Av. N. S. das Dores, 903 - Santa Maria - RS

(55) 3025-2277

(55) 3025-2266

Notícias

27/06/2024 - In Memoriam

Padre Pedro Luiz Trevisan (1924-2018)


1.  INTRODUÇÃO

Neste mundo de contrastes marcantes, que se encanta pelos grandes e despreza os pequenos, o que passa despercebido pelos homens, torna-se encanto para Deus. Assim foi a vida e a missão do Pe. Pedro Luiz Trevisan, carinhosamente chamado de Pe. Luizinho, despercebido aos olhos dos espetáculos humanos, mas repleto da atenção de Deus que o santificou, amparou e fez com que ele se tornasse um homem feliz pelo simples fato de comungar com Cristo do mesmo sacerdócio.

 

2.  FAMÍLIA

Padre Pedro Luiz Trevisan nasceu no dia 31 de outubro de 1924, em Santa Maria (RS), sendo batizado no dia 10 de dezembro do mesmo ano, pelo Pe. Caetano Pagliuca, na Catedral de Santa Maria. Filho de José Trevisan, que era comerciante, e Ida Luiza Barzoni, dedicada à família e à casa, Padre Luizinho teve oito irmãos, cinco homens e três mulheres, todos educados na fé católica a partir de uma vida intensa de oração, de caridade e piedade, visível tanto na participação na vida da Igreja quanto no modo de ser de seus pais. Na casa do senhor José e da dona Ida, a fé ocupava o centro da vida familiar de tal modo que foram agraciados com dois filhos presbíteros, o Pe. Luizinho e o Pe. Orestes Paulo que pertencia ao clero diocesano. Aliás, o serviço à Igreja sempre marcou a família Trevisan, prova disso são os três tios do Pe. Luizinho que também eram Padres: PP. Fioravante, Celestino e Máximo.

 

3.  SEMINÁRIO, FORMAÇÃO E ORDENAÇÃO

A partir da fé recebida e ensinada pelos seus pais, do testemunho dos seus tios Padres e do convívio com seu irmão Orestes Paulo, o menino Pedro Luiz, com apenas 10 anos de idade, ingressou no Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto, em fevereiro de 1935. Em 1936, concluiu seu curso primário em Augusto Pestana (RS). De 1937 a 1940, cursou o ginasial em Vale Vêneto. Em 1941, estudou no seminário São José, em Santa Maria, e em 1942, retornou à Vale Vêneto, onde concluiu o curso ginasial. Já no ano de 1943, ingressou no noviciado em São João do Polêsine. De 1944 a 1946, Pe. Luizinho realizou o curso de Filosofia ainda em São João do Polêsine. Nesse período proferiu pela primeira vez sua consagração religiosa na Sociedade do Apostolado Católico no dia 2 de fevereiro de 1945, que se tornaria uma consagração perpétua no dia 2 de fevereiro de 1948.

 No ano de 1947, ele foi professor estagiário no seminário de Vale Vêneto. Nos anos de 1948 a 1951, realizou o curso de Teologia também em São João do Polêsine. Mas, ainda em 1950, Pedro Luiz recebeu o ministério do subdiaconato no dia 28 de outubro, sendo ordenado diácono no dia 3 de dezembro. No dia 24 de dezembro do mesmo ano, foi ordenado presbítero pela imposição das mãos e oração consecratória de Dom Antônio Reis, bispo da diocese de Santa Maria, na paróquia São João Batista, em São João do Polêsine (RS). Fato interessante aconteceu em sua primeira missa como Padre, celebrada no dia 25 de dezembro de 1950, pois serviram o altar seu irmão, então diácono, Orestes Paulo, e seu tio Máximo Trevisan, na época subdiácono, e o pregador da missa foi o seu tio Pe. Celestino Trevisan.

Em 1951, já padre e ainda estudante de teologia, Pe. Luizinho trabalhou no Seminário Maior de São João do Polêsine como catequista. Para ele o tempo da formação foi marcante principalmente pela fraternidade vivida no seminário e a alegria contagiante dos vocacionados. Padre Luizinho tinha muito apreço pela música clássica, tanto que um de seus encantos era o coral formado pelos seminaristas. Além disso, ele gostava muito de ler sobre a vida dos santos, gosto que ajudou-lhe muito a viver a vida de forma piedosa principalmente as adversidades do tempo. Em todos os sofrimentos, à semelhança dos santos que lia, ele oferecia tudo como oferenda agradável a Deus pela expiação dos pecados da humanidade e para que aumentasse o número dos operários da messe do Senhor. E em tudo isso, Pe. Luizinho foi acompanhado pela intercessão de Nossa Senhora de que sempre foi muito devoto e fez questão de propagar essa devoção em todos os lugares nos quais trabalhou.

