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Ir. Pedro Benno Krein (1914-1993)

Considerando-me o confrade que mais tempo conviveu como o Ir. Pedro Benno, esse seu nome de registro público, foram mais de 50 anos, recordo aos confrades fatos de sua vida, que guardo com admiração e estímulo da grandeza desse querido confrade. É conhecido que, nascido a 19 de junho de 1914, em Ibirubá (RS) e falecido a 31 de maio, pp. em Santa Maria, faltavam apenas 20 dias para que ele completasse 79 anos.
Tinha seu modo particular, peculiar e secreto de comunicar com Deus e o próximo. O que transparecia era um homem disciplinado, austero, econômico, perfeccionista em tudo que fazia, fidelíssimo ao dever e à vocação religiosa; mas, também, porque austero e exigente consigo, era também, para com os outros.
Cultivava o silêncio em sua vida particular. Tinha hora de excelente diálogo, conversas de nível elevado e divertido, até às vezes. Ficava desapontado, mudo e sem graça, quando alguém contava histórias ou piadas de baixo nível. Omitindo local e outros trabalhos por ele desenvolvidos, recordei o local, creio, que lhe foi mais duro, onde possivelmente também ele sofreu por seu caráter e pela espinhosidade de ofício, que foi no Patronato.
Como linotipista, durante 22 anos, impressor da velha “Europa” – grande como um trem, vagarosa como como boi de coice, encarregado da parte elétrica da Gráfica, mecânico e eletricista da casa, dos poços artesianos, tinha o dia mais cheio do que fusca com 15 pessoas dentro! Para contrabalançar seu desgaste físico, empregava horas e às vezes nos feriados no lazer, descarregando as tensões, caminhando pelos campos, matos, caçando, poucas vezes, pescando muitas e no fim do dia, voltava alegre e disposto a recomeçar a luta de sua marcada dedicação.
Formávamos no Patronato, uma Comunidade de irmãos e padres e nos reuníamos, uma vez por semana, para uma palestra, ou conferência espiritual, que nos animava e dava sentido à nossa vida de consagrados. Éramos fiéis às Orações do Manual da Sociedade e nisso, o Ir. Beno sempre foi modelo e exemplo de pontualidade e fidelidade.
Nos últimos anos de sua vida Ir Beno sentiu a limitação de sua saúde física. Reduzida a visão a um olho só, com reumatismos nas pernas, amiúde azia estomacal, fazia conteúdo de sua natureza e consciência de sua caminhada, no tempo, que se aproximava do fim.
Recordo que no Domingo de Ramos, deste 1993, tivemos a Visita Pastoral, de D. J. Ivo à nossa Paróquia de Vale Vêneto, com a imagem de N. Sra. Medianeira. Chamou-me à atenção a extraordinária importância que Ir. Beno deu a este acontecimento. Vi-o frequentes vezes sozinho rezando diante da Imagem e depois falava com alegria e saudade da primeira consagração do grupo de Seminaristas, que haviam feito à Medianeira, grupo do qual ele fez parte!
Dia 04 de maio, sentindo-se mal, após o almoço, sem voz e sem poder caminhar, foi levado às pressas ao médico e hospitalizado em Santa Maria. 10 dias após, foi transferido, tendo dado alta, ao Patronato, local mais próximo para caso de emergência. Para melhor ser atendido, com Enfermeira permanente, foi montada uma enfermaria, onde os pacientes eram Pe. Artur, há mais de ano acamado, e Ir. Beno. Com o passar de uns dias, o estado de saúde do Ir. Beno se foi agravando e transferido novamente ao Hospital de Caridade, onde veio a falecer.
Ir. Isidoro J. Dalmolin, SAC
Ir. Beno entrou no Seminário de V. Vêneto em 1926. Fez os estudos ginasiais no Seminário Diocesano de S. Maria, (1926-1931). Em 1932 fez Noviciado em V. Vêneto, seguindo depois para S. Leopoldo, onde fez a Filosofia. Quando começou a Teologia, decidiu ser Irmão Palotino. Ao terminar os estudos, passou a lecionar no Seminário de V. Vêneto, até fins de 1938. Foi linotipista durante vinte anos (1939-1951), no Patronato, em S. Maria. Depois, por mais de trinta anos trabalhou em nossos seminários, principalmente em V. Vêneto, Colégio Máximo e Palotina. Era um grande amante da música e organista, dedicando-se de modo particular a ensaios de canto coral.