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Padre Wendelino Bender (1915-2007)
Padre Wendelino Bender, ou como o chamava o Pe. Bernardino Trevisan, O “João XXIII da Província”, tombou como uma grande árvore madura e intacta em todo o seu tronco. Existem árvores que são bonitas por fora, mas que podem ser ocas ou podres por dentro. Wendelino foi sempre uma árvore bonita e sadia por fora e por dentro. Caiu com alegria e jovialidade, apesar de seus quase 92 anos de vida – sinal de que a vida espiritual supera a vida física.
1. FAMÍLIA
A árvore nasce e cresce forte e bonita quando está em um ambiente conveniente. O mesmo, e talvez mais ainda, acontece com o ser humano cujo ambiente benfeitor é a família. Wendelino nasceu e cresceu numa grande e boa família, grande em quantidade e sobretudo em qualidade.
Se a família era uma bênção para ele, ele também era uma bênção desejada e agradável para todos os seus membros. Wendelino nasceu no dia 15 de outubro de 1915 em General Osório, então distrito de Cruz Alta, hoje Ibirubá (RS), paróquia palotina até 1934. Foi batizado pelo Pe. Carlos Kolb, SAC (1870-1939), o primeiro estudante Palotino vindo da Europa e também o primeiro pároco palotino de Cruz Ata.
Seus pais eram Nicolau Bender e Appolônia Verônica Bender. Ele agricultor e ela dona de casa. Tiveram dezesseis filhos: sete homens e nove mulheres. Wendelino era o primogênito. Sua família era economicamente pobre, mas espiritualmente rica de espírito cristão, mariano, eucarístico e eclesial. Portanto, bom e favorável clima para o desabrochar de sua vocação religiosa Palotina, como também daquela de seu irmão Luiz (1917-1981) e de várias irmãs da Congregação das Irmãs
Missionárias de Maria Auxiliadora. Em sua caminhada para o sacerdócio, Wendelino contou sempre com o apoio material e espiritual de sua família, razão por que ele a amava tanto.
2. FORMAÇÃO
De 1923 a 1928, Wendelino fez seus estudos primários em Ibirubá. Em 1929, junto com seu mano Luiz, ingressou no Seminário Rainha dos Apóstolos em Vale Veneto (RS). Ambos foram encaminhados para o seminário pelo seu pároco palotino Pe. Carlos Dietz (1884-1964). Em Vale Vêneto, fez os estudos ginasiais, parte no seminário local e parte no seminário Diocesano São José em Santa Maria (RS). Também em Vale Vêneto, no dia 02 de fevereiro de 1937, ele iniciou o seu noviciado e, no mesmo lugar e na mesma data, em 1939, fez a sua primeira consagração a Deus na Sociedade do Apostolado Católico, então chamada Pia Sociedade das Missões.
Após o noviciado, de 1939 até o fim de 1941, Wendelino fez todos os estudos de Filosofia no Seminário Central de São Leopoldo (RS), então Seminário Maior de todo o Rio Grande do Sul, dirigido pelos padres Jesuítas. Naquele mesmo seminário, de 1942 a 1945, fez também os seus estudos de Teologia. No dia 09 de dezembro de 1945, na igreja matriz Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria, Dom Antônio Reis impôs-lhe as mãos e ordenou-o presbítero de Jesus Cristo para sempre.
3. APOSTOLADO
Todo seu o longo ministério sacerdotal foi consagrado a Deus, no serviço aos irmãos e irmãs, em muitos campos de trabalho, sem buscar vantagens para si e tendo sempre em vista o bem-estar espiritual de quantos lhe foram confiados. Pode-se dizer que o Pe. Wendelino imitou bem de perto Jesus Cristo, o Bom-Pastor, que ama sem medida as suas ovelhas.
Ele iniciou o seu trabalho sacerdotal na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria, atuando como vigário cooperador durante todo o ano de 1946. Em 1947, por três meses, foi vigário coadjutor em Dona Francisca (RS) em substituição do Pe. Benjamim Ragagnin (1905-1983). Pe. Wendelino esteve pouco tempo em Dona Francisca, pois passou parte de 1947 e todo O ano de 1948 na Paróquia São José, em Cadeado, hoje Augusto Pestana (RS). De 1949 até o fim de 1955, Pe. Wendelino foi vigário cooperador do Pe. José Spönlein (1881-1963), em Pejuçara (RS), então município de Cruz Alta. Ali, soube dirigir com sabedoria, habilidade e alegria os trabalhos de demolição da velha igreja e de construção da nova. Ele mesmo declarou ter convidado todos os paroquianos para demolir a velha igreja e, aproveitando parte do material, construir a nova. Seu convite foi bem aceito, podendo-se dizer que aquela igreja foi construída em mutirão pelo povo.
Em 1952, sempre em Pejuçara, Pe. Wendelino idealizou e realizou a tradicional Festa da Uva e do Trigo, festa que se repete cada ano, na segunda quinzena do mês de janeiro. O povo de Pejuçara nunca esqueceu o Pe. Wendelino. Fez o possível para que ele estivesse presente nos festejos comemorativos dos cinquenta anos da Festa da Uva e do Trigo, quando recebeu da Câmara de Pejuçara o título de Cidadão Pejuçarense.
Em 1956, Pe. Wendelino assumiu a Paróquia de Sobradinho (RS), onde, durante dois anos, além de pároco, foi professor e secretário do Ginásio São Pio X. De 1960 a 1966, Pe. Wendelino trabalhou no Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto, onde deixou grandes marcas de sua presença: em 1960, como diretor espiritual dos alunos e, nos anos seguintes, como reitor, ecônomo e secretário. Grande parte do pomar do Seminário deve-se ao seu trabalho e à sua orientação.