 

4.  APOSTOLADO

Pe. Luizinho, homem simples e orante, por onde passou deixou o perfume da santidade e a melodia suave de uma vida orquestrada pelo Espírito Santo. Em 1952 recebeu sua primeira missão paroquial como vigário da paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Sobradinho (RS). Em 1955, foi transferido para a paróquia São Marcos, em Novo Treviso (RS). Entre novembro 1955 e julho de 1963, foi vigário paroquial da paróquia São João Batista, em Santo Augusto (RS). Em seguida, no final do ano de 1963, foi ao Estado do Paraná onde se tornou vigário das paróquias de Guaíra, Palotina, Iporã, Campo Mourão e Terra Roxa, ficando na região até 1969. Nos meses de agosto a dezembro de 1969, Pe. Luizinho colaborou na Paróquia Rainha dos Apóstolos, em Vicentina (MS). Já no ano de 1970, foi para o Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria, realizar um curso de atualização teológica e pastoral. Nos anos de 1970 a 1975, retornou à paroquia de Terra Roxa (PR), sendo que em fevereiro de 1976 foi nomeado capelão do Hospital de Caridade, em Santa Maira, função que ocupou até 1979. De 1979 a 1989, Pe. Luizinho residiu em Porto Alegre (RS), e trabalhou na paróquia Nossa Senhora de Fátima. Entre 1989 e 1997, exerceu seu ministério sacerdotal como vigário na paróquia São Roque, em Faxinal do Soturno (RS). No ano de 2000, em que completou 50 anos de ordenação presbiteral, Pe. Luizinho trabalhava em Campo Novo (RS), na paróquia São Sebastião, onde estava desde 1997. No ano de 2002, Pe. Luizinho voltou a exercer o serviço de Capelão Hospitalar em Cachoeira do Sul (RS). No ano de 2004, passou a residir no Seminário Menor em Vale Vêneto (RS), onde ficou até o ano de 2011. Em 2012, mudou-se para a Comunidade Local Pe. Caetano Pagliuca, em Santa Maria e ali permaneceu até o dia de sua morte.

Nos últimos anos de sua vida terrena, Pe. Luizinho cultivou a oração e a espiritualidade. Era muito comum vê-lo rezando, principalmente pelas vocações. Sua presença silenciosa era endossada pelo seu semblante sereno, sua voz calma e seu jeito cativante de se relacionar. Em 2000, quando entrevistado pela revista Informações Palotinas, por ocasião do seu jubileu de ordenação presbiteral, Pe. Luizinho disse que suas maiores alegrias eram: ter batizado o Paulo Höring que se tornou padre Palotino; ter sido professor na Escola Estadual de Terra Roxa, e ter participado da celebração das bodas de seus pais, sendo que as bodas de 60 anos de matrimônio estavam presentes os dois filhos padres do casal.

 

5.  ENFERMIDADE E MORTE

No dia 6 de junho deste ano, à noite, Pe. Luizinho foi internado no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria (RS). O quadro era bastante grave. Ele apresentou baixo número de plaquetas, infecção urinária e função hepática debilitada. O quadro se agravou e ele não resistiu. Depois desse período de enfermidade, aos 93 anos de idade, com 73 anos de vida consagrada e 67 anos de vida presbiteral, Pe. Pedro Luiz Trevisan, no dia 27 de junho de 2018, foi encontrar- se com o Senhor e agora recebe Dele a recompensa de um fiel dispensador dos sagrados mistérios. Uma vida de oração pode passar despercebida e oculta aos olhos do mundo, mas sempre será agradável e encantadora aos olhos de Deus.

E agora esse nosso irmão, que aqui na terra rezou tanto pelas vocações, será nosso fiel intercessor no céu. A nós, ele deixou a seguinte mensagem: “Desejo aos meus irmãos de comunidade que perseverem no ministério sacerdotal e se dediquem de corpo e alma à evangelização, à oração, à sagrada liturgia e aos serviços fraternos para a maior glória de Deus, o bem da Igreja e a salvação de todos os cristãos. Digo e repito a todos os presbíteros: Vale a pena ser Padre” (Informações Palotinas, 200, p. 45).



6.  SEPULTAMENTO

No dia 28 de junho houve duas missas de despedida do Pe. Luizinho, ambas realizadas na capela da Comunidade Local Pe. Caetano Pagliuca, em Santa Maria (RS). A primeira missa foi presidida pelo seu primo Pe. Lauro Trevisan e a segunda pelo Reitor Provincial Pe. Clesio Facco, que também fez a oração de despedida. Logo após foi levado para o cemitério dos padres e irmãos palotinos em Vale Vêneto, onde foi sepultado. Dai-lhe Senhor o repouso eterno e brilhe para o Pe. Pedro Luiz a Luz que não se apaga!

“Para sempre em nosso coração!!! Pe. Pedro Luiz Trevisan, Pe. Luizinho ou tio Luizinho para seus familiares. Um homem simples, humilde, mas grandioso na sua maneira de viver. Dedicou a maioria de seus 93 anos à vocação religiosa, através da qual buscou no exemplo de Cristo, o caminho da paz, do amor e da caridade.

Tive o privilégio de conviver mais de perto com ele quando veio morar na Comunidade Pe. Caetano Pagliuca, no Patronato. Fiquei sabendo do seu gosto pela leitura, pelas palavras cruzadas que preenchia todos os dias no jornal e pelo enorme conhecimento da vida dos santos. Entre uma conversa e outra, quando surgia o assunto de qual era o santo do dia, todos falavam “pergunta para o Pe. Luizinho que ele sabe” e em segundos saia a sua resposta e se percebesse o interesse, ficaria feliz em contar toda a vida do santo. Pe. Luizinho era um homem disciplinado, rigoroso nos seus deveres religiosos, às vezes teimoso quando se tratava da sua saúde. Alheio aos assuntos mundanos, eu o via como um homem puro de coração e de alma.

Ele já não está mais entre nós. No momento que partiu, tenho certeza, todas as portas do céu se abriram e ele foi morar junto de Deus. Fica para nós familiares e para todas as pessoas que conviveram com ele a lembrança e o exemplo de vida baseada na oração, na fé, na paz que transmitia e na pureza de sentimentos.” Marta Inez Trevisan (Sobrinha).

 

Pe. Wellington Carvalho Macedo, SAC