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Padre João Barbisan (1879-1924)

Pe. João Barbisan, filho de Vicente Barbisan, nasceu em 1879, em Montebelluna, na Itália. Ainda criança, emigrou com sua família para o Brasil, estabelecendo-se em Caxias do Sul. Sua infância floresceu no ambiente familiar, permeado por amor e piedade, preparando-o para uma vida dedicada a Deus.
Aos 13 anos, sentindo o chamado divino, ingressou no Seminário de Vale Vêneto – RS. Na época, o seminário funcionava na antiga casa paroquial, com capacidade para 15 alunos, sob a direção do Pe. João Vogel. Em 1896, o seminário foi fechado, e seus alunos foram transferidos para Tristeza, bairro de Porto Alegre, onde um novo seminário fora inaugurado sob a direção do Pe. Frederico Schwinn. Durante sete anos, Pe. Barbisan completou ali seus estudos de Filosofia e Teologia, destacando-se pela inteligência e pelo zelo na oração.
Foi ordenado sacerdote em 26 de julho de 1902, em Porto Alegre, pelo bispo Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leão. Seu primeiro campo de missão foi Passo Fundo, onde permaneceu, com breve interrupção, de 1902 a 1921. Entre abril de 1918 e abril de 1919, substituiu o Pe. Burmann como pároco de Nova Palma, uma vez que este, sendo alemão, precisou ser transferido devido à guerra entre Brasil e Alemanha.
Em Passo Fundo, Pe. Barbisan atuou como vigário cooperador, auxiliando os padres Wimmer, Valentim Rumpel e Rafael Iop. A paróquia abrangia 40 capelas e outras tantas comunidades sem templos próprios, totalizando cerca de 90 localidades atendidas por apenas dois sacerdotes. Para melhor dividir a missão, Pe. Barbisan ficou responsável pela parte norte e leste da região, enquanto o pároco, Pe. Rafael Iop, atendia a parte sul e oeste. Suas viagens eram constantes, e raramente os dois sacerdotes se encontravam na sede paroquial. O testemunho de seus colegas o descreve como um sacerdote ativo, zeloso e dedicado à construção da igreja paroquial.
Em 1921, Pe. Barbisan deixou Passo Fundo e foi trabalhar em Montevidéu, na Igreja Nossa Senhora de Lourdes. Sua permanência ali foi breve, não ultrapassando dois anos. Depois, atuou como cooperador em uma paróquia de Tristeza (Porto Alegre), sem registro exato do tempo de serviço. Por fim, transferiu-se para Santa Maria, onde contraiu peste bubônica ou pulmonar durante seu ministério, vindo a falecer no Hospital de Caridade em 24 de março de 1924.
Após sua morte, foi levado ao necrotério sem a presença de sacerdotes ou religiosos. Em meio ao receio da propagação da doença, os enterros eram apressados e vários caixões eram transportados juntos. No trajeto ao cemitério, o caixão de Pe. Barbisan caiu do carro fúnebre e ficou abandonado na estrada. Mais tarde, populares que passaram pelo local perceberam que o falecido era um sacerdote. Reuniram-se, então, para dar-lhe uma sepultura digna, realizando um cortejo religioso.
Assim partiu este grande homem, que dedicou sua vida ao serviço do povo de Deus. Um sacerdote incansável, que enfrentou dificuldades, percorreu longas distâncias e trabalhou sem medir esforços. E, ironicamente, aquele que tanto foi lembrado em vida, quase foi esquecido na morte. Mas a terra não quis retê-lo, pois ele era, verdadeiramente, um homem do céu.
O mártir do dever, Pe. João Barbisan.
Por Theonildo Paganotto