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Padre Gabriel Bolzan (1911-1988)
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De cor acentuadamente escura para um descendente de italiano, Gabriel desde cedo na vida passou a atender pelo apelido de Negro. Em 1926 a 1930, estudou em Santa Maria, sob direção dos jesuítas, especialmente do jovem Inácio Vale, sob o qual fez parte do grupo seminarístico que iniciou o movimento religioso e a devoção à Medianeira de Todas as Graças no sul do Brasil. Fez estudos superiores no Seminário Central de São Leopoldo, ordenando-se padre em Vale Vêneto, em 1938, em companhia dos PP Benjamin Moro e Antônio Marin. Pe. Gabriel Bolzan, antecipando-se de muitos anos a Igreja Oficial, fez sua opção pelos pobres no início da década de 1940, para trabalhar, sofrer e viver todos os 50 anos de sua vida de padre nos bairros e favelas de Santa Maria a serviço dos pobres, dos velhos e doentes.
Para o Pe. Gabriel, a opção pelos pobres não se limitou a expediente para conquistar a popularidade entre as massas. De fato, ele encarnou a condição sofredora dos pobres, identificando-se plenamente também com os velhos, os doentes, e os carentes de educação. Sua linguagem e suas maneiras foram sempre próprias do homem comum. À simplicidade de sua vida aliou um físico robusto e um espírito varonil. Não temia os homens, nem os rigores da pobreza e do trabalho. Recém-ordenado, iniciou a vida pastoral como padre-auxiliar do ilustre palotino, Pe. Caetano Pagliuca, na Igreja Nossa Senhora das Dores em Santa Maria, no ano de 1938. Trabalhou incansavelmente, não se limitando ao território da própria paróquia. Saiu como bom pastor à procura da ovelha desgarrada por todos os recantos religiosamente abandonados nos bairros e favelas.
Dom Antônio Reis, reconhecendo-lhe a dedicação apostólica e a pobreza de vida, repartiu com ele os poucos recursos materiais de que dispunha para viver e, nomeando-o assistente da Ação Católica, estendeu-lhe jurisdição (isto é, autorização eclesiástica) para trabalhar em toda e qualquer paróquia. Serviu a todos, jamais fazendo discriminação entre pobre e rico, negro e branco, dedicando- se aos mais carentes e sofredores. Procurou com especial carinho os desempregados, os famintos e os tísicos a pôr sangue pela boca.
O mundo e a sociedade que o rodeavam viviam uma das épocas mais conturbadas e violentas da história; ninguém acreditava em moderação, nos valores democráticos e no respeito pelos direitos humanos. Através da Ação Católica, Pe. Gabriel, lendo e estudando muito, levou ao povo de então a mensagem e a palavra salvadora de Cristo. Nos bairros e favelas, comunistas, fascistas, nazistas se olhavam nos olhos, com armas na mão, prontos para esmagar o inimigo e conquistar o mundo.
Getúlio Vargas, através do Estado Novo, assumiu a direção do Brasil impondo uma solução nacionalista aos perigos de então. Felizmente para a Igreja Católica, pela Ação Católica, línguas de fogo voltaram a baixar do céu renovando a face da terra. O catolicismo passou a contar não somente com líderes, mas também, com padres e leigos inspirados por Deus. Foi nesta situação histórica que Pe. Gabriel, através da Ação Católica, se fez o bom pastor para aproximar de Cristo os bairros, os pobres e as favelas de Santa Maria. Por toda a parte construiu escolas, capelas e salões de Ação Católica. Não promoveu materialmente os homens, mas também os valorizou espiritualmente com dignidade humana, virtude cristã, fé católica e amor a Deus. Dia por dia Pe. Gabriel consagrava as 12 horas da manhã ao repouso, à oração e aos estudos sociais e religiosos. À tarde saía para dar catequese e reuniões de Ação Católica. Foi sempre perseverante na vinha do Senhor. Círculos operários, promoção social e material dos pobres (escolas, equipes de corte e costura) grupos de Ação Católica, intenso trabalho catequético, tudo animado pelo fervor religioso e dedicado a Deus. Eis a atividade apostólica do Pe. Gabriel nos bairros.
