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06/05/2025 - In Memoriam

Padre José IOP (1889-1940)

Nasceu em Vale Vêneto, aos 20 de abril de 1889. Seus pais, Atílio e Stella Iop, trouxeram da Europa o fervor pela religião. O pequeno José, cercado de tal ambiente, viu florescer dentro de si a vocação. (“Rainha dos Apóstolos” revista – junho de 1940, pág. 141). Entrou no Seminário de Tristeza, em 1902, com 13 anos de idade. Fez a primeira série ginasial (correspondente, hoje à 5ª série do 1° Grau), no Colégio Santa Maria, dos Irmãos Maristas, em Santa Maria, e o restante dos estudos em Porto Alegre.

 Como ele mesmo narra, fez as traquinagens costumeiras dos internatos. Certa vez, estourou uma bomba de pólvora em suas mãos. Perdeu o canivete e as unhas… Concluídos os estudos secundários, recebeu ordem de fazer o Noviciado em Roma. Para ele foi uma surpresa. Lutou muito contra a oposição do pai. Com certa tristeza no coração, deixou a pátria. Mas tudo fazia por obediência.

 Partiu junto com Antônio Bombassaro. Recebeu o hábito da S.A.C. aos 07 de maio de 1911. Rompendo a 1ª Guerra Mundial, em 1914, teve sob sua responsabilidade a Casa dos Palotinos em Másio. A maioria dos alunos era alemã, com exceção de dois brasileiros e um italiano. Os alunos e professores alemães foram todos recrutados. Pe. J. Iop ficou sozinho na casa. De início, passou bem, mas com a invasão do norte da Itália, viu a casa transformada em hospital de sangue. Passou duras provas neste tempo. Teve que fugir de seu quarto e morar na sacristia, para onde levou também a biblioteca.

 Continuava sempre estudando, apesar do barulho da guerra. Freqüen-tava as aulas de Teologia em Asti. Fazia o trajeto de bicicleta. Pe. Giessler assumiu a responsabilidade da casa em 1919. Assim, Pe. José viu-se livre das grandes responsabilidades e temores. No fim do curso, teve muitas dificuldades em ser aprovado, por causa de irregularidades… Finalmente foi aprovado e ordenado sacerdote, aos 03 de abril de 1920. Neste tempo já terminara a guerra. Depois de tantos anos de sofrimentos e saudade, voltou à sua terra natal, neste mesmo ano.

Trabalhou como vigário cooperador em Vale Vêneto, Dona Francisca, Sobradinho, São João do Polêsine e Agudo, onde passou meio ano. Desenvolveu seu maior apostolado em Dona Francisca, a mais importante capela da paróquia, que então era Nova Palma.

Até 1925 fazia estas distâncias a pé ou a cavalo. Neste mesmo ano chegou-lhe um Ford. Daí por diante, Pe. José e seu Ford eram um só! Às vezes o Ford pregava peças ao padre, deixando-o a pé. Era manheiro, ainda mais quando via estrada molhada! Apesar de todas as falhas, ele o cuidava com carinho, pois era bom mecânico.

Tendo sido criada a Paróquia de Dona Francisca, Pe. José ficou sendo o primeiro pároco. Pela simplicidade e amor, conquistou logo a simpatia do povo. Mostrava-se verdadeiro pai e pastor. Atendia a todos com simplicidade e carinho. Era bondoso e amável. Cumpria pontualmente os deveres cotidianos. Obedecia cegamente às ordens dos superiores eclesiásticos e da S.A.C. Tomava tudo como ordem de Deus.

Era muito humilde. Aceitava qualquer conselho, nem que fosse de um simples paroquiano. Gostava de pregar. Sempre preparava os sermões dominicais. Não deixava suas ovelhas saírem da igreja sem um novo vigor pela religião. Dom Antônio Reis, Bispo de Santa Maria, disse ter sido o Pe. José um dos melhores sacerdotes da Província Nossa Senhora Conquistadora. Preocupou-se também com o desenvolvimento social da comunidade. Fundou e organizou diversas associações no campo espiritual, como: Apostolado da Oração, Filhas de Maria, Cruzadinhos, União dos Moços Católicos, Cooperadores Palotinos e diversas obras missionárias.

Era um sacerdote ativo. Empregava todos os meios para melhor “salvar as almas”. Se Dona Francisca está hoje em desenvolvimento, deve muito ao Pe. José Iop. As maiores obras ali existentes foi ele quem as encabeçou. Aos 10 de dezembro de 1921 era lançada a primeira pedra do Colégio São Carlos. Com muito esforço, conseguiu que as Irmãs Palotinas o dirigissem. Trabalhou muito no Hospital Rainha dos Apóstolos. Animou os franciscanos na construção da usina hidroelétrica, hoje riqueza para a comunidade.

A última obra a que pôs ombro foi a majestosa igreja matriz, orgulho dos franciscanos. Obedece a finos traços de arte, desenhados segundo sugestões suas. Quando a morte o surpreendeu, a igreja estava quase concluída. Pe. José sempre foi doentio. Desde jovem sentia a saúde abalada. As muitas preocupações da vida, principalmente a última Semana Santa, fizeram acelerar o desenlace. No fim de março de 1940 teve o primeiro derrame cerebral. Não deixou de trabalhar. Neste estado, tudo fazia como se nada tivesse acontecido.

A partir do dia 20 de abril, teve que guardar leito. Era o dia de seu aniversário. Seu estado de saúde piorava dia a dia. No dia 06 de maio sobreveio-lhe o segundo derrame. Não resistiu e morreu. Tinha 51 anos de idade e 20 de sacerdócio… Toda a paróquia chorou a partida de seu pároco. Como sinal de amor e carinho, o povo acompanhou-o até a última morada, no cemitério dos palotinos, em sua terra natal, Vale Vêneto.

  

Pe. Nelsi Zamberlan, SAC