como já fizera a profissão perpétua e completara 26 anos de idade, foi ordenado presbítero por Dom Antônio Reis, no final do terceiro ano de Teologia, em Arroio Grande, no dia 04 de novembro de 1946, junto com os conterrâneos José Daniel, Artur Stefanel, Tulio Giacomini e com os seus companheiros de estudo Sebastião Lovato, Francisco Cassol, Darci Fernandes de Oliveira e Augusto Rossato.

Naquela época, os religiosos que contassem 26 anos de idade tivessem feito a profissão perpétua podiam ser ordenados no fim do terceiro ano de Teologia. Padre Alfredo celebrou sua primeira missa solene no dia 08 de dezembro de 1946, em Vale Vêneto e, em 1947, completou os seus estudos de Teologia em São Leopoldo.

  

2.  Apostolado

Pe. Alfredo Venturini destacou-se por ser um trabalhador incansável. Foi grande imitador de São Vicente Pallotti, que costumava dizer que somente no céu iria descansar. Como ele, também Pe. Alfredo era incapaz de dizer não a quantos necessitassem de sua ajuda espiritual.

Seu primeiro campo de trabalho foi a grande paróquia do Divino Espírito Santo, em Cruz Alta (RS), onde esteve de 1948 a 1950, trabalhando como vigário cooperador e como capelão do Colégio Santíssima Trindade, das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã. Ao deixar Cruz Alta, substituiu, por alguns meses, o Pároco de Canela (RS).

Seu maior e mais longo apostolado foi feito em Porto Alegre (RS). Em 1950, trabalhou na implantação da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro IAPI, e exerceu também o cargo de capelão dos hospitais Cristo Redentor e Lazzarotto. Para construir a igreja, foi pessoalmente até o presidente Getúlio Vargas, a fim de solicitar-lhe auxílios, também em nome do povo do IAPI. Os desejados auxílios foram prometidos, mas burocraticamente impedidos de chegar ao destinatário. Criou também junto à paróquia a Escola Fundamental Edmundo Gardolinski, que foi assumida e é dirigida até hoje pelas Irmãs Palotinas.

Em 1952, abriu-se para ele um novo campo de trabalho. No bairro Volta do Guerino, ele fundou o Instituto Vicente Pallotti, do qual foi diretor até 1961. O importante Instituto Vicente Pallotti de hoje repousa muito sobre o trabalho do Pe. Alfredo. Nesse tempo, ele foi também vice-diretor do Apostolado da Oração na arquidiocese de Porto Alegre. De 1962 a 1967, Pe. Alfredo esteve em Santa Maria (RS) e residiu na Paróquia Nossa Senhora das Dores. De 1962 a 1965, exerceu o cargo de vice-provincial da Província Nossa Senhora Conquistadora. Junto como Pe. Hilário Cervo, participou da canonização de Vicente Pallotti, em 20 de janeiro de 1963, feita pelo Bem- Aventurado João XXIII em Roma. Este acontecimento fez crescer seu entusiasmo por Vicente Pallotti e por sua Fundação. De 1964 a 1967, trabalhou com muito zelo como pároco na Paróquia Nossa Senhora das Dores em Santa Maria.

Ao deixar Santa Maria, foi novamente para Porto Alegre. De 1967 a 1976, fundou e administrou a Paróquia São Vicente Pallotti, na Volta do Guerino. Trabalhou intensamente na pastoral paroquial, catequética, social e educacional e acompanhou ativamente a longa e difícil caminhada do Instituto Vicente Pallotti com todos os empreendimentos surgidos ao seu redor.

De abril de 1976 até 31 de dezembro de 1978, trabalhou como vigário cooperador do futuro bispo Dom Tadeu Canelas, então pároco de Nossa Senhora da Piedade, em Porto Alegre. Foi coordenador também da OPERAÇÃO ESPERANÇA, um programa de evangelização missionária orientado por Dom Antônio Cheuiche, cujo objetivo era organizar centros de promoção humana nas vilas pobres da periferia de Porto Alegre.

De 1970 a 1984, a Província Nossa Senhora Conquistadora achou por bem atender a um pedido de ajuda feito pelos Palotinos do Uruguai. Quando o Reitor Provincial apresentou o plano de ajudá-los, Pe. Alfredo foi o primeiro a apresentar-se. Trabalhou muito bem e feliz com os Palotinos no Uruguai, em Montevidéu, sobretudo na Paróquia Santa Mônica, quase na periferia da capital. Apesar da sua idade, logrou aprender a língua espanhola e soube servir-se dela para o seu trabalho pastoral. Também em Montevidéu dedicou-se muito ao Apostolado da Oração.