Em 1970, atingido por um enfarte, Pe. Gabriel deixa a Paróquia das Dores para, como capelão do hospital, continuar vivendo para Deus, para os pobres e para os doentes. Simples e bonachão serviu incansavelmente o povo. As irmãs do hospital e os sacerdotes dos bairros atestam que o Pe. Gabriel não se negava nunca para o trabalho apostólico; chegava a rezar quatro missas por dia em lugares diferentes.
Não diminuiu o trabalho apostólico nem mesmo depois de completar 50 anos de padre. Só recentemente, após a morte do grande e fiel amigo, Pe. Otávio Cechin, Pe. Gabriel Bolzan sentiu aproximar-se o fim. Era Deus, que através de severa trombose cerebral, o levava para si. Sem o amigo de sempre, nem mesmo o mês de férias anuais nos pagos de Três Vendas, o rincão em que sempre viveu sua família, “já não tinha mais graça”. (Alderige Baggio)
Pe. Gabriel nasceu em Três Vendas - Restinga Seca - RS, aos 04 de fevereiro de 1911. Fez sua 1ª Profissão na SAC aos 07 de março de 1933. Foi ordenado sacerdote aos 28 de novembro de 1937. Faleceu aos 29 de fevereiro de 1988.
O QUE DISSERAM DELE
Antes da missa de corpo presente, na Igreja de Nossa Senhora das Dores, diversas pessoas, motivadas pelo Pe. Francisco Bianchin, externaram seus sentimentos sobre a pessoa do Pe. Gabriel Bolzan. Foram professoras, catequistas, ex- paroquianos, pessoas simples do povo e dos bairros, enfim, gente que esteve ao lado do extinto durante anos ou que trabalhou diretamente com ele, na catequese, nas obras sociais e outros trabalhos de igreja.
Pe. Francisco Bianchin, no intermeio dos testemunhos, disse que se houvesse tempo, certamente muitas pessoas teriam ocupado o microfone para externar seus sentimentos de gratidão ao Pe. Gabriel pelo bem que fez em prol dos pobres, dos simples, das comunidades dos bairros e pelos doentes da Casa de Saúde, enfim, pela cidade de Santa Maria. Aqui vai um resumo do que disseram dele: "Eu quero neste momento deixar um grande agradecimento ao Pe. Gabriel por ter convivido conosco; eu, em particular, guardo uma grande amizade que teve para com seus paroquianos: o carinho, o amor, a dedicação e uma grande convivência. Muito obrigado, Pe. Gabriel.
Que Deus te acolha e não nos abandone nunca" (NN). "Muitas cousas marcaram minha vida... mas o que mais me marcou foi aqui na sacristia desta Igreja, numa reunião de catequistas; ele me deu força... e disse: Quem salva uma alma garante a própria. Pediu que não desanimássemos na nossa tarefa, seja pela não assiduidade dos alunos ou por falta de cooperação dos pais. Isto me fez cooperar e ser perseverante e conservar a coragem. Muito obrigado, Pe. Gabriel" (uma catequista).
"Quero agradecer pela vida que ele deu, como nos conhecemos e como tal prestou serviço à comunidade, deu exemplo de pastor das almas; assumiu a pessoa dos humildes atraídos pela sua amizade; sabia cativar as pessoas. Em particular queria agradecer pelo bem que prestou às comunidades e vilas Prado e Caramelo e outras... Quanto de bem nos prestou, seja no campo social e em outros atendimentos! O primeiro local em que nos reunimos para a missa e catequese foi onde eu morava. Ficam aqui os nossos agradecimentos por tudo o que proporcionou às nossas comunidades".
