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Notícias

29/01/2025 - In Memoriam

Padre Valentin Pizzolatto (1932-2023)

Nasceu no dia 27 de novembro de 1932 em Vale Vêneto filho dos agricultores Guilherme Pizzolatto e Clementina Schio Pizzolatto. Era o quinto de uma família de oito irmãos (três homens e cinco mulheres). Duas irmãs são religiosas. Ele se define assim, por ocasião da celebração de seu Jubileu de Ouro sacerdotal: "Sou de família pobre, mas laboriosa, estabelecida em Vale Vêneto, entre a encosta da serra e o campo. Herdei o nome do meu avô Valentim, muito amigo e querido" (Informações Palotinas, 2012, p. 272). Do seus pais especialmente da sua mãe, ele escreve: “Destaco a personalidade da minha mãe, mulher forte e ativa. Sendo meu pai asmático e cardíaco, ela assumia praticamente a administração da casa [...]. Ela estava presente na roça e na casa. Nos momentos em que o pai ficava doente, exigia de nós maior silêncio possível [...]. A piedade da casa também dependia dela: aos pequenos ensinava a rezar; a missa dominical, a reza do terço, depois da janta, era uma exigência sagrada. Ela apresentou-me a primeira professora e providenciou também a minha entrada no Seminário em Vale Vêneto" (p. 272-273). De tudo isso, segundo o seu testemunho por ocasião dos 25 anos de sacerdócio, forjou-se uma personalidade singular: "Uma personalidade infantil, decidida, livre e teimosa Rosto vermelho, cabelo abundante e arrepiado [...] Era competido com meus irmãos, principalmente com meu pai. Ele nunca conseguiu me subjugar. Eu amava meu pai" (Informações Palotinas, 1987, p. 32).

Seminário e estudos

Iniciou os estudos em Vale Vêneto numa escolinha chamada Rui Barbosa que distava dois quilômetros de casa. A dificuldade em aprender a ler nos dois primeiros anos de escola fez com que tivesse de sofrer muito- Relata: "Nos dois anos, em que frequentei a escolinha chamada Rui Barbosa, não me recordo de recepção, de sorriso, de boas-vindas. Lembro-me, sim, do método de aprendizagem: o quadro negro, a vara de marmelo, os grãos de milho" (Informações Palotinas, 2012, p. 275). Assim, naqueles anos não conseguiu aprender a ler.

 Sua vocação nasceu de um sonho, mesmo sem conhecer muito os padres e os seminaristas de Vale Vêneto do início dos anos de 1940. "Apesar de ter feito a Primeira Comunhão com o Pe. Valentim Zamberlan, sacerdote palotino, lá pelos anos 1941-1942, no tempo em que se estava construindo a última ala do Seminário de Vale Vêneto, eu não era muito familiar aos padres e não conhecia os seminaristas. Mesmo assim tive um sonho. Foi numa noite de fevereiro 1944. Sonhei que ia ser padre. Ao amanhecer, falei com a mãe, não do sonho, mas do desejo de ser padre (Mi vui esser prete). Ela comunicou isto ao pai, que não fez problemas, mas também não acreditava na minha proposta. Porém, a mãe acreditou, providenciou o mínimo necessário, falou com o pároco, Pe. Fioravante Trevisan, e, já no mesmo ano de 1944, me encontrei internado no seminário de Vale Vêneto" (p. 275-276). E, ali, o seu grande amigo e professor foi o Ir Guido Ghesti que, à noite, lhe dava aulas particulares, junto com alguns outros seminaristas; isso foi determinante para ele porque aprendeu a ler e conseguiu prosseguir os estudos, apesar de que matemática sempre foi o seu ponto fraco.

Apesar das dificuldades e desafios daqueles anos próprios do clima, da disciplina educativa e contexto — estava no meio de 180 seminaristas que tinham entre oito e vinte oito ano — o menino de onze anos, Valentim, afirma: "Comecei a valorizar a oração; tornei-me um jovem piedoso, eucarístico e mariano". Talvez podemos afirmar sem medo, que essas foram as características dele até o fim da vida.

Assim, o Valentim fez os estudos primários (1944-1947), ginasiais (1947-1951) e colegiais (1952-1953) em Vale Vêneto. Em 1953 fez o Noviciado em Augusto Pestana; na mesma cidade fez os dois primeiros anos de filosofia (1955 e 1956), sob a orientação do Pe. João Tomasi, para depois termina-la em São João do Polêsine (1957) e teologia (1958-1962) em Santa Maria no recém-inaugurado Colégio Máximo Palotino (CMP). No final do curso de teologia, segundo o testemunho do Pe. Valentim Pizzolatto, duas sonhos nasceram no seu coração: ser missionário e ser um bom teólogo (p. 279). 

