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Notícias

01/10/2024 - Notícias

Domingo Missionário Palotino - 6 de Outubro de 2024: Todos Somos Palotinos Missionários!

Caros irmãos e irmãs, consagrados e leigos... todos palotinos missionários!

Quando falamos sobre missão ou quando apenas recordamos a palavra em nossa mente, subitamente pensamos em movimento. A palavra missão é quase sinônimo de ir, de andar, de mover-se. Um missionário, uma missionária é aquela pessoa que vai, sempre obediente ao Mandato missionário de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela não se enraíza e precisa sempre ir, batendo à porta, entrando, encontrando-se com as pessoas, fazendo refeição com elas, testemunhando, anunciando, despedindo-se e indo... E de novo, o missionário vai, bate à porta, entra, encontra-se, bebe um copo de água, testemunha, anuncia, despede-se e ... vai, anda, caminha! Missão é ir. Missão é sempre partir.

Mas não é apenas um movimento em si, porque é mais amplo: este constante ir é um estado de espírito! O missionário é um que se desinstala, faz o movimento de sair de si para encontrar-se com o outro, conviver, acolher, criar relações entre si e favorecer aquela importante relação entre o outro e Nosso Senhor Jesus Cristo e depois, retirar-se e partir... Para de novo, anunciar e testemunhar nas relações o anúncio do Evangelho no mundo.

O Santo Padre Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2024 inspirou-se naquela parábola evangélica do banquete nupcial e deixou palavras e ensinamentos muito interessantes para a vida e a missão.

 A parábola que inspirou o Santo Papa diz que os convidados recusaram o convite do rei – verdadeiro protagonista da narração – ao banquete nupcial de seu filho e por isso, ele envia os seus servos pelas estradas e ruas da cidade, pelas saídas dos caminhos, para encontrar as pessoas e convidá-las para a festa. Todos seriam, então, os seus convidados!

Assim, o Papa Francisco medita e escreve a sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões em torno de duas ‘ações’, de um ‘a quem’ e de um ‘para que’:

 As duas ações são, segundo ele, o núcleo da missão: ir e convidar. A missão é ida incansável. É, como Igreja, ultrapassar todo e qualquer limite, sair incessantemente sem se cansar e nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor, que é a de convidar todos ao Banquete do Senhor. Este convite é de grande respeito e gentileza, sem imposição, coerção e nem proselitismo. É um convite revestido de proximidade, compaixão e ternura e que reflete o modo de ser e de agir de Deus.

Ao se referir ao ‘a quem’ foram enviados os servos do rei, o papa nos faz ver que todos, sem distinção, devem ser convidados: ‘a quem encontrardes pelos caminhos, convidai ao banquete’, dizia o rei. E é o mesmo o que diz Nosso Senhor aos missionários enviados a sair pelo mundo afora. Não são aos conhecidos a quem devem ir e convidar... Não! A todos que se encontrar, se deve também fazer o convite! Todos são convidados!

E aqui está o conteúdo do convite. Um convite é sempre para fazer algo; é sempre ‘para que’. O Papa Francisco deixa bem claro em sua mensagem: ir e convidar todos para que participem do banquete nupcial, como uma realidade eucarística! É para que todos façam parte do banquete da Vida Plena; é para que todos se encontrem com o Deus da Vida, seja no sacramento, seja na comunidade, seja nas relações transformadas, onde o amor é a regra das relações.

Ir e convidar todos para que participem do encontro com o Deus da Vida e tenham suas vidas transformadas, e como novos e novas criaturas, construírem o Reino, a Civilização do Amor!

Provavelmente deve existir em todos nós, palotinos e palotinas, aquela curiosidade que busca encontrar nos textos e documentos do magistério, ou ainda em outros textos de teólogos ou não, algo que cintila, como luzes de um reflexo, algumas das intuições de nosso Santo Fundador. É evidente que lemos e estudamos a partir da cultura congregacional que o Santo iniciou e que foi sendo enriquecida por estes longos anos.