"Pe. Gabriel, os moradores da Vila Schirmer agradecem por tudo o que o senhor fez por eles. Eu, em particular, quero relembrar que um dia na Escola São Pedro me disse: "Pedruca vem cá, vamos rezar missa" (ele me chamava de Pedruca) - "Mas eu não sei, padre". "Venha aqui ao meu lado..." Gabriel, assim tu me ajudaste e me colocaste na tua Igreja; Deus te acompanhe (um ex-coroinha).
"Uns dias antes de falecer eu lhe disse que não tinha coragem de falar em religião, de ler o Evangelho. Ele me disse: "Eu te dou coragem", e me abençoou. E hoje estou aqui, Pe. Gabriel; o senhor me deu esta força. Quando visitava os doentes da Casa de Saúde, ele tinha a virtude de começar por uma estorieta. Eu achava graça. Estive na Casa de Saúde muitas vezes porque lá baixaram muitos de meus familiares e parentes. Como era ele uma pessoa que transmitia alegria, alegrava todos os que se aproximavam dele. Muito obrigado, Pe. Gabriel, eu vou continuar a fazer o que o senhor me ensinou".
Outro agradeceu por tudo o que fez na Vila Schirmer. "Sabia perdoar, ter tempo para tudo; não temia o tempo, o sol ou a chuva. Agradeço por ter conhecido o Pe. Gabriel e lhe agradeço pelo seu desprendimento e ter abraçado esta vocação, para nos servir e amar a Deus. (um senhor da Vila Schirmer).
"A dona Isolina da Vila Schirmer lembrou que neste ano ocorre o cinquentenário da inauguração da capela. O Pe. Gabriel promoveu solene novena com muito êxito e muita atividade... Quando estive na Casa de Saúde, o Pe. Gabriel me deu logo os santos sacramentos. Pe. Gabriel, todos da capela da Vila Schirmer lhe agradecem". (dona Isolina).
Padre Francisco Bianchin lembrou a missa, promovida pela comunidade das Dores, no dia 05 de setembro do ano passado, e contou como o Pe. Gabriel ficou emocionado e disse: "Senti-me muito feliz; isto aqui parece um céu; será que o céu é isso? Se for, é muito pequeno".
"Eu quero lhe dizer Pe. Gabriel, agora o senhor vive lá no céu; é muito mais do que aquilo, como seu prêmio merecido, pela sua bondade, pelo seu carinho e seu amor para com todas as pessoas".
"Pe. Gabriel, a Vila Oliveira lhe agradece pela capela que o senhor lá construiu; muito obrigado! (uma senhora da vila).
Outra senhora agradeceu pelo bons conselhos que o Pe. Gabriel deu à sua família. "Obrigado por tudo o que fez pelas almas; foi um médico maravilhoso das almas, um sacerdote que serviu a todos com carinho e virtude, ensinando o que é o amor e a fé. Obrigado, Pe. Gabriel! (NN).
"O Pe. Gabriel foi bom para todos, principalmente para os humildes, os pequenos, a quem sempre serviu, ajudando-os com dedicação. Foi uma pessoa simples e humilde. Pelas suas mãos passou muito dinheiro, nunca, porém, o guardou para si, foi para ajudar os outros, construindo escolas, capelas, ajudando os necessitados com simplicidade e simpatia e com sinceridade. Quando propus a votação para dar- lhe o título de cidadão santa-mariense, ficou muito emocionado. O título foi em nome dos humildes, dos simples e em nome da cidade de Santa Maria, à qual tanto serviu com dedicação. Por ocasião de seu jubileu de 50 anos de sacerdote, mandei- lhe as felicitações com os dizeres: "Que o Senhor dirija seus passos". Então ele dizia: "A madrinha me mandou saudações". Ele me chamava de madrinha Há sete anos atrás, quando atendeu a minha mãe, na Casa de Saúde, perguntou quem era ela; esta lhe respondeu: que era a mãe de quem lhe dera o título de cidadão santa- mariense. "Ah, a mãe da minha madrinha!"
