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Notícias

05/07/2024 - In Memoriam

Padre Arlindo Schineider (1938-2017)

 

1.  Introdução

A vida pode ser resumida como o conjunto de sensações que nós, na fragilidade do nosso corpo e dentro de um breve tempo, conseguimos navegar no mundo que nos é dado. Porém, na dimensão da fé, encontramos outro sentido para a vida: viver é ser feliz servindo com alegria!

Mesmo nas adversidades do tempo e nos contrários da história, encontra a felicidade quem serve com alegria, quem se torna dom de Deus para os mais necessitados. E quando o tempo se encerra e a morte se apresenta, revigoramos nossa confiança de que a vida daqueles que se fizeram servidores do bem não fica encerrada no túmulo, senão que é glorificada e eternizada em Deus. Nesse sentido, diante da partida do Pe. Arlindo Schneider, SAC, as palavras de Jesus são reconfortantes: "Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos Céus" (Mt 5,3).

 

2.  Família e Estudos

O Pe. Arlindo nasceu no dia 1 de dezembro de 1938, em Augusto Pestana (RS). Filho de João Emílio Schneider e Solidéia Sartori. Seus pais eram agricultores. Tiveram dez filhos, sendo o Arlindo o sexto. Foi batizado pelo Pe. Francisco Burmann, SAC. Entrou no pré-seminário São José, em Faxinal do Soturno (RS), em 1953. Fez o curso ginasial no Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto (1955-1958) e o curso clássico em São João do Polêsine (RS). Fez o noviciado em Augusto Pestana (1962) e de 1963 a 1970 fez os cursos de Filosofia e Teologia, no Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria (RS).

  

3.  Vocação

Um dia o Pe. Arlindo perguntou a sua mãe, "desde quando desejou ter um filho padre?" Ela respondeu ave sempre alimentou este desejo e nunca cessou de pedir a Deus e a Virgem Maria esta graça.

Ao se referir a sua vocação afirma talvez seja à minha mãe a pessoa a quem mais devo o meu sacerdócio. Mas tenho convicção profunda que Maria influiu decisivamente em minha vocação. Só Ela poderia ter-me conduzido, com vida e entusiasmo, por este trajeto tão cheio de percalços, que foi minha vida nos primeiros anos de seminário. "No Seminário Maior, o Pe. Arlindo destaca que: "o clima de confiança, amizade e autoestima, tornando a formação mais humana fez com que ele perseverasse na vocação". Fez a sua primeira Consagração na Sociedade do Apostolado Católico (SAC), no dia 2 de fevereiro de 1964 e foi ordenado presbítero no dia 11 de julho de 1970, em Formigueiro (RS). Escolheu como lema de ordenação a passagem do profeta Isaias: "Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa notícia, que anuncia a salvação, que diz a Sião: Seu Deus Reina" (Is 52, 7).

  

4.  Atividade Pastoral

"De coração dou graças a Deus por vos ter escolhido, chamado e enviado à sua messe, a fim de que cresça a caridade nas ovelhas de Cristo" (Vicente Pallotti).

O Pe. Arlindo iniciou e concluiu o seu trabalho pastoral na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no IAPI, em Porto Alegre (RS). Atuou praticamente todo o tempo do seu ministério sacerdotal como vigário e pároco nas seguintes Paróquias: Nossa Senhora de Fátima, em Porto Alegre (RS); Santa Cecília, em Humaitá (RS); São Roque, em Faxinal do Soturno (RS); Nossa Senhora Aparecida, em Colorado do Oeste (RO); Rainha dos Apóstolos, em Manaus (AM); São Francisco de Assis, em Ariquemes (RO); Nossa Senhora Auxiliadora, em Alto Parais (RO); Rainha dos Apóstolos, em Vicentina (MS); Divino Espírito Santo, em Campo Grande (MS); Nossa Senhora Aparecida, em Terra Roxa (PR); São Martinho, em São Martinho (RS); Nossa Senhora do Rosário de Pompeia e São Patrício, Buenos Aires/Argentina e durante cinco anos (1973-1977) atuou na formação no Seminário Rainha dos Apóstolos em Vale Vêneto (RS). Sobre a missão do sacerdócio o Pe. Arlindo assim se expressou: "ser padre e "Povo de Deus" ao mesmo tempo é um desafio, como o é fazer do ministério um serviço e não um privilégio que acomoda a gente e nos afasta da base. Gostamos do Pallotti apóstolo e esquecemo- nos de imitar o Pallotti profeta"

Em 1986, interrompeu suas atividades pastorais e fez o Curso do CESEP (Centro Ecumênico do Serviço da Educação e Evangelização Popular), em São Paulo (SP).

Dedicou 47 anos de sua vida a serviço do ministério sacerdotal. O seu trabalho pastoral foi dedicado em favor dos mais simples e pobres, sempre procurou defendê-los da ganância dos que não tem Deus em suas vidas e procuram através da ambição dominar e oprimir os marginalizados. Na vida pastoral foi animado e encorajado pela mensagem que o Santo Fundador Vicente Pallotti deixou: "Alegrai-vos, pois no Senhor. Mais uma vez eu vos digo: alegrai-vos, porque assim como fostes escolhidos e chamados para completar a obra de Deus, assim também Deus vos deu toda a graça e fé, que opera por meio da caridade, para que em tudo sejais fiéis ministros de Cristo. Então, pela misericórdia do nosso Deus e pela graça de Jesus Cristo, produzireis fruto e o vosso fruto permanecerá na vontade de Deus" (Vicente Pallotti).

 

5.  Rumo à Casa do Pai

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim" (Jo 14,6). O Pe. Arlindo permaneceu um longo período hospitalizado, sendo um mês em Porto Alegre (RS) e dois meses em Santa Maria (RS), devido a uma doença chamada mielodisplasia. Durante este tempo manteve-se sempre tranquilo e cheio de esperança, disposto a voltar para as atividades pastorais, muitas vezes dava a impressão de que não havia nada de grave. Nos últimos dias de sua vida terrena leu o livro: "A vida para além da morte", de Leonardo Boft. Faleceu na tarde de 5 de julho de 2017, na casa da Comunidade Local Pe. Caetano Pagliuca. Enquanto descansava após o almoço, silenciosamente se apagou e partiu em direção a casa do Pai, local onde a sua fé sempre o levou a crer que um dia moraria.

O seu velório aconteceu na capela da própria casa, onde houve orações e visita de amigos, familiares e confrades. A missa de exéquias aconteceu na manhã do dia 6, às 10h30min, e foi presidida pelo Reitor Provincial Pe. Clesio Facco e concelebrada pelos PP. Ronaldo Kuhnen e Francisco Bianchin. Havia mais uns vinte padres que acompanhavam a celebração. Os familiares e amigos se fizeram presentes em grande número. O Pe. Clesio destacou que o Pe. Arlindo viveu neste mundo de forma desprendida, como se estivesse sempre numa tenda. O seu amor pelos pobres será sempre lembrado. Não se preocupou em construir monumentos, mas procurou viver a caridade de Cristo e é por esta caridade ou amor que será sempre lembrado. Às 14h houve uma celebração de despedida e o seu corpo foi transladado para o Cemitério dos Padres e Irmãos Palotinos, em Vale Vêneto (RS), onde foi dada bênção do túmulo e sepultado.

Obrigado Senhor pela vida do Pe. Arlindo e por todo bem que ele fez durante a sua vida entre nós. Dai-lhe Senhor o repouso eterno e brilhe a luz perpétua.

 

 

Por Pe. Clesio Facco, SAC