E neste ano, a Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2024 escrita pelo Papa Francisco também nos permite encontrar um ponto de contato com algo específico da espiritualidade palotina. E este específico não é o anúncio de um Deus Amor ou a responsabilidade missionária dos fiéis, aspectos tão próprios da espiritualidade de Pallotti e nossa. O ponto de encontro entre este texto do Papa Francisco e a intuição de São Vicente é aquele ‘todos’, tão sublinhado em uma e outra destas obras: TODOS são convidados ao banquete!

Quando o Santo Padre faz referência à decisão do Rei de convidar todos, ele diz em seu texto que “no coração da missão, está escrito: ‘aquele todos’. Sem excluir ninguém. Todos. Por conseguinte, cada uma das nossas missões nasce do Coração de Cristo, para deixar que Ele atraia todos a Si”. Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Ele quer a participação de todos em Sua vida divina. E por isso, qualquer atividade e movimento missionários são para anunciar o Evangelho a todos e para que todos possam encontrar-se com o Seu Amor.

E este ‘todos’ passivo, no sentido de acolhimento do anúncio, torna-se também um ‘todos’ ativo, já que uma vez participantes do banquete do Deus da Vida, cada pessoa transformada pela graça do encontro se torna um discípulo- missionário de Cristo. Todos recebem o anúncio e todos se tornam protagonistas do anúncio! Todos, independente da sua condição social e mesmo moral’, escreve o Santo Padre. E escrevia já São Vicente Pallotti, em 1835, que ‘Todos, grandes e pequenos, formados, estudantes, operários, ricos e pobres, padres, leigos, religiosos e seculares, comerciantes e

empresários, funcionários, artistas e artesãos, comunidades e indivíduos, cada qual no seu próprio estado, na própria condição, de acordo com os próprios dons, podem dedicar-se às obras do Apostolado Católico para reavivar a fé, reascender a caridade e propagá-las em todos o mundo’!

A missão para todos requer a participação de todos. Se a missão é ir e convidar todos à festa do Senhor, todos precisam missionar. Todos se tornam apóstolos. Todos são missionários. A missão não se faz sozinho. É necessária a colaboração de todos. É necessária a participação de todos os sujeitos eclesiais. Todos!

Testemunho Missionário

 Pe. Tommy Ryan, SAC foi ordenado sacerdote em 1974 e trabalha na África Oriental desde 1985. É o fundador do Centro de Reabilitação Siuyu, em Siuyu, na Diocese de Singida, Tanzânia. Ele dirige o Centro junto com a Irmã Rosemary Omboy, SAC, das Irmãs Missionárias Palotinas e outras Irmãs da Província na África Oriental. Trabalham junto com um grupo muito comprometido de leigos da União do Apostolado Católico.

O seu testemunho nos ajuda a compreender a amplitude deste TODOS a que se referem tanto o Santo Fundador em sua intuição apostólica, quanto o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2024. Deixe-se impressionar por estas breves palavras:

 Há quase 40 anos trabalho em várias áreas da África Oriental. E, especialmente nos últimos 30 anos, em vários lugares, senti-me especialmente próximo das pessoas com deficiência, mas foi somente nos últimos 18 anos que me dediquei em tempo integral às pessoas com deficiência. Normalmente, vemos a deficiência como algo negativo, mas, em alguns casos, ela pode ser uma bênção. Esse, sem dúvida, tem sido o meu caso. Até 30 anos atrás, eu andava sem bengala. Depois, com uma bengala, mais tarde com duas e, após alguns anos, com um auxílio para caminhar e agora uso uma cadeira de rodas. Mas não tenho dores, portanto não posso me queixar. Meu diagnóstico é uma fraqueza nas pernas decorrente de um distúrbio do sistema nervoso. Vivendo em um Centro com algumas crianças que usam cadeiras de rodas e não têm esperança de andar, e vendo como elas são felizes, quem sou eu para reclamar? E enquanto eu estou nos estágios finais da vida aqui na Terra, eles estão no começo.

Esse é um centro para crianças com deficiência em idade escolar primária, administrado pela UAC (Família Palotina). Em geral, há entre 35 e 40 crianças, das quais cerca de 85% têm deficiência intelectual, sendo que algumas são leves, outras médias e outras mais graves. Atualmente, há seis crianças aqui que têm apenas deficiência física e estudam na escola primária do governo local em classes regulares. Todas as outras crianças aqui no Centro frequentam a escola primária local todos os dias, mas em classes especiais e com professores especiais.