NB.: O título diz: "O GOVERNO DO MUNICÍPIO DE SANTA MA-RIA, PELOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVOS, CONCEDE AO PADRE GABRIEL BOLZAN O TÍTULO DE CIDADAO SANTA-MARIENSE COMO RECONHECIMENTO AOS RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS POR SUA SENHORIA A ESTA TERRA E POVO DE SANTA MARIA" - 0/07/1959. (Vidal Castilhos Dania, Prefeito Municipal).
Em vista de tudo isto - não para aparecer ou me distinguir - mas faço unicamente para constar sua bondade, sua dedicação; foi ele que atendeu minha mãe na hora da morte... Pe. Gabriel, por tudo o que fez por nosso povo, para nossa cidade, pelos humildes..., eu lhe agradeço. Que Deus o tenha em sua santa glória. Obrigada! (Maria Pavani).
Um funcionário da Casa de Saúde fez um agradecimento em nome de todos os colegas, dizendo que o Pe. Gabriel foi muito atencioso no seu trabalho pastoral para com os doentes, visitava-os diariamente levando o conforto a todos e muita esperança.
LITURGIA DA PALAVRA DO PE. FRANCISCO BIANCHI
Antes fez referência àqueles que tinham vontade de falar sobre o Pe. Gabriel e o que sentiam no seu íntimo sobre sua pessoa e qualidade..., como o conheceram ou se relacionaram com ele, seus trabalhos ou dele receberam favores, ajuda, conselhos, etc. Quem assiste a uma novela ou partida de futebol, sempre tem vontade de dizer algo do que viu ou sentiu... Assim seria hoje, neste momento comovente. Garanto - disse o Pe. Bianchin - que desfilaria uma multidão de gente, a fim de dizer algo sobre a pessoa do Pe. Gabriel, pois ele não era um estranho, era um conhecido entre nós; nós o conhecíamos e estávamos por dentro da vida do Gabriel... Até tenho medo nesta hora de diminuir ou esconder a grandeza do Pe. Gabriel. Queremos aprender um pouco mais a lição que, durante 50 anos de vida sacerdotal e seus 77 de vida, o Pe. Gabriel tentou transmitir. Garanto que ele morreu com o mesmo entusiasmo do primeiro dia do seu sacerdócio; um homem que durante 50 anos não se desgastou, não se cansou com o anúncio do Reino, em todas as formas de vida. Por isso queremos que sua morte seja um ensinamento para nós e grande ensinamento.
TRÊS FONTES
O Pe, Gabriel foi um homem, um padre e um profeta.
Foi um homem, não no sentido do sexo, mas uma pessoa humana; um homem que pisava na terra, que se sujava, que andava a pé, capaz de se misturar com os outros, comer a comida que todos comiam com a maior simplicidade do mundo; um homem que amava os pequeninos, os jovens, os adultos; um homem que saía nas madrugadas e voltava alta noite; um homem que fazia questão de estar presente em todos os acontecimentos religiosos, sociais, políticos e econômicos. Um homem que falava pelo seu sorriso, pelo seu dinamismo, pela sua confiança, pelo seu entusiasmo e simplicidade.
Quando a Igreja emanou o documento de fazer sua opção pelos pobres (Puebla), o Pe. Gabriel não tinha feito opção, ele tinha assumido os pobres; não se tratava duma opção de experiência de vida; por isso o documento da Igreja não o surpreendeu; por que uma decisão para mim, se sempre o fiz? Homem dos homens, um homem de Deus, um homem que sabia equacionar as 24 horas do dia.
Quantas vezes se ouviu dizer que não se tem tempo; o Pe. Gabriel nunca disse não tenho tempo. Além de seus trabalhos de pastoral, o zelo pelos doentes, ele tinha tempo de ler três a quatro horas por dia.
