Av. N. S. das Dores, 903 - Santa Maria - RS

(55) 3025-2277

(55) 3025-2266

Notícias

29/04/2025 - In Memoriam

Padre Valdir Alexandre Bisognin (1940-2014)

1.   Introdução

Em pleno tempo pascal, todos fomos surpreendidos pelo Cristo ressuscitado ter levado para a Casa do Pai o Valdir Alexandre Bisognin, pároco na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Terra Roxa (PR). No dia 29 de abril de 2014, às 7h50min, teve "infarto agudo do miocárdio", segundo o atestado do Dr. Athos Mereb Calixto.

O corpo foi velado na igreja matriz e, às 17h, houve celebração eucarística exequial, depois da qual, foi conduzido para Faxinal do Soturno (RS) para a celebração eucarística de todos os seus parentes, amigos e confrades. Era manhã do dia 30. A seguir foi levado para o cemitério palotino em Vale Vêneto, onde foi sepultado. Apresentamos dados e momentos importantes da sua vida cristã sacerdotal.

 2.   Nascimento e formação

Valdir Alexandre Bisognin nasceu em Faxinal do Soturno, no dia 13 de outubro de 1940. Seus pais eram Mateus Bisognin e Dileta (Lídia) Zemolin Bisognin. Valdir é o segundo dentre os quatro filhos do casal: Ocleci Fernando, Valdir Alexandre, Orieta Teresinha e Jaracy Maria. Filho de uma exemplar família cristã e trabalhadora. Ele mesmo, na entrevista por ocasião dos seus 25 anos de ordenação sacerdotal, declarou: "Nossa família sempre cresceu cultivando um grande espírito cristão, pois nossos pais nos criaram num grande respeito e temor a Deus". Ele era sobrinho do Pe. Ângelo Bisognin (1908-1989) e teve várias primas consagradas a Deus como religiosas. Ele confessou que, desde pequeno, tinha especial admiração pelo sacerdócio e, um dia, aceitou o convite de Valdir fez os estudos fundamentais, em Faxinal do Soturno, e, entre 1959 e 1962, os estudos ginasiais no Seminário Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto, e, entre 1963 e 1965, os estudos colegiais em Santa Maria e em Vale Vêneto.

Em 2 de fevereiro de 1966, iniciou o seu noviciado, em Augusto Pestana (RS), sendo seu mestre Pe. Dorvalino Rubin (1921-2009). Considerou ótimo aquele ano para o seu aperfeiçoamento religioso, intelectual e comunitário e também para conhecer mais e melhor São Vicente Pallotti e a sua fundação, a União do Apostolado Católico. Em 2 de fevereiro de 1968, fez a sua primeira consagração a Deus na Sociedade do Apostolado Católico, no Colégio Máximo Palotino, em Santa Maria, e, no mesmo lugar, a perpétua, no dia 9 de outubro de 1974. Entre os 1967 e 1970, fez os seus estudos de filosofia em Santa Maria (RS), na Universidade (UFSM), e nos anos 1970-1974, aqueles de teologia em Santa Maria, no Colégio Máximo Palotino.

No dia 18 de outubro de 1974, no Colégio Máximo Palotino, recebeu a ordenação de diácono, e, no dia 22 de dezembro de 1974, em Faxinal do Soturno, recebeu a ordenação sacerdotal. Quem devia ordená-lo era Dom José Ivo Lorscheiter, bispo de Santa Maria, mas estando ele na Alemanha perdeu o avião e, não encontrando outro para chegar em tempo, Dom Ivo pediu a Dom Paulo Moretto, bispo de Cruz Alta, que realizasse a ordenação sacerdotal do diácono Valdir. Foi uma bonita e inesquecível ordenação. Vinte cinco anos depois, padre Valdir dizia de Dom Paulo Moretto: "Guardo seu carinho de pai e suas palavras de ânimo no dia da minha ordenação. Tenho muito carinho por ele".