Ao retornar de Montevidéu, durante o ano de 1984, foi vigário cooperador na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Cruz Alta (RS). Mas Pe. Alfredo sentia-se sempre atraído pela capital gaúcha, onde podia e também sabia enriquecer-se com cursos, palestras, estudos e encontros, nos quais participava assiduamente. Foi grande amigo do cardeal Dom Vicente Scherer, com quem muitas vezes se encontrava e confidenciava.

Ao retornar a Porto Alegre, em 1985, trabalhou como vigário cooperador na Paróquia São Vicente Pallotti até 1990. De 1990 até início de 2005, ajudou pastoralmente, de acordo com as suas forças, na Paroquia Nossa Senhora de Fátima em Porto Alegre. Quando o peso dos anos e as forças o impediam de continuar o trabalho pastoral de muitas décadas, foi transferido para a comunidade do Patronato Antônio Alves Ramos, em Santa Maria, onde recebeu todos os cuidados médicos necessários.

Atingido por uma infecção generalizada, foi internado no Hospital de Caridade, de onde, no dia 03 de julho, partiu para a Casa do Pai, onde Jesus prometeu também a ele um bom lugar (cf. Jo 14,1-6).

 

3.  Outros trabalhos

Ainda como estudante, juntamente com seu colega de estudos, Dorvalino Rubin, ajudou a organizar o Congresso Eucarístico Interparoquial de Vale Vêneto. E, como sacerdote, cooperou também na preparação e realização do Congresso Eucarístico de Faxinal do Soturno (RS).

Trabalhou também em missões populares e pregou muitos retiros populares e também fechados. Em 1947, pregou o retiro para os seminaristas de Vale Vêneto, o qual girou em torno desta bonita frase: "Nós somos vencedores de Cristo por Maria". Trabalhou muito em favor da Pia Obra dos Cooperadores Palotinos e da utilização Palotina da Casa de Retiros.

Foi um grande devoto do Sagrado Coração de Jesus e um promotor do Apostolado da Oração. Foi um grande promotor do diário católico Jornal do Dia.

Por mais de vinte anos, trabalhou na promoção e divulgação do Dia Nacional e Internacional de Ação de Graças, trabalho feito a pedido da diretoria nacional, sediada em Rio de Janeiro. Foi também, em Porto Alegre, coordenador da Comissão Arquidiocesana do Ano Mariano 1987-1988.

Procurava ler tudo o que se relacionasse de um modo ou de outro com a formação apostólica palotina. Foi um grande devoto de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, e seu grande sonho era que a Casa de Retiros, com sua capela dedicada à Rainha dos Apóstolos, fosse de fato o Cenáculo da Província. Era um apaixonado pela Rainha dos Apóstolos, por São Vicente Pallotti e pela sua Fundação, a União do Apostolado Católico.

Seu grande sonho e seu trabalho eram para que todos os seguidores de Pallotti tivessem este mesmo espírito e idêntica paixão. Era-lhe muito difícil compreender um seguidor de Pallotti que não fosse animado pelo espírito apostólico deixado pelo nosso Fundador e buscasse outras frentes.


4.  Exéquias

Nas primeiras horas do dia 04, seu corpo, devidamente preparado e sacerdotalmente vestido, foi trazido à Casa de Retiros, onde, na capela, foi velado por coirmãos, religiosos e leigos conhecidos, até às 10 horas. A essa hora, houve concelebração eucarística presidida pelo Pe. Francisco Luiz Bianchin, pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, onde por muitos anos trabalhou o Pe. Alfredo. As coroas e as muitas flores postas junto ao seu féretro eram testemunho do carinho dos que foram testemunhas do seu generoso trabalho sacerdotal palotino.

Às 11 horas, o féretro foi conduzido ao necrotério de Vale Vêneto. Às 16 horas, na igreja matriz, houve concelebração eucarística exequial, presidida pelo sobrinho do Pe. Alfredo, Ruben Nadal Venturini Dotto, e com a participação de muitos confrades palotinos das paróquias vizinhas e de Santa Maria.

Uma boa representação de Porto Alegre veio despedir-se do seu amado pastor e orientador espiritual; com breves palavras, uma senhora da capital destacou a doação sacerdotal do falecido amigo e sacerdote.

Padre Rubin Dotto, em sua homilia, destacou fortemente o espírito sacerdotal do Pe. Alfredo Venturini, sua coerência sacerdotal e religiosa, sua alegria e sua fineza. Mesmo quando discordava em ideias, suas palavras não eram agressivas e ofensivas.

Como comunidade palotina, agradecemos a todos os que de um modo ou de outro ajudaram e acompanharam o venerado irmão, certos de que ele responderá centuplicadamente a todos os irmãos e as irmãs.