Foi peregrino do meu escritório (do Pe. Chico B.) em procurar livros; procurou-os também no C. M. P. e no arquivo e junto de amigos. Ele costumava dizer: ninguém me leva vantagem na leitura de livros.
Foi um homem que levantava muito cedo antes do sol para seu encontro com Deus. Ele dizia: meia hora de meditação era muito pouco. Eu sou filho do Pe. Caetano e aprendi dele. E, nos dias das comemorações dos 50 anos de seu sacerdócio, confidenciou: "E logo mais vai morrer o último filho do Pe. Caetano". - e acrescentou: "o burro que ele não conseguiu domar". Um homem que tinha tempo para os homens e tinha tempo para Deus, que soube e sabia descobri-lo no ofício divino, na oração pelo seu povo. Foi um homem de muita atividade: construiu escolas, capelas, centro comunitários, distribuiu cadernos, tamanquinhos e outros materiais escolares, construiu salões. Sua oração e o divino ofício eram comunicação com Deus e com seu povo.
Outrossim, por ser homem tinha suas fraquezas, suas limitações, seus defeitos, porque era um homem semelhante a nós, pois se não tivesse defeitos não seria gente como nós. Um homem Gabriel que foi maior nas dificuldades, maior que seus defeitos, porque não o venceram. Ele impressionava... era sincero e se admirava quando se lhe dizia algum elogio.
Na celebração de seu jubileu ele se deu conta de quem ele era e da importância que ele teve para a comunidade das Dores, da Casa de Saúde, para Santa Maria, para a diocese, para os padres palotinos, enfim para a família e os amigos. Ele se perguntou então, por que tanta gente me abraçou, me deu os parabéns? Ele que se considerava tão insignificante, embora fosse filho de São Vicente Pallotti e herdeiro de seus ideais!
Gabriel foi um padre e quando dizemos um padre, dizemos paixão pela mensagem de Jesus, paixão pela vida de Jesus para acontecer o reino de Deus, pelo qual tanto se apaixonou, de tal forma que o cansaço não o atingiu. Um sacerdote que se capacitou para o ministério que, quando era solicitado para qualquer trabalho, nunca perguntava porque me convidam. Estava sempre pronto e disposto a qualquer pedido de colegas, seja casamento, batizados, enterros, missas, jamais teve uma pergunta para questionamento... Aqui recordo as palavras de Dom Helder Câmara, quando manifestou o desejo de ser padre: "Meu filho - lhe disse o pai, - tornar-se padre é estar disposto a deixar-se devorar pelos homens, pelo povo. "Pe. Gabriel deixou-se devorar pelos homens, foi como que comido pelo povo; fez-se caminho, esperança, consolo, padre no templo, padre na cabeceira dos doentes, na beira do túmulo, em todas a circunstâncias da vida do povo, do jeito dele, com sua educação e formação, como instrumento de Deus, buscando nele sua força como também o auxílio de Maria.
Profeta e desprendido, com seu modo e seu jeito, delicado aos pobres... O mundo do consumismo e do modernismo não passou perto dele, porque o reino de Deus era tão forte que não adiantava passar ao seu lado; ele viveu a pobreza e a opção pelos pobres como ensinam as bem-aventuranças... Estas não foram palavras, mas aconteceram durante sua vida.
Quero ainda acrescentar: Pe. Gabriel-santo.
Sim ele foi um santo. Mas o que é santidade? Em tempos idos, santo era um homem segregado do mundo, que não se misturava com os homens, era um semi-anormal. Graças a Deus que veio o Vaticano II disse: "Santo é aquele que está cheio de Deus, dos valores do amor pelos irmãos. Nós estamos aqui para aprender. Morreu o homem Gabriel, morreu o Pe. Gabriel, o profeta pobre, mas ele ressuscitou; morreu o santo, porque ficou santo. Cremos e sabemos que ele hoje está no abraço íntimo com o Pai, com aquele Pai com quem durante a vida tanto dialogou, com aquela Mãe carinhosa que amou sinceramente com carinho e amor profundo. Hoje nós cremos que este homem santo e profeta está lá no céu. Estamos aqui para agradecer a Deus e para aprender de ti, Pe. Gabriel, um pouco daquilo que deixaste; queremos esta herança que deixaste à cidade de Santa Maria, à Diocese, à Sociedade dos Palotinos, à Paróquia das Dores, queremos guardar esta herança com carinho, assim seja" (Pe. Francisco Bianchin).