Como se via e sentia o jovem padre Valdir, diante do dom recebido, mais tarde ele dizia: "Frente ao serviço sacerdotal me vejo simples, pois o Senhor escolhe e envia para a missão, para servir e não para ser servido. E todo serviço implica doação e muita renúncia. Parece-me que a maneira como as pessoas de hoje gostam e querem ver o serviço sacerdotal não é tanto por belas palavras ou frases de efeito com bastante verniz, mas especialmente com o testemunho da sua própria vida, ou seja, que o ministro transforme em fé viva o que lê, ensine o que crê e procure realizar o que ensina".

3.   Atuação sacerdotal

Pe. Valdir começou o seu trabalho pastoral, na Área Pastoral de Camobi, onde esteve de 1975 até 1977. A respeito daquele trabalho, 25 anos mais tarde, escrevia: "Sinto verdadeira saudade da minha infância sacerdotal. Sim, porque tive a graça de integrar o trabalho pioneiro da área pastoral que abrangia Camobi, Arroio Grande e São João do Polêsine junto com os padres Francisco Bianchin, Remígio Milanesi, Dêncio Ceolin, Mateus Soldera (1921-1986), Francisco Cassol (1916-1989) e Bernardino Trevisan (1923-2011). Foi uma ótima experiência de equipe, comunidade e evangelização. Para mim marcou meu sacerdócio e minha vida. Tenho grande carinho pela comunidade paroquial de Polêsine, pois ali ensaiamos e com sucesso os primeiros passos na organização dos grupos de famílias e CEBs".

De 1978 até 1980, Pe. Valdir esteve no Seminário São Vicente Pallotti, de Palotina (PR), como educador, professor e também como auxiliar na paróquia de Palotina. De 1980 até 1986, esteve como pároco na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Terra Roxa (PR). Nos anos 1987 e 1988, trabalhou como pároco na paróquia Nossa Senhora da Glória, em Glória de Dourados (MS). De 1988 a 1999, foi pároco na paróquia São Roque, em Faxinal do Soturno (RS). De 1999 até 2001, esteve como pároco na paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Francisco Alves (PR), junto com o padre Wendelino Bender (1915-2007), onde celebrou os 25 anos de sua ordenação sacerdotal. Em 2007, retornou para Terra Roxa, com o padre Wendelino, onde esteve até 2007, quando foi transferido para Santa Maria, onde, naquele ano, foi pároco na paróquia Santo Antônio junto com o padre Wendelino Bender que ali faleceu, no dia 26 de junho de 2007. 

No fim de 2007, Pe. Valdir pediu aos seus superiores a sua saída de Santa Maria e, durante os anos de 2008 a 2009, foi pároco em Dona Francisca (RS). Em 2010, foi vigário na paróquia São Luiz Gonzaga, em Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, e, em 2011, retornou para Terra Roxa, onde esteve até o dia 29 de abril de 2014, quando passou para a nova e eterna vida prometida por Jesus Cristo àqueles que acolhem e creem n'Ele.

4.   Velório, celebração e despedida em Terra Roxa (PR)

A respeito do velório e da missa de despedida do falecido padre Valdir Bisognin, podemos ler o que escreveu padre Edgar Xavier Ertl, Superior Provincial, que lá estava presente: "Eu e o Pe. Moacir Piovesan, membro do Conselho Provincial, estávamos em Palotina (PR), naquela manhã do dia 29 de abril de 2014, visitando nossos coirmãos palotinos desta Região do Paraná. Era terça-feira. E no dia seguinte iríamos a Terra Roxa para visitar nossos coirmãos PP. Valdir Bisognin e Milton Munaro. Estes eram os nossos planos e projetos. Mas fomos surpreendidos pelo comunicado do Pe. Milton que o Pe. Valdir acabara de falecer de um fulminante infarto agudo miocárdio, enquanto era assistido pelo seu médico de confiança, em Terra Roxa.

Imediatamente fomos para lá. Na casa paroquial havia muitas pessoas, amparando as senhoras que prestam serviços à paróquia, bem como ao Pe. Milton. O Prefeito Ivan Reis da Silva, o Presidente da Câmara dos Vereadores e outras autoridades estavam aí para colocar-se à disposição, a fim de que o velório e o translado ocorressem dentro das normalidades e com a assistência necessária para tais fins. A Prefeitura decretou Luto Oficial de três dias e encerrou as atividades nos órgãos públicos municipais, às 10h, retornando os trabalhos na quarta-feira, 30 de abril.