De 1967 até o começo de 1969, Pe. Wendelino trabalhou como pároco em São Martinho (RS). Ao deixar aquela paróquia, assumiu a paróquia São João Batista, em São João do Polêsine (RS), onde, em 1970, celebrou o jubileu de prata de sua ordenação e exerceu seu ministério de pároco até ser chamado para Roma para fazer parte do Conselho Geral da Sociedade do Apostolado Católico. Em Roma, ele substituiu o Conselheiro-Geral, Pe. José Maria Maimone que, em junho de 1973, tinha sido nomeado bispo da nova Diocese de Umuarama (PR). Pe. Wendelino permaneceu em Roma até o fim de outubro de 1977. Lá também, como em toda parte, ganhou a estima de quantos entravam em contato com ele.
Ao retornar de Roma, Pe. Wendelino, de 1978 até o fim de 1979, foi diretor do Patronato Antonio Alves Ramos em Santa Maria. De 1980 a 1989, trabalhou na Paroquia Nossa Senhora Aparecida, em Terra Roxa (PR), primeiramente com coadjutor e, a seguir, como pároco. Durante o ano de 1990, trabalhou também como vigário cooperador, na Paróquia Santo Antônio, em Iporã na diocese de Umuarama (PR). Sempre na diocese de Umuarama, de 1991 até o ano de 2000, Pe. Wendelino trabalhou na Paróquia de Francisco Alves (PR): nos primeiros anos como pároco e nos outros como coadjutor. De 2000 até fevereiro de 2007, voltou a trabalhar em Terra Roxa (PR). E, desde fevereiro de 2007, trabalhou na Paróquia Santo Antônio, em Santa Maria, dando a todos bonito testemunho de que é bom e possível viver com alegria e generosidade a vida crista sacerdotal.
4. ENFERMIDADE E MORTE
Pe. Wendelino Bender continuou ativo, alegre e sorridente, mesmo quando seu corpo estava sendo tomado por grande tumor maligno.
Em 2000, ao examiná-lo, os médicos constataram que seu organismo estava tomado por um câncer generalizado e por isso lhe deram poucos meses de vida.
Mas ele, sempre confiante em Deus e com seu habitual otimismo, venceu a prognosticada morte e continuou a viver e a trabalhar como se não estivesse doente.
Nunca se queixou e, se havia uma conversa “inconversável”, era a sua doença. Continuou o seu ritmo de vida e trabalho, cultivando também flores. Cultivar flores foi seu hobby, não teve medo de mandar fazer lindos cartões postais com suas flores que ele oferecia a seus coirmãos e amigos sob o título Floricultura Bender.
Chegou na paróquia Santo Antônio, em Santa Maria, e valeu-se de um andador para andar com mais segurança. Todos os dias, ele passava várias horas da manhã e da tarde, na igreja paroquial, rezando, lendo e dando atendimento a quantos lhe pediam conselhos, bênçãos, orações e também perdão dos seus pecados. Sua alegria, sua bondade, sua irradiante vida divina atraía as pessoas que o viam e o sentiam logo como um homem de Deus, um padre santo. Ele foi realmente um padre que deixou muitas saudades em todos os lugares por onde passou e trabalhou, independentemente da extensão do tempo.
Jesus Cristo chegou de surpresa, convidando o Pe. Wendelino, depois de ter feito o que fazia cada dia, de ter almoçado com seus coirmãos padres – Valdir Bisognin e Jair Giuliani – ele foi fazer a sua costumeira sesta. Como custava muito a sair do quarto, Pe. Valdir foi ao seu quarto e encontrou-o ia sem vida e caído sobre a própria cama, um sinal de que, ao levantar-se, seu grande coração se abriu e não se fechou mais. Um fulminante enfarte fez-lhe viver a sua segunda páscoa de filho de Deus sacerdote.
5. FUNERAL
Uma vez liberado o corpo, este foi velado na igreja Santo Antônio até às 15h do dia 21 de junho. Revestido de suas vestes sacerdotais, o seu corpo irradiava a habitual serenidade. Um bom número de pessoas esteve junto ao corpo, oferecendo-lhe flores, orações e tocando com muita devoção suas mãos consagradas e a sua face.
Todos os visitantes destacaram sua presença bondosa, sorridente, meiga e servidora, fruto de sua íntima união com Deus cultivada na oração e também na meditação.
No dia seguinte, os coirmãos do Colégio Máximo Palotino, educadores e seminaristas fizeram a sua oração da manhã junto ao corpo. As 14h, na igreja matriz Santo Antônio, foi celebrada a Eucaristia, presidida pelo Pe. Erno Schlindwein, a qual contou com a participação de vários sacerdotes e numeroso povo, de membros da Paróquia de Terra Roxa (PR) e de familiares do falecido.
Pelas 15h, o féretro foi conduzido à igreja matriz de Vale Vêneto. Ali, às 16h, houve concelebração eucarística presidida pelo Reitor Provincial, Pe. Ademar Luiz Figuera, e acompanhado de seminaristas, de irmãs do Imaculado Coração de Maria, que estavam em retiro, e também de membros do povo de Vale Vêneto.
A oração de encomendação na igreja foi feita pelo Pe. Valdir Bisognin e a bênção do túmulo pelo pároco local, Pe. Pedro Clair Wegmann.