Nesse percurso formativo se destacam ainda três outras datas importantes: a vestição no dia 2 de fevereiro de 1954, a primeira profissão em 2 de fevereiro de 1956 e a profissão perpétua também no mesmo dia do mês de fevereiro de 1959. "O ser palotino não está em mim como uma veste, mas desenvolveu-se através dos anos da formação e do exercício do meu presbiterado", testemunha o Padre Valentim (p. 280). O ano de 1959 assinalou também o recebimento da tonsura e das ordens menores; como era própria da época, o Valentim recebeu o subdiaconato no dia 29 de junho de 1962 para, logo em seguida, no dia OI de julho daquele ano receber o diaconato; uma semana depois — no dia 08 de julho de 1962

— foi assim ordenado presbítero pela imposição de mãos de D. Victor Sartori, Bispo de Santa Maria na Capela do próprio Colégio Máximo, com poucas pessoas presentes, e, "em meio aos preparativos do Concílio Vaticano II". Nas suas palavras: "Em pleno último ano de teologia, o dom do presbiterado foi derramado em meu coração" (p. 281). Seu lema de ordenação foi: Seja minha vida sacerdotal a imagem de Maria- A primeira missa solene foi no dia 15 de julho na Vila Nova, Porto Alegre.

Atividades pastorais

Logo depois de ordenado — em 1963 — foi nomeado Diretor da Casa de Retiros. Entre os anos de 1964 e 1967 esteve na direção da Casa de Retiros de Rio Grande onde, além de professor de Doutrina Social na Faculdade de Direito, destacou-se no trabalho missionário junto aos moradores das ilhas da Lagoa dos Patos e em São José do Norte. "Recentemente formado em filosofia e teologia, saído de uma bela experiência comunitária do CMP e discípulo do Diácono João Luiz Pozzobon, eu me achava cheio de ardor e sabedoria evangelizadora" (p. 282).

 No contexto da renovação conciliar que desafiava a Igreja da segunda metade dos anos 1960, o Pe. Valentim foi, juntamente com um grupo de confrades palotinos, pregador missionário entre os anos 1967 e 1977; nesse ínterim, porém, esteve em Roma nos anos 1971 e 1972 fazendo um curso de pastoral na Universidade Lateranense. "Concretamente, a equipe missionária destinava-se a renovar as comunidades na perspectiva conciliar" (p. 283).

De 1977 em diante, por cerca de 30 anos, o Pe. Valentim foi desempenhou as suas atividades pastorais no Colégio Máximo Palotino como reitor (1994-1995), formador, diretor espiritual por vários anos e em diferentes, e, sobretudo, professor de diversas matérias teológicas, com especial destaque mariologia, pneumatologia e eclesiologia. Segundo ele: "O respeito com a personalidade do estudante seminarista pautou meu agir na formação do Seminário Maior". Motivo de muito orgulho para o Pe. Valentim foi o período — na verdade dois períodos: mestrado (1999-1992) e Doutorado (1996) - quando, em Nápoles aprofundou seus estudos teológicos sob a orientação de Bruno Forte.

Depois de sair da formação no Seminário Maior, o Pe. Valentim esteve um período em Roma (de abril de 2008 a abril de 2009) aprofundando os seus estudos em Pallotti, sobretudo, num seu colaborador, Joaquim Ventura. Vale Vêneto, primeiro como pároco (2010-2013) e, depois, como vigário (2014-2015) e, finalmente, seu último trabalho pastoral foi como vigário na cidade do Verê/PR (2016-2022); ali o Pe. Valentim era muito estimado por sua personalidade forte e alegre.

Morte e sepultamento

Depois de vários dias internados no Hospital de Caridade de Santa Maria, às 2h35min deste domingo 29 de janeiro de 2023, faleceu o Pe. Valentim Pizzolatto vítima de parada cardíaca.

O seu corpo foi velado na comunidade Caetano Pagliuca (Patronato) onde aconteceu uma missa de corpo presente às 10h da manhã. Em Vale Vêneto a missa, presidida pelo Provincial, Padre Gilberto Orsolin, às 16h, na Igreja Matriz, seguida do sepultamento no cemitério dos Padres e Irmãos Palotinos.