Às 10h30min, o corpo do Pe. Valdir chegou à Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida. Já havia no interior da igreja muita gente. Muitas pessoas choraram aos prantos, quando seu caixão foi aberto. Com cânticos, recitação do terço, ladainhas de Nossa Senhora e trechos do Evangelho iam sendo proclamados para aquele momento de dor, mas também de esperança nas promessas de Cristo Ressuscitado. "É o único consolo", me disse uma senhora! A partir das 11h, todos os alunos das escolas foram liberados para participarem do velório. Formaram-se filas para ver o padre morto. Enxerguei muitos estudantes chorando. Era um clima de consternação. Após o almoço, a igreja foi tomada de pessoas. Não havia mais espaços e bancos vazios. Um mar de fiéis. Alguns ônibus trouxeram pessoas das comunidades rurais para participarem do velório.

Às 17h, iniciou-se a Celebração Eucarística. A igreja ainda mais plena. Muita gente. Pelo lado de fora havia pessoas tanto quanto as que estavam dentro. A celebração foi presidida pelo Pe. Hélio Bamberg, Vigário-geral da diocese de Toledo (PR), representando o bispo Dom João Carlos Seneme que estava viajando naquele dia para a Assembleia dos Bispos em Aparecida (SP). Eram 35 padres - palotinos, diocesanos e de outras congregações - religiosas e seminaristas. Pessoas vindas de Francisco Alves, Iporã, Palotina e Cascavel também estiveram presentes à celebração.

No final da missa, houve algumas manifestações pelo falecimento deste confrade. Pe. Milton Munaro falou e agradeceu pela solidariedade recebida neste dia de tristeza para a paróquia.

Também eu falei em nome de todos os padres e irmãos palotinos, agradecendo a presença de tantas pessoas, sacerdotes e pela importância do Pe. Valdir nas atividades pastorais, pelo seu extremado zelo pelas coisas do Reino de Jesus Cristo, pela sua presença nos eventos/atividades de nossa comunidade provincial, inclusive na semana anterior participou do retiro dos coirmãos palotinos do Paraná e do Mato Grosso do Sul, em Iporã (PR).

Quis ainda destacar a identificação que o Pe. Valdir Bisognin tinha com o povo cristão de Terra Roxa. Era a terceira vez que estava a serviço desta paróquia, somando já 15 anos. Tinha uma paixão pelos Grupos de Famílias, pela Igreja que acontecia nos bairros, nas ruas e vilas e na casa das famílias. Seu ministério sacerdotal pautava-se pelos pequenos grupos de reflexão e como lugar ideal para o crescimento na comunhão e na partilha, e através deles poderia acontecer uma autêntica preparação para os sacramentos, inclusive do matrimônio. Ele se inspirava no espírito das primeiras comunidades cristãs, conforme conhecemos pelo Livro dos Atos dos Apóstolos. Obviamente, este modo de ser igreja lhe causou muitas vezes incompreensões e tristeza. Mas ele não desanimava. Tinha coragem e muita disponibilidade para servir às comunidades. Que seu modo de ser nos inspire a termos sempre a missão diante dos olhos e do coração!

Terminada a Eucaristia, seu corpo foi transladado para Faxinal do Soturno (RS). Dois ônibus com 98 pessoas foram acompanhar o corpo de seu pároco, juntamente com o Pe. Milton Munaro. Ao sair da igreja, houve uma expressiva e interminável salva de palmas. As pessoas formaram um cordão humano até à avenida principal da cidade para poderem despedir-se daquele que marcou a vida de tantas pessoas com o seu modo de ser discípulo missionário, segundo o Evangelho e o carisma de São Vicente Pallotti".

5.   Presença e despedida de Faxinal do Soturno (RS)

Nas primeiras horas da manhã do dia 30, chegou a Faxinal do Soturno o corpo do falecido padre Valdir. Uma manhã sem sol e com ameaça de chuva, mas que ficou só na ameaça. O corpo foi colocado na igreja matriz que não conseguiu acolher todas as pessoas vindas não só daquela paróquia, mas também das paróquias vizinhas, especialmente de São João do Polêsine e de Dona Francisca. Muitas pessoas ficaram de pé na igreja e muitas fora. Na igreja, mesmo em pé, estiveram também 98 pessoas da paróquia Nossa Senhora Aparecida de Terra Roxa (PR) que quiseram acompanhar o corpo até o momento final, em Vale Vêneto.