PALAVRA DO PADRE EZIO BERTEOTTI
Primeiramente transmitiu o agradecimento ao Pe. Gabriel do prefeito, José H. Farret, por tudo o que fez por Santa Maria. O prefeito estava em Porto Alegre. O Pe. Ézio sentiu-se na obrigação de agradecer por tudo o que o Pe. Gabriel prestou à comunidade da Paróquia do Perpétuo Socorro. "Nunca o Pe. Gabriel pediu alguma cousa pelo seu trabalho; ele só pedia trabalho, o que devia fazer; jamais quis expressar aquilo que gostava; unicamente desejava pôr-se à disposição e a serviço dos outros e fê-lo com toda a dedicação".
O Pe. Ezio disse ainda que as grandes emoções que o Pe. Gabriel experimentou durante as celebrações de seu jubileu anteciparam sua morte. Aqui nós podemos acrescentar que outra causa foi a morte de seu grande amigo, o Pe. Otávio Cechin, com o qual mantinha um grande e sincero relacionamento. O mesmo dissera: "Eu não nasci para receber homenagens, mas para servir, por isso me senti mal". E no fim acrescentou o Pe. Ézio que reconheceu no Pe. Gabriel a sua inteira disponibilidade a serviço do reino de Deus, virtude rara de se encontrar em outras pessoas.
SEUS FAMILIARES TAMBÉM FALARAM
Se Pe. Gabriel marcou muitas pessoas, muito mais imprimiu em seus familiares, como testemunhou sua sobrinha Dalila. Esta confessou ter em mente muitas cousas sobre seu tio, principalmente referente a duas palestras que a ajudou a preparar: a oração e a devoção de reza do terço. "Quando as apresentei fiquei comovida e daí em diante aumentou em mim a devoção a Nossa Senhora e comecei a rezar o terço diariamente. Aprendi dele amar e rezar. Ele me disse: "Pense bem aquilo que vai falar para depois viver o que ensinou, o que transmitiu..."
"Ele também me animou a respeito de minha saúde; que devia ter fé e confiança no médico; não adianta rezar e pedir tua saúde a Deus. Sofri muitas cirurgias que me fizeram desanimar a ponto de pedir a morte... Então o Pe. Gabriel me animou mais e disse que eu ia ficar boa e de fato fiquei; chegou até me dar o sacramento dos enfermos...
Outro fato que quero dizer foi quando resolvi ser catequista; custou-me muito, mas o tio me explicou o que é ser catequista. Segui seus conselhos e hoje me sinto realizada e feliz. Por tudo isso e de modo especial pelo exemplo dele de autêntico sacerdote que diz as cousas certas e erradas, quando necessário; escolhi-o como meu confessor e espiritual".
Sua sobrinha Ilva revelou que, após a morte do pai Ricardo, passou a considerar o tio Gabriel como seu segundo pai. Sempre era convidado por nós em todos os acontecimentos da família porque ele tinha uma grande ascendência sobre seus irmãos e sobrinhos. Ele nos casou e, aos nosso filhos, também celebrou nossos jubileu de prata. Numa festa íntima nos reunimos algum tempo antes do seu jubileu e lhe oferecemos a alva; a mesma veste foi colocada no seu corpo quando morreu.
Todos os sobrinhos e parentes estimavam o Pe. Gabriel porque ele foi um autêntico sacerdote do Senhor.