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Padre Domingos Nostro (1881-1925)

Por torrão natal, Pe. Domingos teve a terra do velho mundo. Seu berço natalício é a cidade de Palmi, Província da Calábria, na Itália. Nasceu a 13 de maio de 1881. Desde os tenros anos, conheceu nossa Sociedade, por meio do Pe. Valentim Marino. Mais tarde, o mesmo Pe.Valentim introduziu-o em nossas fileiras. Seus estudos primários, Pe. Domingos fê- los em Roma, no Colégio Apolinare. Em Másio freqüentou os estudos secundários e, por fim, na Universidade Gregoriana de Roma, concluiu os estudos superiores. Feitos os estudos, deveria incorporar-se ao serviço militar. Para livrar-se do quartel, pediu aos Superiores que lhe concedessem embarcar para o Brasil.
Foi ordenado sacerdote na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, em 1907. Cantou sua primeira missa solene na Capela de São Rafael, em Porto Alegro. No mesmo ano de 1907 foi criada a Paróquia de São Luís da Casca, desanexada de Passo Fundo e Guaporé. A nova paróquia teve como primeiro pároco Pe. Agostinho Saraza e como primeiro Cooperador Pe. Domingos Nostro. Desenvolveu, portanto, seus primeiros trabalhos de bom pastor em São Luís, onde permaneceu por três anos como Cooperador. Por breve tempo trabalhou como capelão em Novo Treviso. Seu principal campo de ação, porém, foi o próspero povoado de Arroio Grande de Santa Maria.
Arroio Grande foi povoado por colonos italianos, no ano de 1878. Antes dos italianos, porém, estiveram aí colonos alemães e russos, mas devido a doenças e outras contrariedades, desistiram da colonização daquela região. Em 1898 foi criado o Curato São Pedro do Arroio Grande. Em 1910, compreendia a Igreja Matriz e quatro capelas, contando com quinhentas famílias. Foi neste ano de 1910 que Pe. Domingos foi nomeado Cura de Arroio Grande, sendo transferido de São Luís da Casca para esta localidade. Encontrou ai igreja nova, mas aumentou-a e mandou erigir três belos altares, buscando em Roma as estátuas pra ornamentá-los. Durante o seu governo, aumentou o patrimônio da igreja e construiu novas capelas. O Curato foi elevado a Paróquia em 1919. Inúmeras são as realizações feitas por Pe. Domingos, em Arroio Grande. Desde o início de seu apostolado, fundou a Ordem Terceira de São Francisco, a Confraria do SSmo. Sacramento e outras pias associações.
Durante as longas noites de inverno, dava aulas, no salão paroquial, à juventude de Arroio Grande. Era orador de mão cheia. Seus sermões, segundo testemunha da época, eram cheios de calor e veemência. Grande catequista. Sacerdote extraordinariamente simpático e muito querido do povo. Falava elegantemente a língua italiana, e nesta língua pregava aos imigrantes. (Era a época em que se falava o italiano.) “Gostava de contar histórias e anedotas. Era de seu gosto trajar à gaúcho e montar cavalo fogoso. Sacerdote de vida exemplar, trabalhador incansável” (Pe. Pedro L. Bottari).
Pe. Domingos gastou uma vida forte em bem das almas, seus filhos queridos. De gota em gota foi derramando sua vida como orvalho divino nas almas de seus paroquianos.
Atacado de tuberculose na laringe, foi, pouco a pouco, esgotando uma vida prenhe de heroísmo. Tentou todos os recursos médicos, inclusive em Buenos Aires, mas tudo em vão. Em abril de 1925 foi transferido para Silveira Martins e deixado aos cuidados do Pe. Antônio Bombassaro. Pe. Domingos faleceu rodeado de seus familiares, coirmãos e amigos, em Silveira Martins, a 04 de maio de 1925. Foi sepultado no cemitério de Arroio Grande. Seus familiares, por ocasião da morte, vieram de Buenos Aires, onde residiam (mãe e irmãos).
Em Arroio Grande trabalhou quinze anos. Exerceu o ministério divino por dezoito anos. Faleceu com 44 anos de idade. Na igreja matriz de Arroio Grande o povo o recorda ainda hoje com o epitáfio: “Al Pe. Domenico Nostro, nato a Palmi, Calabria, Parroco di Arroio Grande, i parrochiani riconosciuti posero”
Pe. Francisco Bianchin, SAC