Às 9h30min, foi iniciada a celebração Eucarística de despedida, que contou com a presença de mais de 30 padres e de vários diáconos. Foi presidida pelo Conselheiro Provincial, padre Vanderlei Luiz Cargnin, e fez a homilia o Conselheiro Provincial, padre Egídio Valentim Trevisan, que destacou o seguinte do Pe. Valdir: "Vivendo na liturgia o Tempo Pascal, somos convidados a celebrarmos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, na morte da pessoa humana. Vendo o Pe. Valdir morto, não podemos ficar olhando para o caixão, para a terra que vai receber este corpo, mas precisamos lançar nosso olhar para frente, celebrando a esperança. A pupila dos olhos da atividade pastoral do Pe. Valdir foram as CEB's ou grupos de famílias. Por onde ele passou, priorizou este modo de evangelizar. Gastava tempo preparando o material para os grupos, reunindo os coordenadores para orientações e celebrando nos grupos, inclusive sua última missa foi num grupo, na segunda- feira, dia 28 de abril. Falando de Nossa Senhora, ele dizia que Maria ocupava um lugar especial em sua vida. Ela é para mim a mãe indispensável. A minha vida pessoal e apostólica tem o selo de Maria. Pela minha formação totalmente mariana, Maria ocupa um lugar muito especial na minha vida, é herança de família e da cultura italiana. Tenho uma predileção muito grande pela figura da Mãe, Rainha dos Apóstolos. Sinto uma segurança muito grande sob sua proteção”.

Podemos ainda dizer que a celebração em Faxinal do Soturno foi marcada por muitos cantos e orações e pela ação de graças pela consagração e doação sacerdotal do falecido padre Valdir.

Antes da bênção final, o Prefeito de Faxinal do Soturno sr. Volnei Savegnago e o Presidente do Conselho Paroquial expressaram o seu profundo sentimento e pesar pela partida definitiva do padre Valdir, mas também o seu agradecimento a Deus e a ele pelo seu constante trabalho e doação sacerdotal em favor da paróquia de Faxinal do Soturno. O Prefeito colocou um ônibus à disposição dos que quisessem acompanhar o corpo até Vale Vêneto. Pe. Milton Munaro, companheiro do Pe. Valdir, não conseguiu dizer muitas palavras, mas falou bem com suas emocionadas lágrimas. Uma sobrinha do Pe. Valdir, em nome de toda a família, manifestou seu agradecimento pelo amor, carinho e ajuda humano-espiritual do padre Valdir Bisognin, como, a seguir, podemos ver.

Após a oração e a bênção final do corpo, feita pelo pároco Roque Groth, o corpo foi enviado para o Cemitério Palotino, em Vale Vêneto, onde foi sepultado. Pe. Milton Munaro proferiu a encomendação e a bênção da sepultura. "Dai-lhe, Senhor, a felicidade Eterna! E brilhe para ele a vossa luz!".

6.   Despedida e testemunho da família Bisognin, em Faxinal do Soturno

“PADRE VALDIR ALEXANDRE BISOGNIN. Nosso MANO, nosso TIO, nosso amigo querido, DEDICOU SUA VIDA AO SACER-DÓCIO, A PREGAR A PALAVRA DE DEUS. Foi

exemplo para as comunidades onde atuou. Foi exemplo para nossa família. Sereno, sempre com uma palavra de incentivo, sempre dedicado às pessoas, às famílias, viveu feliz e em plenitude sua vocação.

Nasceu em 13 de outubro de 1944 e foi ordenado padre em 22 de dezembro de 1974. Completaria este ano 70 anos de vida e 40 anos de sacerdócio. Passou por diversas paróquias, entre elas Faxinal do Soturno, Dona Francisca, São João do Polêsine, Santa Maria, Palotina e Terra Roxa. Foi em Terra Roxa, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, onde exercia o sacerdócio, que nosso querido Padre Valdir partiu. E acreditamos, partiu feliz, cumprindo sua missão. Acordou, tomou seu café, abriu a igreja, tomava chimarrão e conversava com os amigos quando passou mal. Quis Deus levá-lo para junto de si.