Essas crianças precisam ser incluídas em nossa sociedade e precisam se sentir incluídas, pois é delas que o Papa Francisco fala quando diz que devemos estar prontos para incluir todos. Elas têm muito a oferecer à comunidade. Deus não criou pessoas inúteis. Quando Jesus tomou as criancinhas em seus braços e as abençoou, talvez uma ou mais delas fossem deficientes intelectuais ou físicas?

Conviver com essas crianças é uma verdadeira bênção, que poucos têm o privilégio de experimentar. As pessoas que nos visitam costumam dizer: Você precisa ter muita paciência e muita compaixão para conviver com essas crianças. Mas, de fato, é propriamente o contrário! É estando com essas crianças que você pode facilmente experimentar a alegria do Evangelho, da qual o Papa Francisco fala com tanta frequência. Aqui é um lugar muito feliz. Estas crianças ficam muito felizes com as pequenas coisas. Elas nos ensinam como devemos apreciar as pequenas coisas ao nosso redor. Como estão prontas a ajudar uns aos outros ... acho que em todos esses anos nunca vi uma criança se recusar a empurrar outra que dependesse de uma cadeira de rodas. Até comigo, às vezes, existe uma competição para ver quem empurra a minha cadeira de rodas!

Sinto-me realmente abençoado!

 PadreTommyRyan,SAC

 Ação Concreta 

No território paroquial a qual você pertence, identificar aqueles grupos de pessoas que estão distantes do Banquete da Vida e convidá-los à vida comunitária, para reacender neles, além da fé e da caridade, aquela esperança firme e forte que faz já experimentar a vida nova cristã.

“Para  aqueles  que  não  contam  nada:  coragem!  Deus  não  faz  graduações  ou  classificações.  Ele  nem  sempre  se  deixa encantar por aqueles que sabem falar melhor. Ele não dá precedência ao canto gregoriano que ressoa nas igrejas por sobre

os suspiros dignos dos pobres. Também, não se deixa seduzir pelo aroma do incenso, tanto quanto se dá conta do fedor que sobe das masmorras da história... Desejo me dirigir a vocês porque estou convencido de que a renovação espiritual só pode começar com aqueles que não contam nada...

Se conseguirem se libertar da resignação; se confiarem mais na solidariedade; se romperem com o estilo pernicioso do 'a culpa é dos outros'; se não venderem sua dignidade por um prato de lentilhas; se forem tenazes o suficiente para exercer força constante sobre aqueles que os dirigem; se provocarem os fiéis de Cristo a se colocarem ao seu lado, não demorará muito para vermos os sinais da ressurreição.

E novos tempos virão também para a Igreja. Nossa existência não é inútil. Nossa dor alimenta a economia submersa da graça o sofrimento sustenta espiritualmente o mundo. Da mesma forma que a paixão de Jesus sustenta o caminho do

universo em direção à meta do Reino ”.

Servo de Deus Dom Tonino Bello,

 Bispo de Molfetta-Ruvo di Puglia-Giovinazzo-Terlizzi, Itália.

Conclusão

A mesa está posta. O banquete está preparado. As núpcias do Cordeiro já estão à disposição. È preciso ir e convidar para este banquete da vida. E é necessário convidar todos que encontrar pelo caminho.

Todos, sem distinção... mas, de forma mais urgente, aqueles que menos são lembrados e incluídos em nossas estreitas mesas.

Unindo forças, como família palotina, não seria possível realizar obras missionárias mais audaciosas e que rompem com aquele típico ‘sempre-foi-assim’ou o aquele outro típico ‘o que se faz já está bom’!?

Pelo Conselho Geral de nossas Congregações, nós, responsáveis pela Animação, Conscientização e Ação Missionária em nossas comunidades, desejamos um fecundo mês missionário!

Ir. Venícia Meurer CSAC– Congregação das Irmãs do Apostolado Católico

Ir. Malgorzata Wyrodek SAC– Irmãs Missionárias do Apostolado Católico

Pe. Daniel Luz Rocchetti SAC– Sociedade do Apostolado Católico

Roma, Itália