Nós agradecemos a Deus por sua vida. Nós agradecemos aos Irmãos e Padres Palotinos. Nós agradecemos imensamente à comunidade de Terra Roxa pela acolhida, pela dedicação em vida, e no momento da sua despedida. Nós agradecemos a todas as comunidades e amigos a quem o Padre Valdir serviu. Nós agradecemos à nossa terra, a sua terra, Faxinal do Soturno. Muito obrigado por estarem aqui neste momento de despedida. Obrigado por trazerem conforto à família, na certeza que sua vida foi repleta e feliz, por ter se dedicado a Deus, à Igreja e à comunidade, sempre cultivando amigos, ensinando e dando exemplo de fé.

Para a família fica a saudade da conversa, da torcida pelo Internacional, seu time de coração, das mensagens de carinho, do exemplo, das orações com pedido de intercessão a São Vicente Pallotti e a Rainha dos Apóstolos. Sentiremos saudade dos telefonemas, dos e-mails de aniversário com pedidos de bênçãos e proteção de Nossa Senhora. Sentiremos saudade das palavras de conforto e sabedoria de quem dedicou a vida ao próximo. Padre Valdir, tantas vezes tu acalentaste corações tristes pela perda de um ente querido, pregando teu amor e verdade, tua fé em Cristo.

Como o Senhor nos ensinou: "O Espírito do Senhor, sempre te revestirá, Segura na mão de Deus e vai". Que descanses em paz! Que estejas com tua mãe na Santa Glória, ao lado de Maria! Que Deus te receba em sua infinita bondade para a vida eterna! Temos certeza de que estás com teus amados pais Mateus e Dieta, a quem chamávamos de Lídia, e tua mana Juraci. Nossa saudade, nosso carinho e nossa gratidão Teu mano Oclesi (Nico), tua mana Orieta (Tina) e toda a família Bisognin agradecem: muito obrigado, Padre Valdir! Vai em Paz!".

7.   O que Pe. Valdir disse a respeito da vivência e do exercício do sacerdócio

Pe. Valdir sempre quis viver e trabalhar muito e bem como sacerdote de Jesus Cristo. Quando, em 1999, foi perguntado a respeito da sua vontade de ser sacerdote palotino, ele respondeu: 

"Tenho consciência de que o Senhor me convidou e enviou para sarar os contritos de coração, para ser vista para os cegos, ouvido para os surdos, voz para os sem voz, amigo para os solitários, enfim, ser alguém para o outro, capaz de ajudá-lo na busca da sua realização. É interessante que, depois de 25 anos de padre, sinto que essa razão do ser serviço é uma realidade desafiadora, mas também realizadora. Sinto que isto me ajuda muito no meu sacerdócio, pois exige renovação constante da minha consagração"

De fato, todos os lugares em que ele esteve e trabalhou podem dizer que todo o seu sacerdócio foi um serviço às comunidades, às famílias e às pessoas, especialmente às mais necessitadas, aos doentes e aos pobres. Ele mesmo confessou que, se paróquias exigiram dele muitos sacrifícios, lhe deram também muitas alegrias e satisfações. Na mencionada entrevista, ele mencionava especialmente a paróquia de Camobi em Santa Maria (RS), aquela de Francisco Alves (PR) e aquela de Terra Roxa (PR), onde tinha estado de 1980 a 1986.

 Ao referir-se à paróquia de Francisco Alves, onde estava em 1999, Pe. Valdir escrevia:

"Ao assumir a paróquia de Francisco Alves junto com o bondoso padre Wendelino Bender no dia 7 de março de 1999, vendo aquele mar de gente que veio participar, as manifestações de acolhida, as palavras de esperança que endereçavam, aquele brilho alegre no olhar das pessoas, deu para sentir a dimensão da missão e da responsabilidade na paróquia. Havia uma expectativa muito grande com a nossa presença e esperamos não decepcionar. Porém, já adiantamos, a missão era realmente desafiadora em vista do sistema de pastoral e dos movimentos existentes na paróquia, com seu clima de competição e fisiologismo.

Confesso que não foi nada fácil administrar essa situação, mas também confesso a grande alegria de hoje pelos resultados alcançados no sentido das CEBs e do rosto da nossa paróquia. Apesar de alguns questionamentos ainda, devo dar graças a Deus pela presença na paróquia do Movimento Carismático e do Neo-catecumenal dando esse colorido às CEBs, à Igreja de Jesus Cristo. Creio que um dos grandes frutos já conseguidos na comunidade é a unidade paroquial. Dá para dizer que hoje temos um rosto colorido da paróquia. Por isso posso dizer com alegria, estou me sentindo muito bem neste novo trabalho e grato a Deus e aos colegas por cuidar na formação das lideranças. É uma paróquia muito viva e rica em lideranças".

Pe. Valdir reconhecia com grande alegria alguns grupos que alegraram e enriqueceram seu trabalho sacerdotal. Reconhecia em primeiro lugar, a área de pastoral de Camobi, onde iniciou concretamente a sua missão sacerdotal. Reconhecia que foi uma ótima experiência.

Mencionava o trabalho da pró-várzea, em Terra Roxa, onde junto com Diócles e Onofre conseguiu organizar mais de 100 famílias e tocar um projeto muito ousado com arroz irrigado, lavoura, algodão etc., que resultou na promoção de um dos lugares mais pobres num belo bairro chamado hoje Rainha dos Apóstolos.

Junto com um grupo cristão de Terra Roxa conseguiu salvar um pai de família que com muita dívida estava ameaçando de fugir da cidade ou de suicidar-se. Graças a um grupo de famílias cristãs ativas conseguiu o rateamento e o pagamento da dívida, e assim aquele cristão não precisou fugir e nem se suicidar. Pe. Valdir reconhecia que houve muitos fatos tocantes dentro do seu ministério sacerdotal, mas ele diz que "os mais fortes são no exercício do sacramento da unção dos enfermos. Realmente, o Senhor é maravilhoso e faz prodígios".

8.   Maria na vida e no ministério do Pe. Valdir

Quando o repórter lhe perguntou que lugar ocupava Maria na sua vida e no seu ministério sacerdotal, Pe. Valdir lhe respondeu:

 "Pela minha formação totalmente mariana, Maria ocupa um lugar muito especial na minha vida, é herança de família e da cultura italiana. Tenho uma predileção muito grande pela figura da Mãe, Rainha dos Apóstolos. Sinto uma segurança muito grande sob sua proteção.

Tive também o grande privilégio de conviver com o diácono João Luiz Pozzobon, pois, seguidamente, se hospedava na casa do pai de quem era íntimo amigo. E o seu João, o peregrino da Mãe e Rainha, pela sua vida, era também um grande mariano e divulgador dessa devoção. Ludo somado, ajudou a dar convicção profunda à figura de Maria na vida da gente. E hoje para mim a Mãe indispensável. Na minha vida pessoal apostólica está o selo de Maria".

9.   São Vicente Pallotti para Pe. Valdir Alexandre Bisognin

Na sua entrevista, Pe. Valdir assim falava de São Vicente Pallotti: "Pallotti foi um homem de Deus e um homem do povo. Foi inspirado para fundar uma grande família, a palotina, onde todos pudessem encontrar lugar para desenvolver seus dons e carismas. Foi iluminado também em dar à sua fundação não tanto hierarquia, mas serviços, missão: "Reavivar a fé e reacender a caridade em todo o mundo". Deu testemunho de serviço, desapego, compromisso, solidariedade e partilha. Foi um homem que tinha os olhos compridos e pensava na Igreja do futuro, como muito bem nos confirma o Concílio Vaticano II.

E hoje, ele está a nos dizer que precisamos pensar grande em termos de missão, de vida fraterna, de evangelização e de partilha. Ele quer que a sua fundação seja mais luz e mais sal sem perder o vigor do fermento. O homem Pallotti foi, mas as ideias do grande homem ficaram".

 

Pe. João Baptista Quaini, SAC